quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Williamson IV – Vantagens das organizações face aos mercados

Assim, segundo Williamson, quando estão envolvidos investimentos em activos específicos, dada a incerteza inerente aos contratos e dada a hipótese sobre o oportunismo dos agentes, as transacções realizadas através do mercado acarretam vários tipos de ineficiência económica: (i) as negociações são mais difíceis e as renegociações mais frequentes; (ii) os agentes são incentivados a realizar investimentos que melhoram a sua posição ‘ex-post’ (para não saírem muito prejudicados em caso de quebra de contrato), independentemente dos benefícios desses investimentos para as transacções em causa; (iii) desincentivam-se os investimentos em activos específicos (com prejuízos em termos de eficiência das transacções em causa) pois os agentes envolvidos receiam ser expropriados pela outra parte na eventualidade de uma renegociação; (iv) deterioram-se as condições de confiança entre as partes (aumentando ainda mais os custos contratuais e impedindo a partilha de informação e conhecimentos).

Williamson conclui então que quando os custos das transacções feitas através do mercado são muito elevados, a integração das actividades numa única organização apresenta vantagens claras face à integração através dos mercados. Tais vantagens incluem: (a) o facto de as estruturas de governança existentes nas empresas – nomeadamente, os mecanismos de resolução de conflitos e de partilha de informação – tenderem a ser mais poderosas do que os proporcionados pelo funcionamento dos mercados; (b) a existência de relações duradouras, com transacções repetidas, as quais criam incentivos ao fomento da confiança.

(Continua.)

1 comentário:

Pedro Viana disse...

Um aspecto interessante deste trabalho, que vi mencionado na notícia que saiu no Público a propósito da entrega do "Nobel da Economia", é a demonstração de que, mesmo que fosse verdade que as organizações de direito privado são mais eficientes (numa análise custo/benefício) que as de direito público (o que está longe de provado), há custos elevados associados à (sub)contratação pelo Estado de serviços no sector privado. Custos esses que podem tornar a efectiva privatização dos serviços que o Estado tem a responsabilidade de assegurar à população num "negócio" ruinoso para o Estado (e os contribuintes que o sustentam). São muitos ses que deviam fazer aqueles que dizem governar em nome duma suposta "eficiência" na utilização do dinheiro dos contribuintes pensar duas (ou mais...) vezes no que estão a fazer. De outro modo torna-se claro que esses governantes são na realidade tão movidos por uma ideologia sem fundamento na realidade como aqueles que eles "acusam" desse "pecado".