terça-feira, 15 de maio de 2007

Do Marketing à Economia Moral


Os filmes, como obras de arte que são, podem ter diversos entendimentos. Contudo, penso que este exercício acerta completamente ao lado daquilo que o filme «Ladrões de Bicicletas» pretende representar. Na Itália do pós-guerra, a bicicleta, ao contrário do automóvel, não é sinal de riqueza. Assim, «os socialistas» defenderiam políticas de redistribuição de riqueza que afectassem os realmente ricos e não os esforçadamente «remediados». De qualquer forma, o que o filme pretende focar são, como assinalado aqui, os dilemas trágicos que os indivíduos, em situações como a do António Ricci, têm de enfrentar. A «propriedade privada» está longe de ser um valor absoluto; a bicicleta é um meio, não um fim.

Esta é também a resposta à primeira questão levantada pelo insurgente BZ. Não vejo o crescimento económico como um fim, mas sim como um meio para o progresso social. De que serve o crescimento económico se só uma minoria dele beneficiar?

Quanto à segunda questão, para ser curto e simples: nem os regimes do «socialismo real» eram sistemas igualitários (longe disso!), nem o facto dos E.U.A. deterem taxas de crescimento económico mais altas do que a Suécia faz do primeiro um sítio melhor para se viver. Para uma discussão mais paciente, vale a pena ler este post do Miguel Madeira sobre o assunto.

Finalmente, não tenho qualquer fetiche com a intervenção do Estado na economia. Sei que se vivermos em democracia, esse pode ser um instrumento valioso de controlo e participação democrática na organização da economia. Quanto aos "elefantes brancos": desconfio que sejam mais comuns em regimes ditatoriais e ambos sabemos que não são um exclusivo dos dinheiros públicos.

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