sexta-feira, 25 de maio de 2007

Nuvens negras no horizonte?


Uma das características mais irritantes de alguma esquerda, quando se refere à economia global, é a constante previsão de uma grande depressão (como a de 1929) ao virar de cada esquina da História. Mais inquietante é, contudo, quando as preocupações com o futuro do capitalismo global vêm de fontes insuspeitas de simpatias anti-capitalistas. Esta semana tivemos dois exemplos.

O primeiro vem hoje num excelente dossiê do Diário de Noticias sobre globalização. O professor de Harvard, Jeffry Frieden, alerta para a crescente tensão entre (e dentro) países gerada pelo aumento das desigualdades que a actual globalização neo-liberal encerra. Não é, por isso, difícil fazer o paralelo com o período de forte integração económica internacional (1896-1914) a que se seguiram duas guerras mundiais e uma grande depressão pelo meio.


O segundo exemplo vem do número da The Economist da semana passada, com preocupações mais endógenas ao funcionamento do capitalismo. Num relatório sobre o sector financeiro global, ao mesmo tempo que se dão hossanas à actual pujança dos mercados financeiros, alerta-se, de forma repetida, para os riscos crescentes em que estes se colocam. Na sede da rentabilidade rápida, os bancos de investimento negoceiam com instrumentos cada vez mais complexos, exóticos e sobretudo arriscados. E já sabemos: a moeda é o «sangue» da economia, quando o sistema circulatório (o sector financeiro) entra em colapso, todo o corpo sofre.

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