domingo, 6 de maio de 2007

Economistas de Combate

Esta posta pretende introduzir uma rubrica regular sobre economistas que abordam a economia como ela deve ser: uma ciência histórica, social, política e moral que estuda as instituições e as relações sociais através das quais as pessoas e as sociedades asseguram a provisão dos bens necessários à vida. Uma ciência que procura formular políticas que melhorem a vida da gente comum. Uma ciência, enfim, comprometida com a busca de soluções que proporcionem a tod@s as condições materiais para o seu florescimento humano.

O nosso objectivo é divulgar, de forma breve, economistas que contribuíram, ou contribuem ainda hoje, com o seu trabalho científico e o seu exemplo para este propósito. Economistas cuja importância foi e é tantas vezes inversamente proporcional ao seu reconhecimento académico e público ou à sua influência política.

Economistas que apesar de tudo pertencem ao panteão da profissão (se bem que geralmente ignorados em tempos de «consenso neoliberal») ou economistas irremediavelmente heréticos e por isso desde sempre ostracizados. Economistas que pelas suas escolhas teóricas e políticas geralmente trabalharam ontem e trabalham hoje em condições difíceis. Membros de uma profissão que ainda afecta demasiado tempo e demasiados recursos a tentar transformar a economia numa «ciência natural» para assim melhor disfarçarem os seus compromissos políticos com a promoção da ficção do «mercado livre».

Economistas de combate portanto.

1 comentário:

Gustavo disse...

Apelo: Ladrões de Bicicletas., simplificai-vos sem empobrecer-vos…

Por um "afinamento" didáctico…

Gostava de aproveitar este espaço para fazer um apelo aos "ladrões", simplificai-vos sem empobrecer-vos! Decidi fazer este apelo pois acredito que este blog tem contribuído muito para a reconstrução de um debate pluralista na economia. Acho extremamente pertinentes os posts sobre economistas notórios e alternativos, mas tenho a sensação de que muitas das ideias que nos parecem extremamente "comuns" são novidade para muitos dos potenciais leitores.
Me parece claro que parte significativa do domínio do pensamento neoliberal sobre o ensino e o discurso económico tem como principal força a simplificação de ideias, de forma a construir lugares comuns sobre o comportamento humano. Os passos seguintes: a naturalização de determinados comportamentos e abortar qualquer iniciativa crítica.

Afastar a economia dos não economistas é talvez a maior "conquista" do pensamento "neoliberal".

Neste sentido acho fundamental refundar as bases para a comunicação da economia com o mundo e dos cientistas económicos com os demais cientistas. Despertar os académicos de todas as áreas para impactos que a naturalização do discurso económico dominante tem sobre as suas vidas me parece ser fundamental na "luta das ideias". A ilusão de que os indivíduos "técnicos" podem estar alheios à sociedade dura pouco. Fatalmente todos seremos solicitados a reflectir sobre questões como o aborto, a pena de morte, o João Jardim, o uso de drogas, os critérios para distribuição de bolsas de investigação.
Engenheiros, Físicos, Químicos, Matemáticos… Economistas…

Recupero aqui um pensamento que espero nunca perder de vista…

"Há perguntas a serem feitas insistentemente por todos nós e que nos fazem ver a impossibilidade de estudar por estudar. De estudar descomprometidamente, como se, misteriosamente, de repente, nada tivéssemos que ver com o mundo, um lá fora e distante mundo, alheado de nós e nós dele".
Paulo Freire

Acho que dar o exemplo sempre ajuda a clarificar as ideias…

Então eu diria…
Ao invés de partir do pressuposto de que as pessoas são egoístas e apenas reagem aos incentivos pecuniários (dinheiro), (parece lógico não?).
Prefiro, por exemplo, partir do pressuposto de que as pessoas são altruístas e motivadas por paixões, como parece ser aqui o caso!

Parabéns pelo trabalho!