domingo, 8 de abril de 2012

Rompimentos

A subordinação dos círculos dirigentes franceses a uma direita alemã cada vez mais arrogante, apegada ao seu credo da «democracia em conformidade com o mercado», mina também a soberania popular. A supressão desta hipoteca está no centro do escrutínio em curso. E torna obrigatório que se exponham francamente os termos do debate europeu (...) A breve trecho, será preciso encarar a «desobediência europeia» recomendada por Jean-Luc Mélenchon e outras forças de esquerda. Ou então continuar sem esperança o caminho já encetado (...) Mudar de presidente constitui seguramente a condição para um tal rompimento. Mas nem a história da esquerda no poder nem o desenrolar da actual campanha permitem pensar que essa condição será suficiente.
Serge Halimi

Para conhecer o risco social, o primeiro-ministro só teria de olhar para as medidas que aprova, unívocas e de consequências previsíveis. O território onde são visíveis as suas marcas, porque sempre poupam a riqueza e penalizam os mais frágeis, não é, antes de mais, o dos distritos mas o das classes sociais. Evitar o risco social, não fosse ele tão lucrativo para os neoliberais, seria centrar as políticas de segurança, não na administração interna, mas no direito ao pleno emprego, à saúde, à educação e à segurança social. Seria deixar de impor uma austeridade recessiva a uma sociedade já muito desigual, de baixos salários e protecções sociais.
Sandra Monteiro

O sumário do número de Abril pode ser lido aqui. Do que eu já li, recomendo vivamente o artigo da psiquiatra Manuela Silva - O impacto da crise económica na saúde mental -, que sistematiza algum do mais relevante conhecimento disponível sobre os determinantes sociais da saúde mental, e o do jornalista britânico Owen Jones - Em Portugal, a universidade do consenso- sobre um dos centros produtores do neoliberalismo nacional. Depois de ler o primeiro artigo, muitas das notícias que vamos lendo por aí sobre depressões e suicídios ficam melhor enquadradas. Depois de ler o segundo, confirmamos que os proponentes das utopias liberais reconhecem que estas requerem democracias tuteladas para sair do papel, na melhor das hipóteses, digo eu. Os danos no corpo e na mente de tantos cidadãos são colaterais...

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