sexta-feira, 27 de abril de 2012

Notas


 Ao assistir hoje à comunicação do sociólogo Robert Fishman, lembrei-me deste vídeo, que ilustra de forma simples e muito irreverente alguns dos seus pontos sobre os elementos internos da crise do capitalismo espanhol, da financeirização à bolha imobiliária, passando pela captura de um poder político retintamente neoliberal e que só pensa em desregulamentar ainda mais as relações laborais. De resto, na linha comparativa que é a sua, Fishman destaca pela positiva o País Basco e, no quadro da importância que atribui à política do crédito, as suas “cajas”. Segundo ele, estas eram as mais controladas politicamente e as que registavam menos concorrência, estando divididas por regiões, e foram a que se comportaram de forma mais responsável e funcional, canalizando muito mais crédito para investimentos produtivos. De resto, Fishman argumentou que a desregulamentação laboral só tende a produzir resultados negativos – da maior precariedade à desigualdade, passando por menos acção colectiva a partir de baixo, num sociólogo para quem este último elemento é fundamental numa economia política funcional e que gere emprego – e que para sair da crise a Espanha precisará sempre de mais despesa pública: de investimentos no Estado social a investimentos em I&D ou em políticas industriais. Isto também exige resolver o défice democrático espanhol em que Fishman sempre insiste, a herança infeliz de uma transição para a democracia sem ruptura revolucionária. Fishman acaba sempre por valorizar a economia política do 25 de Abril. É de facto nela que nos temos de inspirar para superar a distopia da desvalorização interna.

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