A imprensa económica seguiu em frente e esqueceu a crise e as suas causas demasiado depressa. Essa rapidez faz com que hoje, quer na Europa, quer nos EUA, se falem das actuais dificuldades como se fossem um fenómeno novo, que apareceu do nada, ignorando que tudo foi criado pela maior crise financeira da história. A imprensa generalista também podia ter feito melhor. Fez um trabalho fraco a expor a narrativa completa e o contexto necessário para perceber o que se passa hoje nos EUA, e nas ruas da Europa, na Grécia, em Portugal, em Espanha. O jornalismo ocidental revela sinais preocupantes de incapacidade de diagnosticar as causas responsáveis pela crise. O jornalismo tem sido desapontadamente reactivo e tem permitido à elite política e mediática que marque a agenda.
As palavras são do jornalista americano Dean Starkman e vêm citadas num interessante trabalho dos jornalistas Rui Peres Jorge e Filipe Pacheco na edição de fim de semana do Jornal de Negócios.
Como se lê no texto, em áreas técnicas como a económica, os jornalistas têm uma responsabilidade acrescida na construção de interpretações sobre a realidade e no questionamento das narrativas dominantes. Na actualidade, o trabalho jornalístico tem uma influência enorme no próprio trabalho académico na área da economia.
Nesta era de crises cujas causas fundamentais são demasiadas vezes esquecidas, não é apenas a profissão de economista que deve questionar o seu trabalho e as suas consequências políticas e sociais.
2 comentários:
A liberdade tem de ser tratada como instrumento de sustentabilidade que é, a ideia de ser mais prolifero a subjugação desse direito só tem espaço quando a abordagem é pouco abrangente ou pouco "cuidada". Os dogmas morais associados ao argumentário que defende o inalienável direito são impactantes mas muito pouco eficazes.
Concordo em absoluto com o post. Aliás, só pessoas coniventes com a política económica dos últimos anos existem para os media. Esses sim, são os economistas! Os outros, mesmo que o sejam, e com mérito redobrado, não têm tempo de antena! Infelizmente, o campo do jornalismo económico está completamente inclinado para um dos lados.
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