sexta-feira, 13 de abril de 2012
Este texto não é sobre Mélenchon
É sobre o artigo do Público sobre o candidato às presidenciais francesas. Bem sei que os jornais estão a viver duramente a crise e que não há dinheiro para correspondentes estrangeiros. Sei também que não há dinheiro para pagar decentemente peças aos jornalistas em "free-lance" que vivem em França. O Público era aquele jornal que tinha uma excelente correspondente em Paris nos anos noventa, Ana Navarro Pedro, mas que agora cobre as eleições pela internet.
Mas o problema nem chega a ser esse. O problema é ter um artigo de uma página sobre Mélenchon em que lemos: 1- "o trotskista Melenchon"; 2- "a esta tendência (do PSF, liderada por Mélenchon) foram assacadas culpas pelo desastre de 2002 - quando Jospin não passou à segunda volta das presidenciais, batido por Jean-Marie Le Pen, então líder da FN." ; 3- "Mélenchon e os seus comícios que o jornal Figaro (tendência próxima do Eliseu) descreve como "semelhantes às grandes missas tele-evangélicas" dos EUA." 4- "Por causa da campanha de Mélenchon pelo não em 2005, não pôde candidatar-se à presidência em 2007 (Hollande liderava então o PS)."
Ou seja, temos um artigo sobre um candidato com um conjunto de mentiras, e leituras, no mínimo, enviesadas - não por acaso, os três jornais citados (Le Parisien, La Croix, Le Figaro) são os jornais mais à direita de França. De resto, pouco explica o dinamismo da campanha: o artigo enuncia três propostas do programa e dá conta dos dotes oratórios do candidato. Até na Internet se faz melhor...
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3 comentários:
Sobre Mélenchon e a sua campanha, tal como ela é.
http://adargumentandum.wordpress.com/
Aliás, a nossa comunicação social tem primado pela ausência de informação sobre as eleições francesas.
O Mélenchon trotskista? Ina bem, entäo o Miterrand afinal também era trotskista! As coisas que um homem aprende!
Mas ainda näo repararam que o Público se está rapidamente a transformar na Fox News portuguesa?
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