Nasci a 22 de agosto de 1977 na Maternidade Daniel de Matos, em Coimbra, fez ontem 48 anos: João Pedro Amaral Cabouco Rodrigues. A minha mãe ia fazer 25 anos e o meu pai 24.
sábado, 23 de agosto de 2025
Confesso que nasci
Nasci a 22 de agosto de 1977 na Maternidade Daniel de Matos, em Coimbra, fez ontem 48 anos: João Pedro Amaral Cabouco Rodrigues. A minha mãe ia fazer 25 anos e o meu pai 24.
sexta-feira, 22 de agosto de 2025
Um plano para acabar com um plano
É um plano. É nacional. É de leitura. Três palavras que os liberais até dizer chega, os do mais liberdade para explorar, menos liberdade para florescer, abominam. Três palavras que Fernando Alexandre e Luís Montenegro odeiam. O obscurantismo desta gente é cada vez mais claro. Para isso, precisam de um plano. Eles têm têm um plano antinacional. Haja, pela nossa parte, iluminismo radical, indissociável de um antifascismo militante.
quinta-feira, 21 de agosto de 2025
Inesgotável?
Quem supunha que a pressão da procura do investimento imobiliário estrangeiro teria desaparecido, com as alterações introduzidas nos regimes dos Vistos Gold e Residente Não Habitual (RNH), tem razões para ficar inquieto. De acordo com o Expresso, «os fundos de investimento portugueses elegíveis para obtenção de Autorização de Residência para Investimento (ARI), ou visto gold, têm visto a procura disparar este ano», com um dos beneficiários (o 3CC Portugal Golden Income Fund), a registar no primeiro semestre um acréscimo no investimento de 1,2M€ para 16,8M€.
De facto, apesar de as alterações sugerirem uma desvinculação do investimento estrangeiro ao setor imobiliário, o efeito gerado no aquecimento da procura (e dos preços) parece manter-se. Como refere ao Expresso Sara Sousa Rebolo, da Prime Legal, «Portugal apresenta-se como um plano B para os norte-americanos que querem não só uma diversificação financeira como uma hipótese de nova residência», acrescentando que o interesse se intensificou após as eleições nos EUA, com «muitas famílias a virem para cá, já com os filhos nas escolas internacionais em Portugal».
Sabemos bem que o investimento imobiliário estrangeiro é apenas uma das novas formas de procura de habitação (a par do turismo e da procura nacional na lógica de investimento especulativo em ativos), que conferem à atual crise uma natureza distinta. Tal como sabemos que o efeito destas procuras na génese da atual crise habitacional, e na constante subida dos preços, continua a ser negligenciado no debate público, insistindo-se na ideia de que tudo se resolve, apenas, com a construção de mais casas e consequente aumento da oferta.
Bastará pensar, contudo - e uma vez reconhecido o efeito de arrastamento dos preços, decorrente do maior poder aquisitivo da procura imobiliária estrangeira -, que estamos perante uma fonte de procura potencialmente inesgotável, até ao eventual e estrepitoso rebentamento de uma bolha. Isto é, uma procura que, a manter-se, revela não só uma significativa capacidade de absorver, direta ou indiretamente, o aumento da construção como, também, de contribuir para manter os preços da habitação em patamares demasiado elevados para os rendimentos das famílias.
Leitura com vistas
A biblioteca de Vila Franca de Xira é um lugar de esperança, de possibilidade de luxo comunal à beira Tejo. As vistas do edifício são para todos e os livros também. Trabalha-se bem ali. E comecei a ler um livro de Sahra Wagenknecht, uma das referências políticas alemãs, oportunamente traduzida por nuestros hermanos: os “arrogantes” ou “presunçosos”.
quarta-feira, 20 de agosto de 2025
Haja fotos, haja memória
Helena Ferro Gouveia faz parte da “escumalha da humanidade”, de que falava um célebre hino da resistência antifascista na Segunda Guerra Mundial. Tem o poder que lhe conferem as ligações à embaixada israelita e a Mário Ferreira, o pirata laboral do Douro que controla a TVI e a CNN.
terça-feira, 19 de agosto de 2025
A única virtude de Trump
Trump tem uma só virtude e é epistémica: revela a realidade do poder, a realidade da vassalagem da elite do poder da UE aos EUA. Isso incomoda muito os euro-liberais, dado que pode levar a urgentes rebeliões anti-imperialistas dos povos dos estados europeus, recusando os indissociáveis militarismo, neoliberalismo e federalismo.
Relações de poder
“Sempre houve influência do poder económico sobre o poder político. Mas nunca foi tão evidente como agora”, informa-nos Augusto Santos Silva em entrevista, tomando como pretexto o seu livro sobre poder, esse bem posicional e relacional por excelência: mais para uns é menos para outros.
Nem sequer é caso para dizer mais vale tarde do que nunca, porque Santos Silva considera a globalização inevitável e porque está a referir-se apenas aos EUA, como se a União Europeia, a do Consenso de Bruxelas-Frankfurt, não fosse um exemplo, tão ou mais acabado, do reconhecido processo de desdemocratização, indissociável da globalização que essa mesma UE promoveu como ninguém. Como se Portugal, em crescente periferização, não fosse um exemplo, com as peculiaridades que são as suas.
No caso português, intelectuais como Santos Silva ainda não estão preparados para reconhecer um facto bruto, porque isso implicaria uma ética da responsabilidade, com a correspondente autocrítica: a subordinação do poder político ao poder económico tem nas privatizações um dos seus principais esteios. Afinal de contas, o PS, onde Santos Silva teve poder nas últimas décadas, privatizou mais do que o PSD.
E que dizer de quem fala de relações de poder cientificamente, mas não fala de luta de classes, a principal relação de poder que se pode cientificamente prever? Falar dessa relação, partindo do caso português e não só, implicaria, por exemplo, analisar a redução dos direitos laborais, correlativa do aumento dos direitos patronais. Estes últimos confundem-se com a inflação dos direitos, com cada vez menos deveres e funções sociais, associados à propriedade privada dos meios de produção.
O incremento da exploração passou por aqui, não é um dado natural, como os intelectuais do P sem S no fundo sabem, ou não tivessem defendido aquelas alterações regressivas na estrutura de direitos e de deveres subjacente às relações laborais.
E que dizer das relações de poder entre Estados, mas também entre Estados e organizações supranacionais, como a UE? Santos Silva teria de analisar a forma como este Estado democrático perdeu poder ao perder instrumentos de política, transferidos para cima, para Bruxelas-Frankfurt, ou simplesmente eliminados, com a crescente irrelevância económica da fronteira política, essa grande regressão económico-política. Fazê-lo implicaria, uma vez mais, falar da responsabilidade do P sem S e, em breve, sem P.
Não, não é questão de pureza ter-se uma visão radical do poder, como parece insinuar no fim. É questão de realismo, incluindo do realismo brutalmente científico.
segunda-feira, 18 de agosto de 2025
Como se o blogue fosse um diário: haja rostos, haja povos
domingo, 17 de agosto de 2025
Como se o blogue fosse um diário: haja vida
Coimbra, 16 de agosto de 2025
Ler
sábado, 16 de agosto de 2025
O que fazer?
O que fazer quando tudo arde? O que escrever quando tudo arde? É fraco consolo saber que está tudo limpo à volta da casa cercada por castanheiros, árvore resistente, árvore protetora. É só um lugar, ainda que seja o nosso lugar familiar, mas e o resto? A Presidente da Câmara Municipal de Penedono, do PSD, denunciou: fomos deixados ao abandono.
sexta-feira, 15 de agosto de 2025
Maquete
Chama-se “Maquette for a monument to the contemplation of the possibility of mending a hole in a sock” [Maquete para um monumento à contemplação da possibilidade de remendar um buraco numa meia] e é da autoria de Jeff Wall, fotógrafo que tem uma retrospetiva no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), junto ao Tejo, em Lisboa. Não há tradução na exposição, ouça.
quinta-feira, 14 de agosto de 2025
A esquerda brâmane em Portugal
quarta-feira, 13 de agosto de 2025
Da falência moral
A Al Jazeera oferece o espelho onde a comunicação social dominante no Atlântico Norte pode mirar a sua falência moral: “nos campos de morte de Gaza, o jornalismo enfrenta a sua hora mais negra”. 238 jornalistas foram assassinados por “Israel” na Palestina.
terça-feira, 12 de agosto de 2025
Descobrir
segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Aposta, fim, começo
Esta fotografia mostra uma idosa de mais de oitenta anos a ser carregada pela polícia para ser presa. Pode ser acusada de terrorismo e condenada a 14 anos de prisão por ter exibido um cartaz numa concentração. Apelava ao fim do genocídio e dizia Palestine Action, nome de uma brava organização. Ontem, a polícia prendeu mais de quinhentas pessoas em Londres, metade com mais de sessenta anos.
domingo, 10 de agosto de 2025
Grande
No seu último livro – The Road to Freedom: Economics and the Good Society –, Joseph Stiglitz, economista social-democrata de matriz neoclássica (“Prémio Nobel” de Economia), refere o grande Antonio Gramsci, mas omite a sua estatura marxista gigantesca.
sábado, 9 de agosto de 2025
Contrariar a corrosão de caráter
sexta-feira, 8 de agosto de 2025
Várias bombas, várias medidas
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
Guerra e paz em Portugal
Escrito em coautoria com Paulo Coimbra o artigo Guerra e paz em Portugal saiu no Le Monde diplomatique de agosto e começa assim, com referências omitidas:
quarta-feira, 6 de agosto de 2025
Um jornal com memória
Todos os números da edição portuguesa do Le Monde Diplomatique, desde o primeiro, de abril de 1999, estão agora acessíveis no sítio Internet do jornal, em exclusivo para os assinantes. São mais de 26 anos, a que se acrescenta sempre o número do mês, com os artigos inéditos publicados online. São já mais de 300 edições completas, mais de 850 mapas e infografias detalhados, mais de 3200 autores de referência, mais de 5300 imagens e obras de arte, mais de 8800 artigos completos. Tudo acessível à leitura online, através de um motor de busca avançado, por temas, palavras-chave, datas, países, personalidades, entre outros. Tudo organizado cronologicamente, por temas e com ligações inteligentes entre eventos, regiões, autores e temas relacionados.
terça-feira, 5 de agosto de 2025
No coração do Douro
Já perdi a conta ao número de vezes que fiz o percurso ferroviário entre o Pinhão e o Pocinho. Não conheço percurso mais belo, parte da linha do Douro que o serviço público de televisão, sempre ameaçado, documentou com realismo, ou seja, com beleza. O serviço público ferroviário também está ameaçado. Tudo o que é decente está sob ameaça do liberalismo até dizer chega.
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
Trabalhadores descartáveis como modelo de desenvolvimento
Nas últimas duas décadas, cada reforma laboral foi apresentada como um passo necessário para tornar a economia portuguesa mais dinâmica e atractiva para o investimento. Para sustentar essa ideia, refere-se muitas vezes um indicador da OCDE sobre a protecção do emprego, onde Portugal surge entre os países com maior grau de protecção.
Mas há coisas que nunca nos dizem sobre esse indicador. Primeiro, ele
refere-se apenas à protecção contra o despedimento individual sem justa causa;
se olharmos antes para a protecção do emprego em geral (que inclui, por
exemplo, os despedimentos colectivos), os valores de Portugal são semelhantes
aos de países como a República Checa, a Letónia ou a Holanda, que são
frequentemente apontados como economias muito competitivas. Segundo, uma coisa
é o que está na lei, outra é o que acontece de facto: a OCDE tem outro
indicador que mede a eficácia da aplicação prática dessas regras, onde Portugal
cai para um distante 16.º lugar. Por fim, os estudos disponíveis não mostram qualquer correlação robusta
entre o grau de protecção no emprego e o desempenho das economias.
É interessante vermos o que pensam sobre isto os investidores estrangeiros que ponderam investir em Portugal. A consultora EY faz essa pergunta todos os
anos no seu Attractiveness Survey (Inquérito à Atractividade). Sabem o que
os executivos responderam no inquérito mais recente, no que respeita à
protecção do emprego? Que, face a outros países concorrentes, “a facilidade de
contratação e despedimento no mercado de trabalho português” é uma das
vantagens do país, sugerindo que “a regulamentação laboral favorece a agilidade
e a adaptabilidade das empresas” (p.36). Não é bem esta história que contam os
partidos de direita, pois não?
Em resumo, o mercado de trabalho português é hoje muito mais flexível do
que alguns sugerem (seria estranho que não fosse, depois de tantas revisões
para o flexibilizar). E não é de todo evidente que as regras actuais
prejudiquem a competitividade da economia nacional.
Mas há duas coisas que sabemos. Primeiro, sempre que se reduz a protecção
dos trabalhadores, seja qual for o impacto económico, degradam-se as condições
de vida de pessoas concretas e, com frequência, transferem-se rendimentos de
quem tem menos para quem tem mais, tornando a sociedade ainda mais desigual.
Segundo, esta obsessão com a liberalização do mercado de trabalho envia um
sinal claro aos investidores sobre o tipo de economia que queremos desenvolver.
Se o objectivo é promover uma economia baseada na inovação, nas qualificações e na elevada produtividade, talvez estes não sejam os melhores incentivos. Um mercado de trabalho que privilegia a flexibilidade total e o despedimento fácil pode ser atractivo para algumas empresas no imediato. Para o conjunto do país, no médio e longo prazo, só favorece a especialização numa economia sem futuro.
O resto do meu texto pode ser lido no Público de hoje, em papel ou online.