segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Tornar possível a esquerda necessária
Com mais ou menos consultas e negociações, Portugal vai ter mais um governo da chamada “esquerda possível”, desta vez sem maioria absoluta. Os líderes do PS (incluindo a sua corrente Opinião Socialista) e os do Bloco de Esquerda tiveram muito tempo para negociar convergências programáticas e políticas que facilitassem uma fórmula de governação bem estruturada, cujos últimos retoques seriam dados nos próximos dias. Mas preferiram deixar tudo na mesma, o que é congruente com as diferenças de visão do mundo, da economia, de valores … que os separam. Estabilidade governativa à esquerda, negociada com seriedade intelectual e política, implicava muito trabalho e humildade quanto baste. Não aconteceu. Não era possível?
Vamos pois ter um governo com frágil apoio parlamentar, ou com apoio político de "geometria variável", ora negociado com o CDS-PP ora com o Bloco de Esquerda e/ou a CDU. Acontece que, com políticas de "geometria variável", não há estratégia de desenvolvimento. Não há futuro decente para o País. Este governo da “esquerda possível” vai ser confrontado com: a drástica redução das receitas fiscais face a um crescimento que vai tardar e, quando aparecer, será anémico; exigências de vários lados para conceder mais apoios sociais para atenuar a crise; exigências de Bruxelas e da finança internacional para que faça mais "reformas estruturais", quer dizer, menos despesa e mais desemprego. Acabará por se deixar entalar numa estratégia de meio-termo, de compromissos desconexos, naquele tipo de estratégia que Michael Porter qualificava "de desastre".
Para os que acreditam que o País tem futuro, talvez ainda se possa escrever direito por linhas tortas. À gravidade da situação financeira do País, à insustentabilidade do nível de desemprego a que se chegará, às divisões que depressa se vão cavar dentro do PS e do BE quanto às políticas a adoptar no imediato, juntar-se-á a pressão das elites de esquerda para que o País encontre uma solução governativa à altura dos desafios dos próximos anos. Porém, essa solução não é possível com o predomínio da "esquerda possível", ela só resultará de uma esquerda "socialista", uma esquerda mais do que nunca "necessária". Se realmente quisermos, a partir de hoje começa a contagem do tempo urgente da sua criação.
Esboço de alguns passos fundamentais:
a) Dentro do PS, os militantes das suas correntes de opinião deveriam elaborar uma reflexão autónoma relativamente aos órgãos do partido e ao governo sobre o que significa ser socialista hoje, e que implicações políticas retiram dessa reflexão. Deveriam também reflectir sobre a qualidade da democracia que praticam internamente;
b) Dentro do Bloco, os militantes e dirigentes deveriam assumir que a tarefa histórica a que se propuseram na última década foi um êxito. Mas também devem reconhecer que esta etapa se está a esgotar. Vão ter de praticar destruição criadora: a de superarem a antinomia “gerir o capitalismo” versus “derrubar o capitalismo”. Trata-se de ir assumindo responsabilidades no governo do capitalismo e, ao mesmo tempo, irem introduzindo elementos de subversão. Fazer o exercício da governação participada e transformadora. Claro que é reformismo, e os frutos das reformas nem sempre se vêm logo. Contudo, será um reformismo tão bem sucedido quanto mais for capaz de ir tornando o nosso capitalismo irreconhecível (e inaceitável) aos olhos dos financeiros. Uma escolha exigente para o BE.
c) Dentro do PCP, dever-se-ia discutir a viabilidade de uma participação naquilo que bem se poderia chamar “refundação da esquerda”. Seria importante obter uma decisão clara do PCP quanto ao seu interesse em discutir as bases programáticas de um novo partido de “esquerda socialista” para o século XXI onde a pluralidade de pontos de vista seja considerada uma riqueza.
d) Fora dos partidos – vários grupos independentes, sobretudo intelectuais, deveriam dar início a uma reflexão programática, bem fundamentada, sobre a estratégia dos socialistas em Portugal e na UE nas próximas décadas. Um primeiro documento, já com algum detalhe, deveria ser objecto de aberta discussão até meados de 2010 com todos os que estivessem interessados.
e) Concluída a redacção do documento programático seria lançado um novo partido que recolheria toda a gente da "esquerda socialista" disposta a fazer algumas rupturas (mais ou menos dolorosas) com o seu percurso político passado. É previsível que muita gente esteja descontente com a actual fragmentação da esquerda mas, pelas mais variadas razões, acabe por não conseguir romper com os respectivos partidos. Contudo, um projecto desta natureza não pode ficar à espera da unanimidade.
O processo de lançamento do novo partido deveria estar concluído a tempo das próximas eleições legislativas que, muito provavelmente, serão eleições intercalares. A meu ver, chegou a hora de tornar possível a esquerda de que o País precisa, a "esquerda necessária". É que o País vota maioritariamente à esquerda mas não está feliz com a representação política que recebe em troca. E tem razão, merece melhor.
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21 comentários:
Caro,
Não tenho receitas, mas tenho uma preocupação muito forte:
1) Existe uma maioria (absoluta) da Esquerda Portuguesa, no parlamento eleito pelo Povo Português.
2) O B.E. defende que tem a responsabilidade por ter acabado com a maioria absoluta do PS.
3) O PS vai precisar de fazer "acordos", para governar.
O B.E. vai assumir as suas responsabilidades, perante o Povo Português e ajudar o PS ou vai empurrar o PS ainda mais para a direita?
O PS vai assumir a responsabilidade de ir governar; O PCP vai assumir a responsabilidade de não pactuar com as "políticas de direita" do PS... o B.E. vai assumir a responsabilidade.... DO QUÊ?
Abraço,
Miguel
REALIDADES
A esquerda é heterogénea! (Quanto à maneira como encara o regime)
O PS é heterogéneo e o eleitorado PS ainda mais!
O PS não terá maioria parlamentar nem com BE, nem com CDU isoladamente!
O PS tem menos deputados que a soma do PSD e CDS!
O PS tem duas "clientelas" antagónicas para satisfazer (Os grupos económicos "colados" ao governo - BES,EDP,BCP,PT, etc - e a pressão social dos grupos sócio-económicos mais frágeis e que não cortaram com o PS)!
O PS tem um contencioso grave com o PR e ainda não é visível como se desenrolará!
O espaço de manobra de Sócrates para negociar com os restantes partidos é reduzido - pela sua personalidade e pela política de "terra queimada" que levou a cabo.
PREVISIVEL
O governo minoritário PS arderá em fogo lento, ou em "banho maria" até próximas eleições, de acordo com as regras constitucionais e o calendário Presidencial.
Haverá eleições legislativas no espaço de 1 ano / ano e meio.
O PSD terá como líder Pedro Passos Coelho (Cavaco fará com Ferreira Leite o que Sampaio fez com Ferro Rodrigues)
A renovação do espaço à esquerda é muito difícil e passará sempre pelo afastamento de Sócrates - enquanto símbolo e factor de entropia - e pelo reequacionar - ou vontade de reequacionar o papel de cada um dos partidos e personalidades dessa área no mundo actual, como diz Jorge Bateira
... por acaso é um dos pensamentos que me inquietam frequentemente:
"O governo minoritário PS arderá em fogo lento, ou em "banho maria" até próximas eleições, de acordo com as regras constitucionais e o calendário Presidencial.
Haverá eleições legislativas no espaço de 1 ano / ano e meio."
...é que no meio de tanta estratégia "política" alguém ainda se lixe ... O Povão, incluindo grande parte dos "mais de 550 mil" que votaram no B.E. ...
Mas uma coisa é certa: O Povão não é parvo!!!... é ingénuo, mas não é parvo!
...lembro-me amiúde do PRD...
A "geometria variável" de que fala não é possível com o BE. PS+BE não têm a maioria dos votos. Teriam que aglutinar, também, os votos do PC, o que não parece viável.
Resta ao PS o apoio (ou abstenção) do CDS e do PSD.
Houve 39,4% de abstenções ontem.
Essa enorme "manada" (mesmo que descontemos os erros dos cadernos eleitorais), que não é de esquerda, está ausente da teses de todos os analistas e também deste post.
A maioria de esquerda é por isso não só heterogenia como ilusória.
Se um dia essa massa amorfa se sentir afectada por um socialismo consequente (ou delirante) e "reentrar no sistema", o país pode dar uma grande volta.
Caro Jorge Bateira, concordo genericamente com a sua análise, mas o "timing" indicado para a constituição legal dum movimento/partido aglutinador da Esquerda (que provavelmente só será possível com a refundação do BE, juntamente com dissidentes "notáveis" de PS e eventualmente do PCP) não me parece viável, nem talvez desejável. Será impossível fazer isso até às próximas eleições presidenciais (pois a Esquerda no PS manter-se-à por lá para assegurar o apoio deste à candidatura presidencial de Manuel Alegre). E, das duas uma, ou há logo a seguir eleições legislativas, provocadas pela maioria relativa PSD+CDS e fruto da incapacidade de entendimento à Esquerda, ou esse entendimento acontece, e passa a ser impossível essa reconfiguração por "falta de necessidade". Na minha opinião, a primeira possibilidade é, infelizmente, a mais provável. Portanto, tal reconfiguração só acontecerá quando fôr evidente em 2011, e depois do PSD retirar o "apoio de emergência" a Sócrates, que a actual direcção do PS é incapaz de fazer cedências significativas nas suas actuais políticas, aproximando-as das preconizadas pelo BE e CDU, preferindo a mais do que previsível derrota do PS em eleições legislativas antecipadas. Essa atitude poderá provocar a rotura que esperamos no interior do PS, mas é bem possível que apenas depois da previsível humilhante derrota do PS nas eleições legislativas antecipadas. Se fôr feita antes, o eleitorado habitual do PS irá culpar os "dissidentes" pela derrota subsequente, tornado-se mais difícil a sua "sedução" pelo novo partido/movimento aglutinador à Esquerda. Mas, como disse no seu post, é preciso fazer um trabalho de "sapa" e de reflexão anterior, para o qual darei com o maior gosto o contributo que puder.
Caro Jorge Bateira:
Leio sempre com com interesse os seus textos e partilho muitas das suas ideias e propostas.
Contudo, parece-me que não estão criadas condições que nos permitam pensar na formação de um novo partido da "esquerda socialista" no curto ou no médio prazo.
Para já, aquilo que é possível e necessário é continuar pacientemente a seguir o caminho que foi iniciado com o comício do Trindade e o Forum da Aula Magna.
Sem deixar que esse debate seja tolhido por dogmatismos, sectarismos e calculismos políticos de curto prazo.
Caro ladrao,
procuras num dado momento do teu post procurar a unidade da esquerda e isso parece-me bem. No entanto, nao acredito que a esquerda saia beneficiada da sua fusao num unico movimento. Bem sei, que a experiencia do Bloco de Esquerda vai no sentido contrário, mas bastar olharmos um pouco ao lado e verificarmos a destruiçao completa da Esquerda espanhola, representada pela Izquierda Unida. Creio que poderiam existir alguns beneficios, inicialmente, nessa fusao - a criaçao de uma frente unitária, que responderia como um bloco unido- mas posteriormente, previa-lhe um futuro pouco risonho. A esquerda portuguesa de que falas e que eu apenas parcialmente reconheço ganha na sua pluralidade de pontos de vista e de modos de agir. Na sua "micro-competiçao" dentro do universo da esquerda, estou convicto que tanto o PCP como o BE dispenderao energias em aproximaçoes cada vez mais criativas de forma a expor as suas propostas e a captar eleitorado e assim, sim, a esquerda crescerá.
Tirem o PS desta história toda. Só está onde há tachos e negociatas. Acham mesmo que o PS vai repensar a sua relação com o socialismo? Em que mundo vivem?
Dá dinheiro? Dá lugares em empresas? Dá acesso mais prolongado ao poder? É isso e só isso que pensa o PS, Manuel Alegre incluído.
Dentro da lógica do texto podemos considerar que:
Direita:
PSD perdeu 6 assentos
CDS ganhou 9 assentos
Esquerda:
PS perdeu 24 assentos
BE ganhou 8 assentos
CDU ganhou 1 assento
A verdade das contas é que o povo deste país se quer uma "viragem", quer um governo à direita e não à esquerda. Além disso, Sócrates sente-se mais à vontade em criar um pacto de governação com o PSD do que com dois "radicais" à esquerda.
Mas tá toda a gente a dormir ou quê ? Não conseguem ver que o PS é Sócrates e Sócrates é um pragmático, não um ideólogo ? Qual convergência à esquerda qual quê ? É a realidade das contas meus caros ...
O menino tem mais facilidade em pactuar com um partido, do que com dois, para exercer a fdp da "governabilidade" ! É só fazer as contas, pragmaticamente ...
A "maioria absoluta da esquerda" é mais pequena hoje do que em 2005 (142 para 127 deputados). Mais contas gente !
Red Pill = "O deserto da realidade"
Já agora tive nas mesas no concelho com mais votação do BE, pelo BE.
Para mim o BE serve como um meio, um meio-termo para um fim. A diluição com o sistema (ex: Die Linke, izquierda unida), se acontecer, será um passo atrás na obtenção do objectivo, do fim. É o sistema que ganha, a diluição da ideologia para o bem do pragmatismo construído pela elite. O perpetuar do sistema. O saber viver em vez do vencer. O se não consegues vence-los junta-te a eles.
Manda mais azuis que eles gostam !
Tinha de vir um anarquista para fazer um qq contacto com o planeta Terra. Chamem-me "Banqueiro" ... não quero saber. Já há muito não quero saber de estereótipos...
Se votar fizesse alguma diferença, já tinha sido proibido ... mais democracia directa ! Mais participação deste povo entretido com telenovelas e mais preocupado com a estética ! Ah ah ah ah
Desculpem o lapso ...
O PSD não perdeu 6 assentos, mas sim ganhou 6 assentos
Adoro as teses de que o BE empurra o PS para à direita, imagine-se...por não ceder às políticas de direita do PS. Confuso? É mesmo esse o objectivo, é tornar um partido responsável pelas políticas de direita levadas a cabo por outro partido.
Gostei de ler o artigo de Jorge Bateira, apesar de achar que o cenário de um novo partido me pareça improvável. Acho que os socialistas saírem do PS era desaproveitar um legado imenso. A convicção e percepção ideológica na maioria dos eleitores ainda é fraca, aliás recordo que os portugueses em 2005 tanto dariam maioria a Ferro Rodrigues como a Sócrates apesar de falarmos de dois cenários bastante distintos. Ou seja, se um elemento do PS à esquerda assumir o cargo de secretário geral as pessoas elegem-no na mesma, porque votam PS sem uma real percepção de que existem algumas clivagens significativas internas no PS.
Mas já agora, gostava de dizer que o BE já superou "a antinomia “gerir o capitalismo” versus “derrubar o capitalismo”". Se não acreditam, basta ler o programa do BE. Todas as reformas do BE se fazem num quadro pleno de alterações legislativas e num quadro de referência de uso das actuais condições para criar um sociedade justa.
Tudo o que o BE defende é mensurável, opinável e passível de ser aplicado sem nenhuma "recapitulação do sistémica". O BE é como um vírus benigno que entra no sistema, e através da alteração das partes consegue a alteração do sistema.
Uma alternativa de esquerda em Portugal? Sejamos lúcidos! A recente campanha eleitoral demonstrou, parafraseando Eduardo Lourenço, que “não há nenhuma Esquerda em Portugal que possa ser sujeito de um projecto político, económico e social com aquele mínimo de coerência e de credibilidade capaz de encarnar duradoiramente uma solução viável para a vida nacional.”
Mas optimista por natureza, quero acreditar que a inteligência, o rigor e o bom senso encontrarão algum dia à Esquerda!
Por enquanto, continuaremos com um política que serve os interesses dos grandes empresários,da banca e, claro, dos amigos que se distribuem pelo chamado centrão.
"Caro Jorge Bateira, concordo genericamente com a sua análise, mas o "timing" indicado para a constituição legal dum movimento/partido aglutinador da Esquerda (que provavelmente só será possível com a refundação do BE, juntamente com dissidentes "notáveis" de PS e eventualmente do PCP) não me parece viável, nem talvez desejável."
Caros Jorge Bateira e Pedro Viana, é exctamente com esse propósito aglutinador que se está a constituir um novo movimento, que ainda não é partido.
Convido-os a visitar a página da Nova Esquerda
http://www.novaesquerda.org/
Abraço
Henrique
Caro Henrique, li com atenção a vossa Carta de Princípios com a qual estou no essencial de acordo. Vejo por isso com imensa simpatia a vossa tentativa de reflexão sobre o que é ser de Esquerda. No entanto, não acho que faça sentido criar um novo movimento ou partido na Esquerda à margem dos já existentes. A paisagem política à Esquerda já sofre de fragmentação, que não precisa de todo de ser aumentada. Sendo assim, a reconfiguração da Esquerda em Portugal só se poderá fazer a partir de pelo menos um dos partidos existentes. Dado a especificidade histórica de PCP e PS, não vejo estes partidos a se dissolverem para dar origem a um movimento mais abrangente. Sobra o BE, que pela sua génese, natureza e vontade dos dirigentes, acho que será o único partido que poderá ser re-fundado, desde que tal permita aglutinar um grande número de pessoas que neste momento militam na CDU e PS. Em resumo, vejo com bons olhos a vossa iniciativa, mas acho que estão equivocados na vossa tentativa de inscrição como partido, pois não vejo de todo qual é a utilidade de tal passo.
Caro Pedro Viana, agradeço a atenção e simpatia dedicada à Nova Esquerda, e tenho em conta, como referiu, o problema da fragmentação da esquerda.
Contudo, tenho a opinião que a natureza e a vontade dos actuais dirigentes do BE, não é exactamente ocupar a posição de um Die Linke, como exemplifica este artigo
http://www.rupturafer.org/spip.php?article273
Também não penso que seja representativo de todo o BE, considerando militantes e simpatizantes, mas é, julgo eu, representativo do pensamento de Francisco Louçã e do nucleo dirigente e que deu origem ao Bloco.
Um abraço
Henrique
Subscrevo os "passos fundamentais" que Jorge Bateira aponta no sentido do movimento/fortalecimento da esquerda. No entanto, a criação de mais um partido oferece-me reservas…Isso poderia levar a mais fragmentação e dispersão; a consolidação de um partido demora tempo, um tempo que corre muito depressa, sobretudo se houver eleições intercalares.
Cada partido terá sempre a sua identidade própria, a sua história, a sua utopia (infelizmente, cada vez mais rara). A minha opinião: penso que é possível OUSAR, participar numa “frente unida” sem ter que hipotecar a sua identidade. Terá é que acordar uma plataforma programática, uma “grelha comum”, aceitando que algumas das suas ideias/ propostas possam não ter amadurecido (ainda) o suficiente, para serem subscritas por todos. Não aceitar isto, nada feito. Dos partidos citados (e de outros por aí perdidos), afinal quem não quer uma frente de esquerda para o séc. XXI?
"uma frente de esquerda para o séc. XXI"
'TOU NESSA !!!
"Adoro as teses de que o BE empurra o PS para à direita, imagine-se..."
Meu caro, a minha "tese" não assenta no argumento que o BE empurra o PS para a direita. Visa, isso sim, alertar para o facto que a direita subiu em Portugal e que em termos pragmáticos a personalidade de Sócrates tem um perfil mais virado para negociar com o PSD do que com o BE+CDU. Afinal, até já estão mais do que habituados a "fazer o jeitinho" um ao outro.
O BE tem a sua luta, a qual está a vencer de eleição para eleição. Uma vitória para todos ! Entusiasmo e optimismo são bons. No entanto é preciso ter os pés bem assentes na Terra, olhar à volta e dar valor a certos factos. Mesmo que tenhamos que roer as unhas dos nervos ...
Só agora vi o comentário do Croky.
Mas aproveito para salientar que não era dirigido a si.
Até oo Governo de Durão Barroso, as coisas ião indo, mal, mas ião indo. O neoliberalismo já controlava os cordelinhos do poder, mas ainda não era o poder personificado. Antes tinhamos cavalos de Troia depois com Durão Barroso e Socrates os "generais" sairão a luz do dia.
O pais viu-se assim repentinamente atirado para a roda viva da globalização descaracterisante numa utopia tipo Aldoux Huxley.
Com a conquista do PS pelos neoliberais a esquerda e direita moderadas sentiram-se vulneraveis e desprovidas de representação.
A sociedade até então submissa ao quadro partidario tradicional, procura alternativas.
Aqui situamo-nos nós os que nos consideramos de esquerda.
Penso que nesta altura de crise que antes de ser uma crise da esquerda , é uma crise nacional e de cultura o prioritario não será subverter as antigas regras de representação partidaria e de criar uma plataforma de entendimento abrangente e mobilizadora do nosso Povo em torno de objectivos comuns. Não se trata de um programa de implementação do Socialismo ou Estatizante.
( quanto a mim falidos ) Trata-se de reformar e democratizar as instituições promover a reforma educação e alterar o modelo de de desenvolvimento economico dentro de uma perpectiva que respeite padrões de sustentabilidade , democracia participativa e realização pessoal, criatividade etc
As bases de consenso des te movimento seriam pragmaticas e limitadas a correcção das distorções essenciais que põe em causa a nossa existencia como comunidade . Teria obviamente que se legalizar em partido, para possuir a imprescindivel capacidade de intervenção legislativa e executiva. Mas não se comportaria como partido tradicional . Seria uma plataforma ampla onde poderiam participar membros ou meros simpatizantes de todos os partidos e grupos de cidadadãos, ou ideais, sem que perdessem a identidade ou qualquer necessidade ou obrigados a opção ideologica ou filiação estrita. Funcionaria assim não como mais uma maquina partidaria narcisistica , mas como movimento civico transversal com leque de abrangência o mais lato possivel .
Deixaria de ter necessidade de existir quando da institucionalização do seu projecto basico .
Penso que deixar as coisas andarem ao seu sabor , não levará a nada e que a esquerda só se unirá se existirem forças centripetas com força moral que a obrigue a tal.
Apesar de pertencer ao movimento Nova Esquerda , só o entenderei como util e nele permanecerei se vier a contribuir para esta unidade de esquerda. Recuso que esta unidade seja apenas formal e o resultado aritmetico de concilios entre personalidades e cupulas partidarias. A aceitarei apenas como um programa de principios estruturantes e mobilizadores que coloquem outra vez Portugal na rota do progresso.
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