quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Sem paz, pão, povo e liberdade

Houve um tempo em que as belas palavras do hino do PSD - "paz, pão, povo e liberdade" - eram ameaçadoras para toda a esquerda. Era o tempo de Cavaco e das suas maiorias absolutas. Era o tempo em que o PSD tinha uma capacidade de mobilização impar. Era o tempo em que os Dias Loureiros e os Oliveira e Costas desta vida comandavam uma máquina partidária muito bem oleada. Há muito tempo que isso desapareceu. Hoje, o cavaquismo, ou o que resta dele na Presidência da República, já só é um espectro que persegue o PSD. No entanto, sabemos agora que um fantasma consegue destruir uma campanha frágil, ancorada no simulacro da "asfixia democrática" e onde a dura realidade da "asfixia social" criada pela crise do neoliberalismo nunca entrou. O PSD deixou de fazer jus ao seu nome porque o seu programa foi redigido por gente mais habituada ao conforto da Goldman Sachs. Esta é uma campanha sem paz, num partido dividido e enfraquecido pelos comportamentos irresponsáveis de Belém e do seu "porta-voz" no jornal "Público". É uma campanha sem pão porque o PSD desistiu de apresentar um programa de reforço da capacidade pública para tirar o país da crise. É uma campanha sem povo porque Manuela Ferreira Leite, já se sabe, não gosta de comícios, ou seja, não gosta das festas da democracia. Uma maçada. E é uma campanha sem propostas para expandir as liberdades e para remover o que hoje realmente as ameaça - desemprego, precariedade ou desigualdades socioeconómicas. É por estas e por outras que arrisco uma previsão: o PSD já perdeu e o bloco central também.

A minha crónica no i sobre a campanha do PSD também pode ser lida aqui.

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