quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Elogio da política

«Querem ser populares? Digam mal dos políticos. Chamem-lhes aldrabões, falsários, carreiristas - terão aplauso de aprovação. Começou nos anos oitenta, pela mão do liberalismo yuppie, a estratégia de desqualificação da política. Nas universidades, nos media, na fala de rua, soprou-se que os políticos não são senão empecilhos ao funcionamento da economia segundo as suas "leis naturais". A política como confronto de propostas de fundo foi atirada pelo pragmatismo frio para o campo da verborreia. Os políticos das jotas puseram-se a jeito. E o resultado é este: a repugnância pela política como outra face do "cada um por si". O elogio da política é hoje um imperativo de resistência.»

«A humildade postiça e ensaiada pelo Primeiro-Ministro faz lembrar os liftings que correm mal e deixam as bochechas grotescamente empinadas ou os cantos dos lábios "a la" Joker. Mas, para lá do anedótico, o simulacro de conversão de Sócrates suscita uma questão pouco debatida entre nós: quais devem ser as virtudes públicas numa sociedade democrática e plural? Em tempo de maquiavelismo travestido de humildade, por onde passa a "fortuna" e por onde passa a "virtu"?»

José Manuel Pureza no seu blogue palombella rosa. As palavras são mesmo importantes. Na última terça-feira, Pureza falou de palavras que temos de acarinhar: socialismo e feminismo contra o extremismo da violência social. O parlamento precisa destes «salpicos de vida». Coimbra também. As alternativas, que se escondem atrás de Ana Jorge, são os Vítor Baptistas desta vida. Vítor Baptista é o melhor exemplo do aparelhismo, do bloco central dos interesses e da defesa dos privilégios e abusos dos gestores de topo no país mais desigual da Europa. Esta é a esquerda mocambo. No dia 27 de Setembro, vamos eleger um deputado da esquerda socialista.

4 comentários:

Nuno Sousa disse...

Marejam-se-me os olhinhos com tão bonita verve. Que pureza!

Francisco disse...

Concordo e do pouco que tenho escutado do Pureza só tenho a dizer bem... Pena é que se confunda "Populismo" com Popular... é que ser Esquerda Radical (ou Socialista) não basta, é preciso sermos Esquerda Radical (ou Socialista) e POPULAR.

Nesse capítulo o Bloco tem dado alguns tiros no pé e mais grave tem se abstido de dar combate ideológico a Paulo Portas, entregando na mão desse populista de direita demagógico importantes segmentos populares que podiam e deviam votar BE (aliás muitos desse sector estão ainda indecisos entre BE e CDS... Mas parece q são os parentes pobres da estratégia eleitoral Bloquista).

Mesmo que o CDS não fique à frente, nestas eleições, do BE a reconstrução de um verdadeiro estado social, como aqui é (e mt bem, como tb no teu artigo de 2ªf no Sol) defendido só será possível com o apoio de tb muitos taxistas, PEIXEIRAS, feirantes, pequenos agricultores & Cª...

http://mundoemguerra.blogspot.com/2009/09/rocky.html

http://mundoemguerra.blogspot.com/2009/08/o-bloco-as-massas-e-o-maximilien.html

dois posts se vos apetecer reflectir acerca desta temática...

Anónimo disse...

tenho ideia que sempre , sempre , se disse mal dos governantes , em tempos até lhes cortavam as cabeças ( coitada da maria antonieta e tal) e por alguma coisa será. não me diga que acha que democracia ia mudar a natureza humana e "o poder corrompe " passava à história ? o rótulo é diferente , a essência da política é , e será sempre , a mesma que levou às inúmeras revoluções da malta .

Macilva disse...

Na verdade há pessoas honestas que militam em todos os quadrantes políticos, que dignificam a res pública! Porém, quando os "aparelhos partidários" tomam a rédea do poder é uma merda! Com os Vitor Baptistas, Antónios Preto, José Lelos, Jardins, Loureiros e tanta gente boa na arte de manipular e gamar, é possível dizer bem da política?