Foi recentemente divulgado o relatório de 2024 da ERC, perdão do MediaLab (ISCTE), relativo ao «Comentário político nos media 2023». Serviço público, num país que parece conviver pacatamente com o manifesto défice de pluralismo no debate político e político-económico, perante o qual a Entidade Reguladora da Comunicação Social (agora por extenso, para que se perceba melhor), pouca ou nenhuma atenção presta.
Nesta edição da análise do comentário político, o MediaLab procede a uma retrospetiva dos anteriores relatórios, em termos de distribuição esquerda/direita no comentário televisivo, permitindo constatar que não só a direita prevalece nos espaços de opinião desde 2016, como se ampliou de forma impressionante esse enviesamento entre 2022 e 2023.
De facto, apenas em 2016 se pode falar num equilíbrio entre esquerda e direita no comentário televisivo. Desde então - e ao arrepio da representação parlamentar - a diferença foi aumentando a favor da direita, observando-se apenas um momento de aproximação em 2020, quando sobe o número de comentadores sem posicionamento político identificável, numa eventual relação com a crise pandémica. O grande «salto», contudo, ocorre entre 2022 e 2023, com a subida expressiva dos comentadores de direita, reforçada pela ligeira diminuição da esquerda.
Vale a pena lembrar que as legislativas de 30 de janeiro de 2022 deram uma inesperada maioria absoluta ao PS, sendo difícil não associar esse facto ao fosso que se aprofundou, desde então, no comentário televisivo, com a direita a tornar-se ainda mais hegemónica. No fundo, como se estivesse em causa, de modo mais ou menos deliberada, a necessidade de desgaste do governo e, nesses termos, a preparação de eleições, quando viessem a ter lugar. Através do «contínuo político-mediático» e do «“jornalismo” politizado», a que aludiu Pacheco Pereira num importante artigo recente.
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1 comentário:
Além do nº de comentadores direita/esquerda, também é muito relevante, o tempo de antena de cada um deles, o canal onde passa (aberto ou cabo), o horário, bem como a existência de contraditório ou não.
Também o fenómeno de vários jornalistas se tornarem comentadores, não é displicente, pois implica uma diminuição da isenção jornalística, não só no espaço de comentário, mas de forma mais transversal.
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