No penúltimo capítulo, intitulado “governo popular e economia de mercado”, Polanyi explora a responsabilidade do liberalismo económico na ascensão do fascismo.
Em primeiro lugar, denuncia a hierarquia de prioridades liberal: “Dentro e fora de Inglaterra, de Macaulay a Mises, de Spencer a Sunner, não havia um militante liberal que não manifestasse a convicção de que a democracia popular era um perigo para o capitalismo” (p. 429).
Em segundo lugar, assinala as origens monetárias da impotência de parte do movimento operário e socialista nos anos 1920 e 1930: “Um partido dos trabalhadores estava no governo, mas na condição de não se colocar qualquer embargo às exportações de ouro. O New Deal francês não tinha qualquer probabilidade de ser bem-sucedido, uma vez que o governo se via de mãos atadas sobre a questão decisiva da moeda. O exemplo é concludente, uma vez que em França e na Inglaterra, depois de se impor a inocuidade aos partidos dos trabalhadores, os partidos burgueses acabariam por abandonar sem dificuldades de maior o padrão-ouro” (p. 433).
Em terceiro lugar, identifica os efeitos políticos do liberalismo: “A obstinação com que os partidários da economia liberal durante uma década de crise, apoiaram, ao serviço de políticas deflacionistas, o intervencionismo autoritário teve por único efeito um enfraquecimento decisivo das forças democráticas, que, de outro modo, talvez pudessem ter evitado a catástrofe fascista” (p. 440).
Agora, experimentemos substituir ouro por euro e pode ser que tenhamos pistas para uma história do passado recente, do presente e, quem sabe, do futuro desta zona. A história é certamente feita de novidade, mas também tem momentos de repetição.
1 comentário:
Se me falassem dos sucessos do socialismo, em vez dos horrores do liberalismo...
Enviar um comentário