Sei que a vida está ideologicamente difícil quando leio o plural majestático em textos de intelectuais públicos de esquerda. Assim se referem a um número variado de fenómenos, na realidade induzidos pela lógica neoliberal, por exemplo, na comunicação social.
O último caso foi o da brutal discrepância de classe entre a cobertura mediática da última tragédia de centenas de refugiados e da tragédia de cinco pessoas. Lá veio o “somos todos” não sei bem o quê, mas sempre qualquer coisa de imoral.
Quem assim procede está a gerar um “nocebo”, ou seja, a convencer quem o lê de que não há esperança, porque somos todos maus e nada confiáveis, não havendo assim lugar para a responsabilização de quem efetivamente tem o poder, ou seja, de quem controla os meios de produção, neste caso de produção do consenso ideológico.
Não sei se é confortável proceder de tal modo, mas sei que é completamente contraproducente do ponto de vista ético-político.
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