quinta-feira, 25 de novembro de 2021

Visão preguiçosa


Luís Marques Mendes é consultor da Abreu Advogados desde 2012, exercendo também o cargo de Presidente do Conselho Estratégico da sociedade e integrando o Grupo Angolan Desk. Antes de integrar a Abreu Advogados, exerceu advocacia durante os anos oitenta, atividade profissional que veio a interromper para exercer, durante duas décadas consecutivas, cargos de natureza política, parlamentar e governativa (...) Já depois de abandonar a vida política, e antes de integrar a Abreu Advogados, foi administrador em várias empresas ligadas ao setor da energia. Atualmente, fora da vida política ativa, é membro do Conselho de Estado designado pelo Presidente da República e comentador de política nacional e internacional num grande canal de televisão português.

Relembro esta informação, tão reveladora quanto ofuscadora, retirada do site da Abreu Advogados, um desses escritórios que são fundamentais para compreender uma certa economia política. É um facilitador assumido, na política activa e que anda a ser preparado para uma eventual candidatura presidencial, graças à SIC, ao Negócios e a capas preguiçosas destas. Marcelo mostra o caminho.

Se o PSD é preguiçoso, tal dever-se-á talvez ao facto de muitos dos seus quadros passarem todo o tempo numa intensa actividade bem remunerada, à boleia dos números no telemóvel, e com grande impacto mediático, sem tempo e disponibilidade para trabalhar directamente no partido por um salário menor. Afinal de contas, as portas giraram. Foram muitas privatizações e liberalizações, conquistas irreversíveis de um certo capital eternamente grato.

E é como se as tarefas de controlo da RTP, que Marques Mendes realizava com afinco partidário para Cavaco Silva, se tivessem estendido a esta comunicação social rendida. Lembram-se quando nos garantiam que a promoção política da chamada iniciativa privada nesta área iria gerar pluralismo, qualidade e diversidade? Mas que questão é esta? Agora até temos o logotipo da imperial CNN numa televisão controlada por um pirata e que já deu provas em tantas campanhas.

Usando os termos da economia convencional, dadas as externalidades negativas que gera tantas vezes, sob a forma de poluição ideológica e de lixo editorial, de tantos maus exemplos para a juventude, esta comunicação social deveria mas é ser especialmente taxada em vez de ser subsidiada como agora é: internalizar as externalidades, diz-se.

1 comentário:

Anónimo disse...

Marques Mendes como presidente e Paulo Portas como primeiro ministro, dois políticos impolutos que iriam fazer de Portugal um país decente.