segunda-feira, 29 de novembro de 2021

Um quarto de século de estagnação


Segundo o representante de Frankfurt em Portugal, Mário Centeno, “o país tem uma janela temporal que avalio entre dois a três anos para reverter o aumento da despesa permanente acima da trajetória do PIB, observado em 2020 e 2021”.

Graças a esta economia da idade das trevas, a despesa pública adicional em Portugal, como Paulo Coimbra aqui assinalou, com base em dados do FMI, representou apenas 5,6% do PIB de 2020, pouco mais de metade da média mundial (9,7% do PIB) e um terço da que foi realizada pelas economias avançadas de que Portugal faz parte na classificação daquela instituição.

Devido a este tipo de pensamento e de padrão de política económica, Portugal demorará muito mais tempo a sair da crise. A política de reversão regressiva proposta irá atrasar a recuperação ainda mais. Tudo o resto constante, o consenso de Bruxelas-Frankfurt, que ainda vigora para as periferias, será então responsável por um quarto de século de estagnação.

É o que dá termos deixado de ter um Banco de Portugal.

6 comentários:

Jose disse...

Francamente João Rodrigues!
Com quase 50 anos de saldos negativos em transações e orçamentos, imprimir papel-moeda tinha resolvido o quê?
Fale-me em fechar fronteiras e de qual o regime político que sustentava uma tal situação.

Anónimo disse...

E quem nos obrigou a aderir ao euro? E quem esteve no poder durante os quase 50 anos? A quem serviu verdadeiramente a adesão à CEE? Quem, expressamente ou veladamente, nos empurrou para essa alternativa que apenas serviu os mais ricos da União Europeia? Quem, hoje em dia, pretende que saiamos desta prisão onde nos metemos? E eu digo "metemos", porque todos somos culpados de eleger desde o 25 de Abril os subservientes da manutenção deste status quo ruinoso. Não foi por acaso que logo a seguir ao 25 de Abril, Frank Carlucci - o homem da CIA em todos os golpes contra revolucionários realizados nas décadas de 60 e 70 do século passado - apostou em Mário Soares e no Partido Socialista. Reagan não percebia que este partido tinha a grande vantagem de poder fazer bem melhor o trabalho que a direita gostaria de realizar. A adesão ao euro só veio no seguimento do pensamento dos economistas que todos os anos brotam no PS, indistinguíveis dos do PSD.

Anónimo disse...

Para começar, podia ter-se uma taxa de câmbio que não seja absurda.

Anónimo disse...

Caro João Rodrigues,

Esqueceu-se de dizer, para ficar claro, que Mário Centeno foi Ministro das Finanças de um Governo de Esquerda, liderado pelo PS e viabilizado parlamentarmente pelo BE e PCP. Por extenso, Bloco de Esquerda e Partido Comunista Português.

Jose disse...

Há saudosistas para todos os gostos.
Mas saudosistas do que não foi, é a espécie mais inútil.
Só um plano claro e coerente para que o que não foi seja o futuro os pode salvar dessa inutilidade.
Onde esse plano?

Carlos Marques disse...

Jose, o seu problema é a enorme ignorância que advém da sua falta de mundo que, aliada ao seu fanatismo ideológico, o torna num inimigo do seu próprio país.

1) com moeda própria vivem muito bem a Dinamarca, Suécia, Chéquia, e até países fora da UE como Reino Unido, Suíça, Noruega, Islândia. Todos com mais crescimento, melhor qualidade de vida, e inflação controlada.

2) com moeda própria, o Reino Unido e os EUA, para dar 2 exemplos capitalistas NeoLiberais que mostram ainda mais a estupidez da Direita portuguesa, foi possível financiar a ajuda à economia durante esta crise covid-19, uma ajuda muito maior, que os fará recuperar mais depressa.

3) em tempos de normalidade, a moeda adapta-se ao valor da economia, e ajuda a manter o saldo externo equilibrado. Isto significa que Portugal, com moeda própria, poderia ter mais investimento e melhores salários sem começar logo a entrar em risco de défice externo. As exportações seriam mais competitivas, logo cresceriam mais, e as importações mais caras, logo os hábitos de consumo dos portugueses seriam mais "saudáveis" do ponto de vista macro-económico.

4) com um banco central próprio que garante dívida nacional, um país não anda com o coração nas mãos como acontece em Portugal devido a um aumentozito de dívida. A nossa chegou aos 100% e tivemos logos que chamar a troika. A dívida pública do Japão (governado pela Direita Conservadora) chegou aos 250% sem problema nenhum! Porque é dívida nacional detida pelo banco que responde aos seus eleitores, e não dívida externa nas mãos de especuladores.

5) o exemplo prático da Islândia após a Grande Recessão de 2008-2009, é ótimo: enquanto dentro da UE e em particular do €uro estava a ser imposta austeridade e os contribuintes pobres eram assaltados para com o seu dinheiro se salvar bancos enquanto contribuintes ricos fugiam com o rabo à seringa, na Islândia aplicava-se um controlo de capitais, deixava-se cair bancos não-sistémicos (como os nossos Banif ou BPN), e nacionalizavam-se os sistémicos (solução que se provou ser mais barata que a nossa privatização do BES já depois de ter comido +8 mil milhões de dinheiros públicos em duas resoluções seguidas). Nós ainda estamos a pagar a conta e a lamber as feridas, enquanto na Islândia já se recuperou há muito tempo.

Portanto já lhe falei de muitos regimes políticos que sustentam tal situação, todos com políticas muito diferentes desde a Esquerda até à Direita, dentro e fora da UE, dentro e fora da NATO, e nenhum deles precisa de fechar fronteiras. Mas todos eles estão melhor que Portugal, pois todos eles têm moeda própria, emitida por um banco central próprio. Resumindo e concluindo, Jose, deixa de fazer figuras tristes de extremista do €uro e das suas imposições NeoLiberais anti-democráticas que estão a condenar Portugal à morte lenta.

Queres aprofundar o assunto? Lê o livro que um economista de Direita escreveu sobre este assunto: "Porque devemos sair do Euro" - e a seguir lê o que ele escreveu em cooperação com outro economista de Esquerda: "A Solução - Novo Escudo".
Deixa de ser ignorante! Abre pelo menos um livro na tua vida!!