terça-feira, 2 de junho de 2020

Plano de recuperação da UE: é muito e não chega

Sete ideias sobre a proposta de Plano de Recuperação apresentada há dias pela Comissão Europeia (a tal que se traduz em 25 mil milhões de euros para Portugal, entre subvenções e empréstimos)

1. Se a proposta for aprovada, o Plano dará um contributo importante no combate à crise económica e social. Para além dos fundos disponibilizados, reduz a incerteza nos mercados financeiros sobre a solvabilidade dos Estados, fazendo descer os custos de financiamento dos países com economias mais frágeis.

2. Sendo uma ajuda importante, o plano de recuperação não resolve por si só nem os problemas associados à crise actual, nem os problemas mais estruturais da UE.

3. A resposta dos governos de países como Portugal vai ser insuficiente, por três motivos:

   i) Os fundos da UE - se forem aprovados - só estarão disponíveis em 2021;

   ii) Os valores envolvidos não cobrem os custos da crise da COVID-19;

   iii) O esforço de recuperação implicará sempre um aumento da dívida pública, o que se irá traduzir a médio prazo numa pressão acrescida sobre as contas públicas.

4. As consequências de uma resposta insuficiente por parte dos Estados são o aumento do desemprego, da pobreza e das desigualdades, e a falência de milhares de empresas (muitas delas que poderiam ser viáveis a breve prazo).

5. A assimetria entre países da UE vai agravar-se, porque os países com economias mais débeis não só vão continuar a enfrentar custos de financiamento superiores, como não vão conseguir apoiar as empresas e as famílias na mesma medida que os países mais ricos.

6. Os instrumentos anunciados não asseguram a convergência sustentada de níveis de desenvolvimento económico entre países da UE, nem formas permanentes de lidar com as consequências dessa divergência persistente.

7. Em suma, os países com economias mais frágeis vão sair desta crise mais vulneráveis e dependentes dos países mais fortes do que no seu início.

4 comentários:

Geringonço disse...

"Em suma, os países com economias mais frágeis vão sair desta crise mais vulneráveis e dependentes dos países mais fortes do que no seu início."

E isto é o desejo da dita "elite" alemã como das ditas "elites" subservientes de Portugal e outros países fragilizados.

Era extremamente importante que os "europeístas" aqui do burgo explicassem como é que vai Portugal sair do Euro-pântano que está metido há duas décadas com ainda "mais Europa".
Vão Rui Tavares, António Costa, etc. explicar alguma coisa ou vão berrar "Mais Europa!" ainda mais alto?

Jaime Santos disse...

Pelo menos o Ricardo Paes Mamede não se limita a criticar o plano primeiro porque não existe e porque quando existir será terrível e depois porque, agora que existe, vem com condições (que novidade!).

Há quem considere que a única resposta aceitável é que a UE aceite dissolver-se, parece. Convenhamos que dada a fragilidade das contas públicas portuguesas e da nossa Economia, isso seria receita para um desastre a curto prazo...

Claro, há quem goste das oportunidades que os desastres criam...

Anónimo disse...

Goste das oportunidades que os desastres criam...

E JS levanta o dedo e anunciar

Presente

A.R.A disse...

Insisto no seguinte:
- Não fará mal ao mundo nem a ninguém que Portugal tenha que ponderar uma saída a médio/ longo prazo porque se até a Mafia em Itália anda plantar bombas nas lojas que ironicamente estão fechadas e não lhes têm pago a cota para a proteção o que fará uma UE e os seus "falcões " aos países mais fragilizados eternizando assim o ciclo da "vida europeísta ".