"É uma imagem que não dá segurança lá fora. (...) Pede-se aos jovens que, verdadeiramente sem pensar nos riscos que acham que correm, se dispensem de ir longe demais, depressa demais, correndo todos os riscos".
As declarações de Marcelo Rebelo de Sousa, obviamente, não tinham a ver com o facto de quase ter sido atropelado na ciclovia. Tinham a ver com o risco de contágio do Covid-19.
Marcelo critica o comportamentos do jovens, mas - ele que fala sem parar - deixou os números de infectados no norte do país sem uma única menção ou nota da presidência, quando era cada vez mais claro estarem ligados às condições sociais e laborais. E deixou os números de infectados subir na zona de Lisboa que, como se viu - similarmente ao norte - têm que ver com condições sociais e laborais.
Marcelo tem, aliás, uma forma esquiva de comentar sobre o patronato nacional. Quando há algum assunto polémico, ele - que fala sobre tudo sem parar - omite-se. Pelo contrário: quando pode, coloca-se do lado que acha poder prejudicar o lado sindical: fê-lo nos seus decretos de estado de emergência quando - não havia necessidade! - suspendeu o direito à greve, o direito sindical de participar na definição de legislação laboral, e pressionou ao máximo para que não houvesse celebração do 1º Maio.
Marcelo foi aquela pessoa que nunca se preocupou com o SNS e que sempre o quis prejudicar - o SNS que é a efectiva rede de cuidados dos mais pobres. Tardou a perceber os riscos colectivos da pandemia. Mas como bom hipocondríaco, aceita ser provavelmente a única pessoa saudável no país que faz testes de despiste do Covid-19 de 15 em 15 dias.
Marcelo que apelou, com a mesma veemência, ao confinamento em estado de emergência policiado e, depois, ao desconfinamento por receio à recessão, culpa agora os jovens.
Claro que não há uma ilação política a retirar daquelas imagens. Pode ser própria de alguém que se acha o centro do mundo ou que o resto do mundo deve desviar-se, mesmo que isso leve ao desastre.
Mas ele há imagens que se tornam simbólicas de toda uma presidência à direita.
P.S. - Ainda hoje, na visita à Quinta das Torres da Santa Casa da Misericórdia da Amadora, Marcelo Rebelo de Sousa falou no papel do Serviço Nacional de Saúde e, segundos depois, acrescentou ou corrigiu para Sistema Nacional de Saúde...
4 comentários:
Porque razão o emplastro das selfies que é Presidente da República não pediu cuidado ao amigo Ricardo Salgado para não destruir um Banco, e assim, colocar em risco a economia que diz respeito a todos, novos e menos novos?
Porque é que o Presidente Catavento, tão preocupado com os menos novos, não foi a favor da criação do SNS sabendo que os menos novos são os que mais necessitam de cuidados de saúde?
Mistérios marcelistas ou se calhar nem é tão misterioso para quem o conhece q.b...
"É uma imagem que não dá segurança lá fora"... E eis que o "lapsus linguae" nos mostra meridianamente para que serviu o confinamento (pôr a malta toda em casa e fazer com que os largos poderes do estado de emergência não se aplicassem ao grande poder económico e fazê-lo passar incólume por entre os pingos da pandemia) e o desconfinamento (dar sinal verde à turistada de que o país continua a ser um parque de férias de eleição e suplicar-lhe que venha cá gastar uns trocados para salvar a "indústria" basilar do país).
É claro que esta política de tentar ter sol na eira (fronteiras abertas e gente com fartura a circular e a gastar) e chuva no nabal (pôr travão à progressão do Covid-19) é uma ideia peregrina que só resulta na cabeça delirante do Senhor Presidente da República. A coisa começa a dar para o torto? Pois a culpa há-de ser de toda a gente menos de quem gizou tão inteligente abordagem ao problema.
Marcelo sempre a inventar modos de propaganda pessoal passou da estrada para o espaço.
Apareceu na nave espacial para estar com os astronautas.
A extrema-direita agita-se. No observador é vê-los, inquietos e irrequietos, aos seus escolhidos colaboradores,a bramarem contra o confinamento e contra as medidas tomadas em defesa da saúde pública.
Está-lhes atravessada no goto a diferença abissal entre a saúde pública, através do SNS e a mercantilização duma medicina privada,cobarde e vampiresca.
A agitação chega até aqui, disfarçada dum bruá-bruá pseudo rebolucionário
Reparem-se nestas pérolas:
" mostra meridianamente para que serviu o confinamento (pôr a malta toda em casa e fazer com que os largos poderes do estado de emergência não se aplicassem ao grande poder económico e fazê-lo passar incólume por entre os pingos da pandemia)"
O que é isto?
Apenas um travestido a tentar fazer passar o ódio a medidas de saúde pública. Mascarado de verdadeiro rebolucionário, para ver se passa. Mas a coisa é tão idiota que se suspeita que estejamos perante quem está de serviço que, coitado, teve que se calar com as tretas debitadas sobre a Holanda.
Enviar um comentário