domingo, 4 de março de 2012
Mais coisas que não existem
Vivemos em sociedades pós-nacionais e pós-industriais. Lembram-se destes lugares comuns, da forma como contribuíram para a complacência das elites nacionais em momentos cruciais da evolução recente da economia portuguesa? É também desta tralha que nos temos de livrar. Tem a palavra Dani Rodrik: "Por enquanto as pessoas ainda têm de procurar soluções nos seus governos nacionais, que permanecem a melhor esperança para a acção colectiva. O Estado-nação pode ser uma relíquia que nos foi legada pela Revolução Francesa, mas é tudo o que temos". De resto, Rodrik, não por acaso, é um dos economistas convencionais que mais tem contribuído para a recuperação da política industrial, até porque não há economia sã sem uma base industrial forte.
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2 comentários:
Abrangente artigo de Rodrik. Excelente!
A contrariar os argumentos de alguns economistas, sociólogos e outros opinadores de serviço, que se aprestavam a matar o Estado-Nação. (E quantos desses não são suportados pelo capital financeiro global?)
A modernice pós-nacional dos “cidadãos do mundo da 25ª hora”, nunca convenceu. Em países como Portugal, a ideia do pós-nacional foi sempre veiculada de forma conveniente, com o intuito de alijar responsabilidades. Sempre o medo como pano de fundo. “ Não fomos nós, são os outros. É Bruxelas , é a troika”.
É em cada Estado que começa a prestação de contas. E por cá, por muito “bonita” que seja a ideia da União Europeia, enquanto, e pelo menos, não haver orçamento partilhado e um sistema fiscal que não seja um passadouro, isto não interessa aos cidadãos deste país.
Enquanto não houver um povo soberano europeu, todas as transferências de soberania serão do povo para o mandarinato. Por enquanto, a soberania popular só é possível no âmbito do Estado-Nação. Daí o famoso trilema de Rodrick: podemos ter estados-nação, podemos ter mercados livres globalizados, ou podemos ter regimes democráticos. Podemos ter quaisquer duas destas três coisas. Mas não podemos ter as três.
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