segunda-feira, 8 de março de 2010

Entre os especuladores e a lumpemburguesia?

"Adam Smith já nos tinha alertado no século XVIII: cada vez que os capitalistas de um mesmo ofício se reúnem para conversar, geralmente é para conspirar contra o público. Adam Smith não tinha visto nada. Alguns grandes especuladores nos mercados cambiais, que desde a abolição dos controlos de capitais se têm entretido a ganhar dinheiro à custa da devastação das economias, encontraram-se recentemente para jantar em Nova Iorque, segundo o 'Wall Street Journal'. No menu estava a aposta na desvalorização do euro e, qual profecia auto-realizada, a eventual implosão da zona euro." O resto da minha crónica no i pode ser lido aqui.

4 comentários:

João Aleluia disse...

Haverá talvez alguma justiça em criticar os especuladores quando atacam moedas pouco representativas cujos os governos têm pouca capacidade economica. Ainda que mesmo nesse caso, parece-me que o que devia ser discutido é porque é que ainda há países que mantém as suas moedas locais quando claramente não têm dimensão economica para garantir a sua estabilidade monetária.

No entanto, a única razão porque os especuladores conseguem atacar efectivamente moedas com a dimensão do euro, é a infinita irresponsabilidade dos governos. No caso do euro é sobretudo irresponsabilidade dos PIIGS e dos seus governos cleptocratas, mas também irresponsabilidade dos restantes governos da zona euro que permitiram o comportamento abusivo dos PIIGS e autorizaram o BCE a fazer uma expansão monetária suicida.

Se a politica economica da zona euro fosse conduzida de forma responsavel os especuladores nada podiam fazer, pois não têm dinheiro suficiente para só por si influenciarem o preço do euro.

Quanto à situação actual, o open show and sell, os self fulfilling profecies, será feio concerteza, mas é um importante mecanismo de regulação da economia, sem o qual os governos cometeriam abusos muitíssimo mais graves.

Pois não se esqueçam que a pressão dos especuladores só está a reflectir hoje as consequências inevitáveis das politicas irresponsaveis que foram seguidas.

Ainda que proibissem toda e qualquer especulação, dentro de poucos anos teriamos inflação a 2 digitos, pelo menos, e uma acentuada desvalorização do euro.

Anónimo disse...

Mas por que carga de água não se faz a estes fulanos ( os tais banqueiros (chulos e são todos); especuladores e outros quejandos seus defensores (e são muitos mesmo em Portugal) o que Israel (o novo Estado Nazi-Fascista) está a fazer aos Palestinianos.
Assim acabava-se com a peste e com a peçonha.

Miguel Rocha disse...

"os especuladores nada podiam fazer, pois não têm dinheiro suficiente para só por si influenciarem o preço do euro."

Ó João, não sei não. Com a quantidade de offshores que existem estão reunidas as condições para a especulação em larga escala. E lembremo-nos que os especuladores não são os pequenos accionistas mas sim pessoas que podem-se dar ao luxo de especular através dos seus recursos (registados ou não).

João Aleluia disse...

Concerteza que há condições para a especulação em larga escala, mas essa larga escala não é suficiente para, só por si, influenciar o preço do euro.

O especuladores precisam que o mercado em geral acredite na desvalorização e até na possivel desintegração do euro, pois só assim conseguirão que os cambios de movimentem na direcção que pretendem.

Se os especuladores conseguissem influenciar só por si o câmbio euro-dollar, haveria ataques ao euro e ao dollar regularmente como acontece com as moedas menos representativas.

Para mais, se não houvesse claras razões para o euro se desvalorizar, os especuladores não estariam todos a apostar do mesmo lado, haveria os que acreditam na subida e os que acreditam na descida, e se esta condição se verificasse, o impacto dos especuladores não só seria pequeno, como até teria efeitos benéficos, ao dar liquidez aos mercados e permitir que as pessoas que transacionam divisas para fins comerciais sofram spreads menores nos cambios.