O conhecimento científico é o conhecimento adquirido no seio de uma comunidade de pessoas que se preocupa em entender um dado domínio da realidade usando os métodos que entre si definem como mais apropriados. A comunidade dos pares escrutina os argumentos e confronta-os com a realidade numa interacção que (admito) nunca estará concluída porque o ser humano é falível e, ao que parece, o universo continua em expansão.
As comunidades científicas estão inseridas em sociedades diferentes, ainda que atravessadas por redes de afinidades teóricas que fazem dialogar investigadores geograficamente distantes. Ainda assim, a actividade científica é organizada em sociedades concretas, com as suas normas específicas feitas de teorias, valores, leis, estatutos e procedimentos tradicionais que organizam e dão sentido à actividade dos cientistas. A ciência é uma instituição das sociedades modernas.
Já os resultados da ciência (conhecimento científico) fazem parte da cultura universal. Estão acessíveis em diferentes escalas de espaço e tempo através do sistema simbólico que é a língua e dos materiais que lhe dão suporte. Obviamente, as ideias produzidas pela ciência são usadas e mesmo abusadas no âmbito das lutas sociais. Dão sentido aos projectos de sociedade em confronto e motivam a acção humana. As ideologias recorrem ao conhecimento científico !
Sendo instituição de uma dada sociedade, a ciência é produzida em redes sociais e em organizações onde se exerce o poder, se disputam bolsas, lugares na carreira, financiamento de projectos e outros recursos como o tempo para investigar. Deste modo, aquilo que se ensina e investiga, e os métodos que são usados, trazem a marca do que se joga na vertente social da ciência. A criatividade é pessoal, mas de uma pessoa que só o é em relação com outras pessoas, pelo que a ciência é (como todas as instituições) ao mesmo tempo social e cultural.
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