Os economistas John Eatwell e David Pitt-Watson recuperam, em artigo no FT, uma das intuições centrais de Keynes: a crise é um somatório de falhas de coordenação que só os Estados estão em condições de resolver. Peter Watson defende, também no FT, que no longo prazo dependemos de Keynes, aproveitando para corrigir a interpretação errada que por aí circula sobre o «longo prazo estamos todos mortos» (já aqui tinha feito o mesmo). No The Guardian, John MacFall, trabalhista que preside ao comité do tesouro na Câmara dos Comuns, defende que a recuperação do controlo e da direcção do crédito pelo Estado é a única forma de evitar a depressão. O regresso, em novos moldes, aos tempos mais tranquilos do regime financeiro administrado?
Entretanto, não deixem de ler o artigo inédito do economista norte-americano Gerald Epstein que o Le Monde Diplomatique – edição portuguesa disponibiliza no seu sítio, traduzido pelos docentes de Economia Internacional da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra - «A crise financeira global: evitar uma grande depressão e parar o actual ciclo destrutivo»: «Não há dúvida de que os governos e os economistas estão a esforçar-se por encontrar a resolução desta crise económica, e ao fazê-lo estão a redescobrir os princípios keynesianos, pós-keynesianos e heterodoxos, embora não queiram reconhecer que, em grande parte, as raízes da crise actual se devem ao facto de estes mesmos governos e economistas terem lançado para o caixote do lixo tais princípios – coisa que fizeram, desde há vinte e cinco ou trinta anos (...) A recessão transformou-se numa recessão global e consequentemente o relançamento económico também tem de ser global (. . .) A realização das políticas e dos programas para se evitar uma depressão global e para transformar as nossas economias – de modo a serem mais justas, mais estáveis e mais sustentáveis – deve ser feita em simultâneo».
Finalmente, a avaliar por este artigo e pelo primeiro capítulo, este livro de Jeffrey Madrick promete. Este é o tempo das alternativas económicas progressistas. No entanto, como lembra Epstein na conclusão do seu artigo, nada disto se fará sem uma profunda alteração da correlação das forças políticas e sociais. Ter propostas não chega.
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