terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A Economia no seu Labirinto

A imagem do labirinto, pela complexidade inerente, os caminhos cruzados, a procura e a construção de sentidos, oferece potencialidades para pensar a economia. Mas não uma certa economia. Com efeito, na vertente dita dominante desta área do saber, a imagem será mais linear, a de uma corrente, a principal corrente ou mainstream. Esse domínio tem-se traduzido na ausência de pluralismo, na pretensão de universalidade das teorias e soluções propostas e no esquecimento da história – a da própria disciplina e a dos homens.

Não é estranho, nem inédito, que as crises económicas, como a actual, conduzam a crises das explicações do mundo. O que será estranho é a preponderância de uma visão do mundo no contexto disciplinar da economia. Só a arrogância e a pretensão da opinião correcta (ortodoxia) não admite o erro ou as dificuldades encontradas na formulação de uma explicação clara dos fenómenos sociais a partir de um determinado esquema analítico. A vulnerabilidade da ortodoxia, que se confunde com a própria disciplina, radica nos mesmos factores da sua ‘força’, ou seja, na purificação teórica e na homogeneização dos curricula dos cursos de economia.

Não é a defesa de uma certa visão das coisas que é questionável. O que é questionável é apresentar apenas essa visão, o monopólio explicativo, práticas contrárias à natureza do trabalho científico e do ensino. Para além da exclusividade, a própria ideia da existência de um ‘paradigma dominante’ também não permite inverter a situação. Pelo contrário, a apresentação de uma disciplina como sendo dominada por uma certa visão e a apresentação desse facto de forma acrítica concorre para reproduzir esse domínio. A postura segundo a qual um economista, se o quer ser, deve saber sobretudo, ou exclusivamente, a perspectiva neoclássica encontra a sua fundamentação em argumentos de autoridade (ou de ignorância autoritária) e não de cientificidade. É legítimo ter a mesma exigência para outras perspectivas da disciplina. Por que é que um economista, se o quer ser, tem de saber, sobretudo ou exclusivamente, o paradigma neoclássico? Porque é o paradigma dominante. E por que é que é o paradigma dominante? Porque é o que ensina. E porquê? A resposta a estas perguntas passa por perceber que as razões desse ‘domínio’ estão nas pessoas e nas instituições onde se ensina Economia e não na disciplina. É a política da economia.

Não há a perspectiva, há perspectivas, há teorias económicas. A separação entre o mainstream e as outras correntes (tidas como ‘alternativas’ e, em certos contextos institucionais, esotéricas) não ajuda a definir uma forma de introdução ao património da disciplina que transmita a ideia de multiplicidade teórica e de construção de caminhos diversos que às vezes se cruzam. É a assunção da diversidade, e da complexidade, que permitirá colocar a economia no seu labirinto, humanizando-a.

1 comentário:

Anónimo disse...

Olha, parabéns pelo tópico. É bestial.
Se bem que não concordo com uma parte do que você disse.
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