sábado, 25 de julho de 2015

Referências


Qual Habermas, qual carapuça: o historiador marxista Perry Anderson, fundador da New Left Review, é que deveria ser uma das grandes referências intelectuais da malta que quer pensar criticamente a Europa. Não é por acaso que Anderson tem tido como um dos seus principais alvos o enfadonho, tantas vezes equivocado e volúvel teórico de Frankfurt (e estou apenas a cingir-me aos seus escritos sobre a integração, que conheço razoavelmente bem). De facto, considero que neste campo Habermas é o símbolo maior de tudo o que hoje está mal na esquerda europeia, o europeísmo pós-nacional que acaba por ter de cair explicitamente nos braços de Draghi, como de resto se vê logo no início deste artigo. E nem é preciso recuar às suas posições sobre a constituição europeia enviada para o caixote do lixo da história pelas classes populares francesas e por Anderson num artigo presciente...

Mestre da análise intelectual e política realista, profundo conhecedor da direita intransigente e das abdicações da esquerda, Anderson forja as analogias históricas pertinentes, do processo de unificação alemã nos anos sessenta do século XIX aos anos vinte e trinta do padrão-ouro e da depressão no século XX. Bom, o seu artigo na Jacobin, a revista que hoje está ombro a ombro com a sua NLR no firmamento intelectual da esquerda que não desiste, é Anderson destilado. A tradução do excerto é minha:

“No curto prazo, não há dúvida que Tsipras florescerá na ruína das suas promessas, tal como o líder trabalhista Ramsay MacDonald – a comparação estrangeira mais óbvia – o fez na Grã-Bretanha, à frente de um governo de unidade nacional, composto por conservadores e impondo a austeridade em plena Depressão, antes de ser enterrado pelo desprezo dos seus contemporâneos e da posteridade (...)

(...) O que dizer da lógica mais ampla da crise? Como todas as sondagens indicam, o apoio à UE caiu a pique, um pouco por todo o lado, na última década e por boas razões. É hoje amplamente vista como aquilo em que se tornou: uma estrutura oligárquica, infestada de corrupção, construída na base da negação de qualquer forma de soberania popular, impondo um amargo regime económico de privilégio para uns poucos e de austeridade para a maioria.

No entanto, tal não significa que enfrente qualquer perigo mortal por parte dos de baixo. É verdade que a raiva popular está a crescer. Mas o medo ainda é mais forte. Num contexto de insegurança crescente, mas que ainda não chega à catástrofe, o primeiro instinto consiste em aderir ao que existe, por muito repelente que seja, ao invés de apostar no que pode ser radicalmente diferente. Isso só mudará quando a raiva superar o medo. Por enquanto, os que vivem do medo – a classe política a que Tsipras e os seus amigos se juntaram – estão seguros.”

29 comentários:

Filipe P disse...

Já está na altura de deixarmos os açaimes.

Mário disse...

Sr João Rodrigues, concordo consigo quando diz que impera o medo (até a raiva se tornar mais forte). Mas não sei se estamos de acordo quanto ao medo. Medo de quê? De perder as liberdades? Não me parece que a generalidade das pessoas esteja preocupada com as liberdades democráticas.Medo de perder a soberania nacional? Que é isso, quando todos os ídolos são supranacionais? Medo de perder o emprego, sim, o tal emprego de que depende tudo o que, genericamente, os indivíduos desejam usufruir na vida, aqui e agora. Quem dá emprego? O empresário. Os "comunistas" ensinaram que era o Estado mas, pelo que se viu, o Estado deu o "sustento mínimo garantido" a troco de uma ditadura feroz. O individuo, o cidadão, a pessoa, não a aguentou. Por esta altura, os "empresários" sabem o que as pessoas mais querem, e têm os trunfos todos na mão. Morreu o Estado-Patrão-Pai-Protector! Santo é o "MERCADO"!Ideologias? Que é isso? Por acaso dão emprego a alguém? Existem e dão, sim senhor, emprego a um punhado de carreiristas políticos, sempre prontos a meter a ideologia na gaveta, se for necessario para assegurar o "tacho". Claro que subsistem uns tantos "cavaleiros da triste figura".

Unknown disse...

Devia haver eleições livres, para que os cidadãos possam escolher livremente!
Assim com na Coreia ou Cuba!!.

jvcosta disse...

Muito bem!

Anónimo disse...

A Historia e´ rica em experiencias/propostas das várias sociedades e seres individuais humanas.
As revoluções são disse o exemplo. Mais ou menos duradouras, acabam sempre por regressar ao leito de onde saiu, o “Povo“.
E´ este mesmo “Povo” criador de deuses, santos e heróis, que cria as revoluções e revolucionários, criador de ditaduras, ditadores e de Impérios, que num curto ou longo prazo tem a capacidade de destruir o que parecia eterno!
Criador da democracia, forma partidos políticos e sociais
Organizações humanas nascem como cogumelos – comunistas, socialistas, social-democratas, liberais e muitos mais!
Porque tanto odio a´ volta do Siryza, do Podemos?
Porque tanto odio a´ volta dos comunistas? Se e´ o mesmo povo que os cria.
Me parece que ainda nem chegamos a´ Utopia de Sir Thomas Moore… ou sequer a Campanela. E no entanto criamos o aço afiadíssimo que degola seres humanos…por o “Catraio”

antónio m p disse...

«... os que vivem do medo – a classe política a que Tsipras e os seus amigos se juntaram». Parece-me injusto, caro João Rodrigues.

Alexis Tsipras tem a coragem de sacrificar o seu prestígio pessoal no interesse dos gregos. As cedências às instituições são uma táctica financeira. O interesse da "classe política" que o João caracteriza, seria atirar os gregos contra a parede, esborrachá-los... heroicamente. Dessa coragem os gregos não precisam. Por vezes, dar um passo atrás é criar condições para dar dois em frente. A Grécia não precisa de mais deuses nem de mais tragédias, precisa de políticos generosos e inteligentes.

A dimensão do problema político do eurogrupo é muito maior do que o problema do Syrisa e da Grécia, é da dimensão de um continente, pelo menos. Mas o eurogrupo enredou-se no corpo do "inimigo" para o destruir e agora arrisca-se a naufragar com ele. Esta é que é a tragédia. Ou seria.

Jose disse...

Não gosto de me repetir, mas na circunstância:
«A incapacidade de descrever o cenário alternativo dentro de um quadro institucional credível transforma as alternativas em pura revolução com o que a caracteriza no essencial: faz-se e depois se verá.
Ora, para revoluções é preciso mais do que discursos inflamados e invocações vagamente coerentes.
É preciso que haja um mal maior, sentido e vivido; e por muito que se inflacionem os males presentes não se chega a nada que mobilize a desesperança.
»
E mais:

«A esquerda nem tem a coragem de assumir a ditadura do proletariado nem articula nada que se pareça com uma reforma credível do sistema capitalista.
Está pela maior parte transformada em associações de maldizentes que exprimem raivas e ocultam sonhos de autoritarismos que não têm coragem de exprimir claramente.
Daí o seu forte contributo para o teatral cenário que se vai instalando no debate político.
Os seus aderentes, por qualquer razão que cabe à psicplogia tratar, parecem satisfazer-se com esse estado de coisas, e dirigem toda a sua irritação a quem denuncie o enredo ou perturbe o coral, excepção feita aos que o fazem invocando os cânones da violência que todos sabem ser a própria essência do socialismo ...«com mão de ferro conduziremos o homem à felicidade» se não me falha a memória.»

Talvez me candidate a historiador marxista...

Anónimo disse...

O sempre atento António Cristovão continua com as suas usuais e muito inteligentes contribuições para um debate realmente esclarecedor... Não, caro António, nós, aqui na Europa, continuamos a ensinar ao Mundo o que é a verdadeira democracia. Pelos vistos, a verdadeira democracia é aquela em que o Povo decide quem o governará, mas quem se apanha no poleiro se está borrifando para aquilo que o Povo quer. Soa-lhe a alguma coisa de familiar? Faz-lhe lembrar um país em que, entre uma ida às urnas e outra, a pobreza continua a aumentar, a gente continua a emigrar para não passar fome, a educação e a saúde são cada vez piores, as pessoas são atiradas para o caixote do lixo do desemprego de longa duração por atingirem o termo do prazo de validade, mas em que, paradoxalmente, há uma minoria que se enriquece cada vez mais?

Anónimo disse...

Não gosta de se repetir , mas jose acha que o fazendo se pode travestir de "historiador". Sabe-se lá porquê quer apressadamente fazer a sua própria reeleitura pessoal da sua própria "análise"...Tal como tenta fazer quotidianamente a sua reescrita da História , com as amostras e as consequências de todos conhecida

"Mas que bojardas são estas?
Isto é da idade ou reflecte uma pecha impossível de superar?

Vejamos:
-Um cenário alternativo é agora uma questãa de capacidade ou não capacidade de as descrever? Se daqui resultar uma incapacidade então transforma-se as alternativas em pura revolução ( o que será uma revolução impura?)

-O que caracteriza no essencial uma revolução é "faz-se e depois se verá". Eis o paradigma de alguém que terá ficado no fundo da caserna a 25 de Abril à espera dum presente de aniversario dado pelo Kaulza? Mas francamente a estória pessoal não justifica tais dislates

Mas onde se denota que o pé começa a escorregar é quando há a reza sobre " o mal maior vivido" e a "inflacção dos males presentes" e a ausência da "mobilização da desesperança".

Curioso.Aqui denota-se já alguma preocupação pelo facto da desesperança ser já o horizonte prometido pelo Capital ( menos para os oligarcas capitalistas). Até a realidade começa a impôr-se à narrativa virtual dos axiomas neoliberais.
Mas não chega tal contastatação para apagar a sensação de deja vu deste último parágrafo do comentário do das 19 e 33.
Faz tanto lembrar o que uma alta patente militar terá dito a Marcelo caetano apenas uns dias antes da queda com estrépito do seu governo. Sim, naquela cena de ópera bufa , conhecida pelo beija-mão das chefias militares aos manda-chuva do governo fascista"

Esta foi a resposta originala jose (ou JgMenos nick usado para criar outras leituras , certo?)

Agora quer fazer crer que o seu texto coincide com o do historiador citado.
Atente-se em como a denúncia explicita da UE" " estrutura oligárquica, infestada de corrupção, construída na base da negação de qualquer forma de soberania popular, impondo um amargo regime económico de privilégio para uns poucos e de austeridade para a maioria."é travestida numa e cito" desesperança" néscia e cúmplice.

De

Anónimo disse...

Há mais uma citação com que jose quer fazer crer que a sua "visão " de colaboracionista confessado", a necessitar apenas dos arranjos dum reformista ( germãnico ou equivalente) que obedeça de pronto aos credores e aos agiotas coincide com a leitura de Anderson.

E quando se vê o estado de alma como tenta esconjurar quem não obedece à UE e à troika,verificamos que mais uma vez jose quer comparar o seu estimado Petain com quem não é de todo comparável.


"À desesperança confessada, segue-se agora um apelo piegas à reforma ( credível!) do sistema

O caso grego mostrou ( ou melhor, confirmou) que não há reforma possível dentro do sistema. Vir agora um tipo pieguicimamente confessar a sua vontade de tal reforma é simplesmente , permita-se que o diga , repelente.
E repelente porque será útil recordar que quem faz tal "apelo" é o mesmo que disse aquilo que disse sobre o caso grego e como ele "interpretou" da sua forma, a reforma (credível, entenda-se) do sistema capitalista. Interpretou-a entre a saudação da ordem a merkel e ao Dr Strangelove e o ódio mais primário pelos gregos. Adornados pelas cabeleireiros e pelos motoristas e pelas invectivas grosseiras a tudo o que não cumprisse as ordens da banca e da troika.

Daí que a "reforma" convocada " deste jeito hipócrita faça lembrar um exercício mal parido para temperar a "desesperança " confessada, mais uma necessidade pré-eleitoral condizente com as pieguices, mentirosas e sem escrúpulos, do passos. A que se associa uma negação de todo o tamanho da realidade em que vivemos e uma cumplicidade de classe com esta sociedade, que incapaz de se expandir e gerar lucros ao nível do passado, começa a consumir as estruturas que o têm sustentado.

(Quanto às raivas emitidas pelo das 11 e 36 elas estão por aí e atestam o género; E aqui não há qualquer falha de memória, infelizmente para o pusilânime que oculta sonhos de autoritarismo

"Às bestas serve-se a força bruta se forem insensíveis a outros meios"
Escrito aqui por jose/Jgmenos e dirigido a quem não lhe seguisse as manhas e os preceitos - da troika e dele )"

De

Jose disse...

Por fazer-se «o que o povo quer» caiu o Império Romano.
Pão e Circo são produtos políticos seguros e são os indredientes dos políticos que da democracia têm o entendimento que caracteriza os demagogos.

Anónimo disse...

Temos assim que "jose" cavalga a possibilidade de não existência de condições ( sobretudo subjectivas) para uma real e efectiva reviravolta ( leia-se se se quiser revolução) para exercer uma série de exercícios de apelo à rendição, à conformação com o "quadro institucional credível" ( o deles), à reforma do capitalismo ( deles) dentro do sonho húmido da porrada e do cacete, se não quiseres o modelo austeritário em anexo.
Para depois se voltar sôfrego contra as associações de maldizentes. Eis um termo precioso. Todos os que desmascaram a presente situação não passam disso mesmo...de maldizentes.Mesmo que seja para desmascararem o passos coelho mais a sua tecnoforma. Tenta assim "jose ou JgMenos" acantonar quem ousa dizer não e LUTAR ( ui,este tipo odeia a palavra) naquele cantinho dos estados psicológicos e da "esquizofrenia" já aqui algumas vezes denunciado (200.000 deficientes, mentais e físicos, foram assassinados pelos nazis sob o um progrma denominado "eutanásia"entre 1940 e 1945)

Faz assim simultaneamente o papel de polícia bom e de polícia mau, velho estratagema de qualquer associação torcionária interessada nas cousas de manutenção custe o que custar do Status quo.

De

Anónimo disse...

A esquerda não assume a ditadura do proletariado por que depois há quem confundam proletariado com lúmpem e ainda aparecem alguns esquerdistas pagos pela CIA a nomear o zé para qualquer lugarzito de ducador do povo

Anónimo disse...

O anónimo das 2 e 26 exprime com uma elegância indesmentível a questão da "democracia" made in UE

Um pedaço de um texto de Avelâs Nunes " Crónica em tempo de Guerra":

"A presença do grande capital financeiro no ‘governo’ da Europa do capital tornou- se
indisfarçável com a nomeação (em 2012) de Lucas Papademus como Primeiro- Ministro da Grécia e de Mario Monti como Primeiro- Ministro da Itália. Nem um nem outro foram eleitos para os parlamentos dos seus países, e muito menos foram eleitos pelo povo para exercerem as funções que lhes foram cometidas. São ambos banqueiros, nomeados para esta ‘comissão de serviço’ na vida política.
Mario Monti foi assessor do Goldman Sachs quando Mario Draghi era seu Director para a Europa, durante o período em que o banco americano orientou (regiamente pago) a ‘batota’ feita pelo Governo grego. Não deixa de ser simbólico o facto de Mario Monti ostentar também
no seu currículo a actividade como conselheiro da Coca- Cola.
Tal como Mario Draghi (que foi Director Executivo do Banco Mundial entre 1985 e 1990 e Governador do Banco de Itália, depois de, na qualidade de Director do Goldman Sachs, ter
ajudado o Governo grego a ludibriar as autoridades da UE), Lucas Papademus colaborou, como Governador do Banco Central da Grécia, na falsificação das contas públicas deste país.Ele e Mario Monti pertencem à Comissão Trilateral.
É inequívoco que os governos chefiados por Papademus e por Monti foram governos de banqueiros, apresentados como governos de técnicos, como se não fosse completamente absurdo admitir que pode haver uma solução técnica para problemas que são, essencialmente, problemas políticos. A verdade é que, não sendo juntas militares, eles foram verdadeiras juntas civis (Serge Halimi), constituídas à margem das regras do jogo democrático, humilhando os povos da Grécia e da Itália e traduzindo a menoridade da política e a negação da democracia.
(Não é de estranhar, por isso mesmo, que do Governo Papademus tivessem feito
parte ‘técnicos’ pertencentes a um partido político de extrema- direita, impedido de
participar em quaisquer governos desde a queda da ditadura militar na Grécia, em 1974.)

(De)


Anónimo disse...

Sustento a ideia de que e´ necessário muita coragem para se ser ou ate´ parecer ser comunista!
Desde a Revolução Francesa, passando pela Comuna de Paris
Nunca em tempo algum foi tao precioso lutar pela Liberdade como hoje.
Se não nos entendermos em defesa da Liberdade, o que hoje são só rebentos fascistoides, amanha esmagar-nos-ão…já feitos fascistas.
O odio do capital ao comunismo já vem de muito longe, ainda as pessoas não se davam como tal.
Ser comunista hoje, e´ a pretensão, tal como ontem, para o derrube de um sistema corrupto, mentiroso e ladrão. Ser comunista hoje e´ ter a capacidade de por fim ao capital.
Ser comunista hoje e´ ter a coragem de combater a ignorância e o obscurantismo que teima em sangrar os povos. De Adelino Silva

Anónimo disse...

"Por fazer-se o que o povo quer" caiu o Império Romano.

E ainda bem que caiu.

O pão e circo citados foram argumentos usados precisamente pelo império decadente. A sua utilização a meias com a pieguice pelo império em queda faz suspeitar da sapiência de quem os usa como arma de pretenso arremesso. Quer contra a democracia ,quer contra os pretensos demagogos.

Será demagogo um tipo que defende Pétain e que defende os agiotas? Pode sê-lo também e também ignorante.
Mas é de certeza muitas outras coisas mais.

De

Jose disse...

«O odio do capital ao comunismo já vem de muito longe...» Brilhante descoberta!
Posso mesmo arricar uma data: logo que a ideia comunista nasceu!
A seguir vem o mantra da Liberdade, como se tivesse algo a ver com o comunismo...e fecha com a proibição do capital, que também dá pelo nome de propriedade, esteio maior da Liberdade.
As tretas do costume!"

Anónimo disse...

As tretas do costume diz atabafadamente jose depois de ter invocado o santo e a senha do esteio maior da liberdade- a propriedade.

Aqui condensado o mantra do neoliberalismo e o velho ditado que pelo capital estão dispostos a tudo. Até a vender a própria mãe.

Mas a coisa vai mais longe e a pesporrência ideológica é apenas uma pequena parte da violência com que se processa a manipulação. Pura e dura

"Dizem os delatores do comunismo que os comunistas pretendem o fim da propriedade privada. Na realidade, o socialismo e o comunismo, defendem o fim da propriedade privada dos meios de produção. Ou seja, não é vedado a ninguém o direito de adquirir bens próprios desde que o faça com o produto do seu trabalho e que não use esses bens para explorar trabalho alheio.

Isto significa que os bens de consumo, as casas, os carros, as bicicletas, e todo um vasto consumo de outros bens, podem de facto ser adquiridos e constituir propriedade privada. Todavia, as matérias-primas e os meios de produção devem ser colectivizados, na perspectiva comunista. É o capitalismo que impede a propriedade privada, através da constituição de monopólios cada vez mais vastos. A acumulação da propriedade privada (dos bens e dos meios de produção) num cada vez menor número de entidades, significa a espoliação real de propriedade de todos os restantes. Em última análise, a propriedade privada é mais diversificada e mais massificada no socialismo do que no capitalismo, em que o proprietário tende para um e a dimensão da propriedade privada para infinito. "

Isto está escrito. Ponto final parágrafo. Não está escrito o que "jose" diz. Manda a simples honestidade que sejam repostas as questões nos seus devidos termos. Manda a decência que tais processos sejam de imediato desmontados e denunciados.
Infelizmente "jose" parece que não sabe o que é honestidade nem decência, Mas não desiste. De emitir as tretas do costume. Mas não só

De

Anónimo disse...

A "propriedade, esteio maior da Liberdade"?!!! Lá está o caro Herrr "josé" a tropeçar ora num ora noutro dos seus esclerosados neurónios. Podemos então depreender da sua sábia afirmação que os milhões de almas que neste Mundo nada têm de seu só serão "livres" quando tiverem uma hortazinha que possam chamar de sua? O que os tirará das garras da tirania não será a educação, a cultura e a mobilidade social que elas acarretam, não será o terem o tecto, a alimentação e a saúde que lhes trará o exercício do trabalho digno, não: o que os fará verdadeiramente livres e dignos será... a sacrossanta propriedade.
Atrevo-me até a sugerir, caro Herrr "José", que até poderíamos estender as virtualidades libertadoras do usufruto da propriedade à mera visão, certamente muito libertadora, por parte dos desapossados da extensa propriedade dos outros. Assim sendo, não houve neste Mundo gente mais livre do que os contratados das grandes fazendas de café do Norte de Angola, os quais trabalhavam gostosamente de sol a sol, com o incentivo de muita chicotada, para a manutenção dos sólidos alicerces da "liberdade" dos seus donos.

Anónimo disse...

Ao Sr. José seja ele quem for
Creio que estou perante um feroz anticomunista conservador e retrograda que se tem mantido vivo graças ao desrespeito pela vida.
O José, seja la quem for, e´ o ódio incarnado em si. Uma pessoa que se sente ferida pelos ideais vitoriosos de Abril de 1974.
Ainda assim, felicito-o pelo duro combate que faz a´ democracia e aos democratas. De Adelino Silva

João disse...

Parabéns, João Rodrigues.
Mais um contributo para a reflexão séria acerca dos tempos que vivemos e daqueles para que temos que nos preparar.

Jose disse...

Diz mais acima um 'comuna de três em pipa':

Terra? Nada!
Poupança/Investimento, rendas/juros/lucros? Nada.

"os bens de consumo, as casas, os carros, as bicicletas"
A liberdade de regressar a casa de bicicleta, esgotar a dispensa e morrer de inanição: a liberdade do comunismo,

Ricardo disse...

"Tudo" começou há cem anos http://utilidades-em-geral.blogspot.pt/2012/06/httpcaminhoalternativo.html hoje vemos a síntese a acontecer(dialética hegeliana meus caros!)e o caos de onde poderá sair a ordem(a deles,sentados em salas "escuras").Conseguem ver ou vão continuar a bater com a cabeça nas paredes da retórica ideológica?

Anónimo disse...

Três em pipa?
Comuna?

O que vem a ser isto?
Algum desespero a pontuar uma especie de diálogo que o não é, misturado com alguma pesporrência aprendida nos meandros iedológicos afins.

Nem decência, nem honestidade. Nem a verticalidade para corrigir os disparates que disparatou. E foge à desfilada atrás dos lucros e dos juros e das agitagens próprias de quem vende a alma a quem der mais.
A "propriedade" transmudou-se. Por alquimia.A liberdade de morrer á fome, sem tecto e sem saúde e com os juros agiotas e a canalhice de quem o sabe e quer manter a todo o custo este status quo

(Quanto à morte por inanição...isso queria ele)

De

Jose disse...

Semore reconheço os meus erros: a morte por inanição é proibida nos regimes comunistas; em substituição sempre há campos de trabalho.

Anónimo disse...

Parece que jose abandona o sofá amigo de flamengos suspeitos de cumplicicade com os verdugos e para o quais optara por se refugiar e reconhece os erros.
Ainda bem como método programático

Todavia parece que quanto à substância da "coisa " as coisas permanecem mal. Ou seja, tenta-se reduzir a zero o que se discute. E entre estes "zeros" e estes "nadas" assistimos à tentativa velha como a mais velha profissão do mundo de fuga ao que se debate. Pior , do que se afirmou debater. De que o exemplo da "propriedade" é um exemplar exemplo e ao qual o silêncio responde, desta forma patética

Infelizmente por aí nada de novo. Apenas esta triste nulidade.

De

Anónimo disse...

As saudades que Herrr "José" tem dos tempos em que a santa Supico Pinto fazia de cada um dos soldados semi-analfabetos arrancados ao seu torrão natal e mandados converter "turras" pela metralha para Angola, Moçambique e Guiné, um livre proprietário de um isqueiro, de um maço de tabaco, de um baralho de cartas...
Essa sua teoria da "liberdade", Herr "José", leva-nos a crer que, hoje em dia, não há neste país gente que faça mais pela liberdade dos portugueses que os investidores chineses que compraram tudo o que nele havia para comprar. Enquanto os magnatas (nacionais e estrangeiros) se empanturram com a liberdade terrena que lhes advém da sua novel propriedade, Herrr "José" comove-se - desconfio eu - com a suprema e única liberdade que assiste aos pobrezinhos: a de entrarem, em glória, no Reino dos Céus. À comoção pela boa sorte alheia, juntará Herr "José" a suma alegria da sua própria futura boa-aventurança, porquanto o Profeta Galileu garantiu que no portão do Céu têm entrada livre não só os pobrezinhos, mas também os pobres de espírito.
Em conclusão: a César o que é de César; a Deus o que é de Deus; à mais pura ignorância o que é da mais pura ignorância.

Daniel Santada disse...

Sempre me foi difícil perceber reflexões constituídas por somas de postulados

Anónimo disse...

É compreensível caro Daniel Santana.Os postulados neoiliberais caiem todos os dias e só não vê quem não quer ver.A compreensão do fenómeno não parece todavia muito difícil de alcançar nem as "reflexões" geradas à sua volta.

É como ver as reflexões do PS em torno dos mesmos postulados e verificar que ( infelizmente) bebe da mesma água feita de axiomas da escola de Chicago

Uma tristeza a cheirar ( mais uma vez infelizmente) a pústula

De