quinta-feira, 16 de julho de 2015

Fundo de Activos ou Pacote de Indemnizações?

Depois de ter sugerido a Jack Lew que a Europa poderia «ficar com Porto Rico na zona euro, se os Estados Unidos estivessem dispostos a levar a Grécia para o dólar», e de surgir no Conselho Europeu do passado fim-de-semana a hipótese de transferir um fundo de activos gregos (no valor de 50 mil milhões de euros), para uma instituição independente no Luxemburgo, gerida por um banco estatal alemão que tem o próprio Schäuble como chairman e Sigmar Gabriel (líder do SPD e responsável pela pasta da Economia) como vice-chairman, o ministro das Finanças alemão veio ontem dizer que cabe ao governo grego encontrar uma «solução de financiamento temporário para a Grécia», tendo em vista resolver as necessidades urgentes de liquidez.

Se não vivêssemos em tempos virados do avesso, com a Europa dominada pelos interesses financeiros e bancários, em vez de exigir ao governo grego as tais ideias para a constituição do referido fundo de activos (que sirvam de garantia de empréstimos), Schäuble estaria incumbido de uma outra tarefa: a de estimar o valor do pacote de indemnizações a atribuir à Grécia, pela destruição provocada na economia e na sociedade, em resultado do fracasso das políticas de austeridade impostas ao país nos últimos cinco anos.

Aliás, se estivéssemos numa sala com políticos adultos, responsáveis pelas suas decisões e pelas consequências das suas imposições, nenhuma negociação com o novo governo grego, eleito em Janeiro, poderia ter-se iniciado sem que antes fosse feita uma avaliação muito séria do fracasso da austeridade. Mais que isso, nenhum governo europeu que se afirma socialista ou social-democrata - e que reverbera a sua oposição à austeridade - poderia ter condescendido e pactuado com o tipo de medidas impostas à Grécia no célebre «acordo» do passado fim-de-semana. Medidas que insistem no erro, prolongando e acentuando a devastação já causada, e cujo apoio por parte desses governos ditos de esquerda - mas que continuam na defensiva e incapazes de sair da toca dos calculismos - descredibiliza de uma penada, na prática, quaisquer discursos contra a austeridade e em defesa de verdadeiras alternativas para sair da crise.

24 comentários:

Anónimo disse...

A Alemanha pretende saquear a Grecia, depois de nunca ter pago nem as indemenizações de guerra nem as indemenizações pela política ruinosa impsta à Grecia desde há cinco anos.O Euro tem sido o principal instrumento de dominação.Verificamos tambem naquilo em que se transformou o SPD alemão , num partido de direita.

Anónimo disse...

A figura que colocou no post mostra dados impressionantes sobre a evolução de alguns indicadores nos últimos anos. Mas há quem argumente que, no caso das pensões e dos salários, por exemplo, mesmo com essas reduções o nível actual é ainda superior ao de outros países da UE. O que significaria que, mesmo com essa evolução negativa, a situação actual em termos de salários e pensões seria melhor do que nesses países.

Tem dados que confirmem ou desmintam esses argumentos?

Edgar disse...

Para além das indemnizações, deveria haver responsabilidade criminal pelas mortes (suicídios, mortalidade infantil e de idosos, mortes por falta de assistência médica e de medicamentos, etc.).
Parece impossível - mas é revelador - que Passos Coelho e o PS (louvando o papel dos socialistas europeus no acordo)se tenham associado ao novo pacote que vai agravar ainda mais a situação na Grécia.
A social-democracia, enredada nos compromissos com o capital financeiro, rendeu-se, traiu, e está a desaparecer.

Anónimo disse...

"Cáritas Europa: Portugal foi o país com maior aumento da taxa de risco de pobreza"
http://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/caritas_europa_portugal_foi_o_pais_com_maior_aumento_da_taxa_de_risco_de_pobreza.html

O quê? Não foi a Grécia, que vive uma catástrofe humanitária? Com quase 100% de aumento da taxa de pobreza, como mostra o post?

Se é assim relativamente ao aumento da taxa de risco de pobreza, como será relativamente aos outros indicadores mostrados no post e relativamente a outros países da UE?

Estranho.

Anónimo disse...

Deixem-se de índices de pobreza e das percentagens de ricos. Deixem-se disso!
Aquele que disse que e´ mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha de que um rico ir pro Ceu também enganou.
O erro e´ ser pobre de espirito – o erro esta no medo de ser o próximo na escala. Por exemplo, não quer ser pobre, e sou!
Se fosse rico continuava a não querer ser pobre !!!!
Faz-se uma constituição da república na base das classes dominantes de momento. Refaz-se essa mesma constituição na base das forças dominantes de momento.
Pelos vistos e´ a problemática da Luta de Classes!
Va´ la´…deixem-se disso….. ….. Por Adelino Silva

Unknown disse...

Partir duma base errada pode fazer com que a boa argumentação seja uma farsa.
Nada nas posições de todos os actores e nos tratados da UE, indica que as responsabilidades de governação dum país são transferidas para fora; pelo contrario o que sempre foi amplamente afirmado é que se está a perder a independência.
Falar agora de alijar as responsabilidades dos governos gregos parece um pouco hipócrita e baseado numa premissa de partida errada

Anónimo disse...

A imposição à Grécia desse Fundo de Activos só corresponde à oficialização de uma coisa: os gregos tornaram-se meros inquilinos do seu próprio país. Temos, assim, um protectorado (ou será uma colónia?)em plena Europa. Esta Europa tanto avançou no aperfeiçoamento da "democracia" que regressou a tempos anteriores a 1922, altura em que os patriotas irlandeses se libertaram do domínio do Império Britânico.
Estranhamente, ainda há quem ponha as coisas, no que à aprovação desta monstruosa humilhação da Grécia diz respeito, dentro da designação de "mal menor", pois terá sido evitada a saída do país da Zona Euro. Engana-se quem assim pensa: depois de ter sido completamente destruída pela "ajuda" dos "solidários" Estados da UE, a Grécia sairá inevitavelmente da Euro Zona.
Enquanto a tragédia grega se consuma, a querida "esquerda moderada" europeia rejubila ao insistentemente apontar a "capitulação" de Alexis Tsipras e do Syriza. Esquece-se essa esquerda moderada que houve uma vergonhosa capitulação muito anterior à de Tsipras: a dela própria. Essa "esquerda moderada" continua cegamente o seu joguinho rotativista com uma direita que só dela se distingue por se chamar...direita. Essa "esquerda" não se deu conta, não se dá conta e não se dará conta de que esse poder que pretende disputar à direita não passa de um monte de escombros que flutuam à tona deste miserável naufrágio europeu.

Anónimo disse...

Nessa "toca dos calculismos", as afirmações de António Costa acerca do "acordo" grego fazem-me lembrar a lógica daquelas de Pinto da Costa a respeito de Maxi Pereira: se é dos outros, é uma besta, se é nosso, torna-se, milagrosamente, bestial. Aquele seu protesto de que o desastre só foi "evitado" devido à acção dos socialistas do Euro Grupo é risível. Por mais voltas que Costa dê, esses socialistas foram parte voluntariamente integrante da consumação das políticas suicidárias da UE e da desastrosa e vergonhosa humilhação da Grécia. Não é por se reclamarem de "socialistas" que acções de um indigente calculismo passam a ser de um "realismo" muitíssimo louvável nas suas "benéficas" consequências.O resultado inexorável do calculismo socialista será o mesmíssimo resultado do da acção criminosa da pandilha direitista e germanófila: a destruição ( totalmente consumada-é só ver o quadro anexo ao "post")da Grécia e do povo grego. Este pesadelo - o da Grécia, do seu povo e da própria UE - é um trágico e miserável caso em que as acções de uns (Merkel,Schäuble e respectivo gangue) e as omissões e as pífias acções de outros (Hollande e o demais "socialistas descafeínados") simetricamente se equivalem nos seus terríveis resultados. Se aqueles entraram na terra queimada grega para a roubarem até da sua dignidade,estes ficaram à porta a assistir ao massacre, ao mesmo tempo que tentam convencer os gregos da imensa bondade e caridade das acções dos primeiros. Que tristeza...

maria disse...

pois é! só mesmo o PCP, com todas as análises rigorosas já feitas há muito tempo, tem razão ao afirmar que teremos de analisar TODAS AS POSSIBILIDADES DE PORTUGAL SAIR DO EURO!!!!
tal como o diz o Partido Comunista Grego-KKE! não só demonstrou que mesmo fazendo referendo pelo não, o sim passaria!!! como defende abertamente a saida do euro e a tomada dos sectores produtivos e bancários na não do Povo!!!
em Abril de 1974 fez-se o mesmo num pais distante da europa ocidental....

Jose disse...

Tadinhos dos governos gregos!
A quererem governar tão bem, a cuidarem das cabeleireiras e outros atletas de desgaste rápido, a darem uma só viatura a tantos motoristas e outras medidas marcadamente progressistas e logo vêm esses germanos paranóicos a desfazerem um modelo de sucesso e a imporem a austeridade!
É devida uma forte indemnização e pública admissão de que o modelo de governança grega é a luz que há-de guiar a Europa.
Se Aristóteles nos ensinou a pensar, Tsipras nos ensinará a governar.

meirelesportuense disse...

Há uma pergunta que considero essencial colocar, para poder ajuizar melhor todo este estranho processo da Dívida dos Estados.
1-Como se processam -em termos mais ou menos simples- as transferências dos Títulos de Dívida adquiridas pela Banca e recolocados na esfera de responsabilidade dos Estados?...Como realmente se efectivam em termos práticos estes movimentos?...
Agradeço toda a ajuda e esclarecimentos que me possam facultar.

Anónimo disse...

Pois, o PS descredibiliza, mas o crédito também já é nenhum, deste e dos outros nesta Europa. De sociais-democratas não têm rigorosamente nada e muito menos de socialistas, no sentido dos termos e da sua substância.

Anónimo disse...

Se algumas dúvidas me restassem acerca daquilo que afirmei nos comentários das 16.45 e das 18.31, o visionamento da "Quadratura do Círculo" e da "Prova dos 9" desta semana deram com elas no charco. No programa da SIC, foi um dó de alma ver Jorge Coelho e Lobo Xavier a fazerem parelha na contradição das sábias palavras de Pacheco Pereira acerca da miserável traição aos gregos. Já no programa da TVI, foi essa rara inteligência política que é Francisco Assis a fazer com Teresa Leal Coelho um alegre fandango sobre o cadáver da Grécia, enquanto Fernando Rosas murchava ante o triste espectáculo. Convenhamos: se a estratégia eleitoral do PSD e do CDS é a aposta na generalização do medo na totalidade do luso eleitorado, já o PS faz seu o palpite de apostar na instilação do medinho no eleitorado mais dado às rebeldias da esquerda mais "radical". Não é tanto a questão da natureza da vacina a utilizar que divide uns do outro; o que verdadeiramente aparta um (PS) dos outros (PSD/CDS) é a quantidade da dose a aplicar ao paciente. O "Centrão" a mostrar a sua mais completa incapacidade de ter qualquer noção do abismo: enquanto o "Titanic" se afunda, os partidos de Passos,de Portas e de Costa fazem contas de cabeça e dançam alegremente ao som da fantástica orquestra "O Alegre Carrossel".

Anónimo disse...

Se virem por aí um sujeitinho aos saltos, não há que enganar - é o nosso querido "José". O dito senhor não cabe em si de contente com o retorno do Além de um dos ajudantes do Messias austríaco. Pois é: Neville Chamberlain reencarnou na fé apaziguadora de Hollande e companhia. O senhor "José" rejubila com o Acordo de Munique (parte II) que arrasou com a Grécia.Será conveniente lembrar ao senhor "José" que, ontem como hoje, à bonança inicial dos projectos colonialistas raramente corresponde um final feliz dos mesmos. É a vida, "José".

Anónimo disse...

"tadinhos dos governos gregos"

Eis como de jacto o das 22 e 52 confirma aquilo que se disse.Repete desta forma...nauseante, o estribilho do que de pior tem quem tem este ódio profundo à Grécia e ao seu povo.

Está lá quase tudo. Toda a panóplia dos invertebrados neoliberais que se repetem e que fazem colar aos gregos os sete pecados mortais saídos directamente dos gabinetes de informação da troika.
Vejamos: eis as cabeleireiras, e os atletas de desgaste rápido, e os motoristas de uma só viatura. Argumentos de "peso" a validarem uma postura que tem semelhanças com os hinos de ódio cantados pelos nazis quando se referiam aos judeus. A mesma boçalidade imbecil, a mesma extrapolação fanática, a mesma corrente primitiva dirigida contra todo um colectivo com intuitos racistas.

O caso assume pormenores caricatos quando é referido o termo "governança" , termo conhecido para designar os governantes venerados até ao limite pelo das 22 e 52. E assume aspectos mais sérios quando paralelamente se sente o pulsar de submissão e de endeusamento dos "germãnicos " , modelos amados dos drs strangelove que comandam as marionetas da governança sacramental

Aristóteles, o grego, deve sentir náuseas de ter sido citado por um que assumidamente odeia o conhecimento e tem da filosofia aquele entendimento perene do neoliberalismo axiomático e criminoso.

Aristóteles para quem a felicidade seria o objectivo mais elevado da vida e que não se compadece nem com o ócio nem com a pobreza. Pobreza que é defendida da forma abjecta que se conhece pela governança nacional, europeia e troikista

"Para Aristóteles, na sua “Ética a Nicómano” (seu enteado) a virtude seria um meio entre dois extremos, entre dois vícios: um por excesso outro por defeito. A justa medida tem de ser encontrada entre os extremos sem se deixar dominar por qualquer deles. O excesso de Estado pode ser tão perverso como o contrário, por isso fascismo e neoliberalismo são duas faces da mesma moeda: a imoral extorsão da mais valia criada pela força de trabalho.
O meio a que Aristóteles se refere, seria encontrado procurando em cada circunstância o que mais convém à natureza humana. De que fala o filósofo ao mencionar virtude e natureza humana? Será o objectivo mais elevado da vida a virtude moral? Não, segundo o mestre, pois pode-se ser virtuoso e moral no ócio – voluntário ou não – e na pobreza. O objectivo mais elevado da vida será, pois, a felicidade que não se compadece com aquelas duas situações.

De

Jose disse...

Meireles, julgo que a coisa se passou assim:
Os bancos perdoaram 100.000.000.000,00 de euros à Grécia e em troca o BCE comprou-lhes outro tanto de dívida grega.
Continuaram e continuam os resgates e a dívida a subir e os gregos a reclamar...tadinhos!
Nota: os bancos, esses maus-da-fita, movimentam dinheiro em que: um cagagésimo é dinheiro de accionistas; acrescente-se-lhe até 10% com os depósitos de clientes; o resto são expectativas de dinheiro.
O mistério é o seguinte: o banco A cria uma expectiva de dinheiro ao cliente X que com ela paga ao seu fornecedor Y que deposita no banco B que vem cobrar dinheiro vivo ao banco A, ou que é eventualmente compensada com uma expectativa de dinheiro criada pelo banco B. Se X não paga a A este tem um prejuízo efectivo. Com valores e casos bastantes não cobre nem expectativas nem depósitos.
O capitalismo é esta maravilha da técnica...vão-se as expectativas, vai-se o emprego.

Anónimo disse...

Jose

tanta retórica para nem sequer conseguires explicar um "cagagésimo" do que é a alavancagem permitida aos bancos e quão mal é regulada
mais...as expectativas são parte do comportamento humano que por sua vez influencia os mercados mas as expectativas não surgem do nada e podem e são manipuladas
acho piada falares das expectativas que no fundo são parte do mecanismo da procura quando os teus amigos atacam a coisa, erradamente, pela oferta
Quanto ao resto mais do mesmo...não passas dum sabujo raivoso...e profundamente ignorante

Anónimo disse...

A pesporrência ideológica de quem faz o serviço da banca tem em jose um exemplo validado

Veja-se o introito: Os bancos perdoaram um ror de euros à Grécia ( por extenso fica mais "pesado" e se se acrescentar mais os zeros dos cêntimos parece ainda maior. Certo? )
Isto é uma nódoa. Uma vergonhosa nódoa

Quem diz tais barbaridades, desta forma e deste jeito, merece o quê?

De

Anónimo disse...

Com os resultados da austeridade que estamos a ver na Grécia, Portugal e outros países e que constituem autênticos crimes contra a humanidade com autoria do Eurogrupo, da Comissão europeia e restantes capangas, tudo sob a batuta nazi da Alemanha e dos seus mais fieis servidores, não consigo perceber como é que o Tribunal Penal Internacional ainda não foi chamado a fazer alguma coisa.
É que, se bem vejo, o que está ser feito por parte destes individuos( os servis e os mandantes) constitui uma grave e intencional e por isso dolosa ofensa aos direitos humanos e por isso susceptivel de ser apreciada pelo TPI.
O meu apoio aos anónimos das 12:04 e das 15:09.

Anónimo disse...

Um reparo que é da mais elementar justiça: o quadro que acompanha o Post é um verdadeiro achado.

O outro reparo é que o parágrafo em que se nomeia Aristóteles, na sua “Ética a Nicómano”,é de Daniel Vaz de Carvalho

Os capitalistas respondem ao colapso das suas economias nacionais, por eles engendrado, tornando-se predadores do crédito e especuladores globais. Emprestam dinheiro a taxas de juro exorbitantes à classe trabalhadora e aos pobres, mesmo sabendo que o dinheiro nunca poderá ser pago, e vendem depois esses pacotes de dívida, de “swaps”, de obrigações e de acções aos fundos de pensões, a cidades, a firmas de investimento e a instituições. Esta última forma de capitalismo é erguida sobre aquilo que Marx denominou “capital fictício.” E conduz, como Marx sabia, à volatilização do dinheiro.

Uma vez que os tomadores de crédito hipotecário “subprime” começaram a não cumprir, conforme os grandes bancos e firmas de investimento sabiam ser inevitável, teve lugar a crise global de 2008. O governo resgatou os bancos, em grande parte emitindo dinheiro, mas deixou os pobres e a classe trabalhadora (não falando nos estudantes recentemente largando o ensino) com dívidas pessoais devastadoras. A austeridade tornou-se a política. As vítimas da fraude financeira iriam ser obrigadas a pagar a fraude. E o que nos salvou de uma depressão explosiva foi, de acordo com uma táctica que Marx teria achado irónica, a intervenção maciça do Estado na economia, incluindo a nacionalização de grandes empresas como as AIG e as General Motors.
O que vimos em 2008 foi o desempenho de um Estado-providência para os ricos, uma espécie de socialismo de estado para as elites financeiras previsto por Marx. Porém, atrás disto vem um crescente e volátil ciclo de fartura e escassez, levando o sistema para mais próximo da desintegração e do colapso. Sofremos duas grandes crises bolsistas e a implosão dos preços da propriedade numa única primeira década do séc. XXI.

As grandes empresas que detêm os media trabalharam horas extra para venderem a um público desnorteado a ficção de que estamos a ter uma recuperação. Os números do emprego, através de uma diversidade de truques que incluem fazer desaparecer das listas de desemprego os desempregados há mais de um ano, são uma mentira, tal como o é praticamente qualquer outro indicador financeiro anunciado para consumo público. Vivemos, na verdade, na fase crepuscular do capitalismo global, que pode ser surpreendentemente mais resiliente do que esperamos, mas que não deixará de ser definitivamente terminal. Marx sabia que, uma vez que o mecanismo do mercado se tornasse o único factor determinante para o destino do Estado-nação, do mesmo modo que para o mundo natural, ambos seriam demolidos. Ninguém sabe quando tal irá acontecer, mas que há-de acontecer, talvez mesmo dentro do nosso tempo de vida, isso parece seguro.
“O que é velho está a morrer, o que é novo luta por nascer e no interregno há muitos sintomas mórbidos,” escreveu Antonio Gramsci.
O que vier a seguir depende de nós."

Chris Hedges
(esteve cerca de duas décadas como correspondente estrangeiro na América Central, no Médio-Oriente, em África e nos Balcãs. Enviou trabalhos para mais de 50 países e colaborou para o The Christian Science Monitor, a National Public Radio, o The Dallas Morning News e o The New York Times, no qual foi corresponde estrangeiro durante 15 anos).

(De)

Anónimo disse...

A Alemanha está novamente em busca do "Espaço Vital". O ataque á grecia não deixa quaquer margem para duvidas.
Os partidos Socialistas do Sul da Europa têm de se convencer que o processo de integração europeia não é possivel com a Alemanha.
O partido Socialista italiano já desapareceu , o Pasok grego poderá seguir o mesmo caminho, o Português e o Espanhol encontram-se envolvidos em grandes contradições e com um discurso cheio de ambiguidades,o francês encontra-se muito dividido e preso ao Eixo dominante da Europa Ocidental Paris- Berlim, o que não lhe dá margem para poder seguir uma política independente desse Eixo, embora a sua ala esquerda pratique algumas vezes um discurso de apologia com a rotura.
Quanto aos Nórdicos com excepção dos fnlandeses não alinharam com o Euro.A Noruega e a islândia nem sequer aderiram á União Europeia , continuam na EFTA.A finlândia , o uníco que aderiu ao Euro está em regressão económica.Este País caracterizava-se por ter uma economia sólida e de bem estar antes de aderir ao Euro, tem visto contudo ultimamente os seus sectores de tecnologia de ponta em franco retrocesso.
Uma questão que deve ser debatida em Portugal , nomeadamente no seio da Esquerda é se valeu a pena trocar a EFTA pela CEE.Ao contrário do que se pensa a EFTA não é apenas composta por quatro países isolados ,esta organização tem acordos de cooperação com diversos países de diversos continentes

Anónimo disse...

Só mais uma achega, na linha do anónimo “23:39” para rematar esta total divergência entre os termos e a essência do dito socialismo e social-democracia na Europa, e que é uma autêntica cereja podre sobre um bolo bolorento: o SPD (PS alemão) e o Gabriel (Costa alemão) coligados com a Merkel e o Schauble (PSD/CDS alemães) a repartirem entre si o produto do saque feito ao povo grego. Os PS’s, social-democratas deslumbrados com o poder do capital, que assumam a escolha que fazem, mudem de nome e parem de atraiçoar e enganar os povos.

Jose disse...

Os gémeos estão cada vez melhores!
A competição do disparate promete novos e empolgantes episódios.

Anónimo disse...

O "Tadinhos dos governos gregos!", as cabeleireiras e outros atletas de desgaste rápido", "os motoristas", " os bancos perdoaram" todos estes "disparates" desapareceram num ápice , qual fumo desbaratado por uma simples aragem
Um outro processo de fuga conhecido é este. Mas é mais do que isso. É o cumprimento ritual e persistente doutro postulado de Goebbels

"Principio de la transposición.
Cargar sobre el adversario los propios errores o defectos, respondiendo el ataque con el ataque."

E o mais do resto é o silêncio completo e pesado sobre o que se diz e o que se debate.

Aristóteles, o grego ,que ensinava que todo o conhecimento e todo o trabalho visam algum bem, já que o bem é a finalidade de toda a acção, dizia que a busca do bem é o que difere a acção humana da de todos os outros animais.
Não conhecia Aristóteles a imundície imunda da teologia do Capital. Ou adivinhava-a e classificava-a já como animalesca

De