sexta-feira, 10 de julho de 2015

Guiões de leitura para as negociações gregas

Concordo com quase tudo o que Francisco Louçã escreveu hoje na sua coluna do Público - e que vale a pena ler, para ajudar a descodificar o que se vai passar na Grécia até domingo.

Há uma pequena nuance na minha interpretação: é possível que um "pacote de ajuda humanitária" (que FL vê como sendo necessariamente uma derrota para a Grécia, caso seja a única compensação efectiva pelas cedência gregas) seja a forma de conseguir o que é necessário - criar liquidez na economia grega, de modo a gerar rapidamente actividade económica e emprego - sem que as instituições europeias percam a face.

Simplificadamente, a ideia é esta: "obrigam" o governo grego a declarar que a consolidação orçamental vai ser maior do que o que estava previsto na proposta recusada em referendo (para não deixarem demasiados nervosos os Rajoy e Passos Coelhos deste mundo), mas ao mesmo tempo proporcionam à Grécia os recursos financeiros necessários para tirar a Grécia do sufoco (sem custos financeiros para o Estado helénico, porque a "ajuda humanitária", em princípio, não é um empréstimo). Tudo isto depende, claro está, dos montantes envolvidos nessa "ajuda humanitária" e na forma de a implementar.

Este é para mim o critério fundamental para decidir se o governo grego obteve um acordo que vale a pena: vai ou não conseguir injectar liquidez suficiente na economia grega nos próximos meses, de modo a criar emprego de forma substancial nos próximos anos, sem que para tal tenha de aceitar em troca a destruição do Estado Social e dos direitos laborais.

Para sabermos se um eventual acordo (se for obtido) cumpre ou não estes critérios vai ser necessária uma análise mais aprofundada dos termos desse acordo. Não esperem que os membros do governo português ou os comentadores televisivos do costume se dêem a esse trabalho: seja qual for o resultado deste processo, a leitura será sempre de que a Grécia foi castigada por se ter atrevido a dizer o que pensava...

27 comentários:

Ricardo disse...

Qualquer acordo agora que ponha de parte(ou que diga deixar para mais tarde)a tal restruturação da dívida será uma derrota(tendo em conta afinal o pedido de novo "resgate" com mais austeridade(12 mil milhões?)para a Grécia que votou Oxi(não)no refendo.Para a Grécia dos oligarcas e dos formatados no euro(custe o que custar)será uma alegria.

Anónimo disse...

O acordo da Grécia terá sempre dois planos de análise: o político e o económico/financeiro. Do meu ponto de vista o artigo de FL procura estabelecer um enquadramento de análise centrada no plano económico/financeiro porque no plano político a questão é simples: o governo Grego negociou durante 5 meses para no fim ceder em todas as linhas vermelhas. Não há alternativa à austeridade dentro do Euro. É uma análise simplista como são todas as análises políticas, e FL procura estabelecer um quadro de análise (com que concordo) que permita contrariar este simplismo centrando-se nos aspectos económico/financeiros, para assim aduzir argumentos ao plano político.
Vai ser muito difícil, qualquer que seja o acordo e dos seus detalhes, nomeadamente porque as convulsões políticas (no parlamento, no partido, ...) e as manifestações sociais (de rua) vão fornecer argumentos sólidos para uma análise política simplista: o governo Grego negociou durante 5 meses para no fim ceder em todas as linhas vermelhas. Não há alternativa à austeridade dentro do Euro. E é essa narrativa que se vai sempre sobrepor a qualquer análise detalhada.

Anónimo disse...

"ajuda humanitária" para disfarçar o desaire do projecto neoliberal europeu, estava indo tão bem, o povo é preguiçoso, andaram a viver acima das possibilidades, logo, não há alternativa.
O tempo em que a chantagem e as mentiras neoliberais tinham grande efeito já foi, agora segue-se o inevitável declínio.

Anónimo disse...

O Francisco Louçã anda a apanhar bonés.

A dívida grega é incomportável, insustentável, impagável, mas não é o problema imediato. Um abatimento do valor (um “perdão” como nada inocentemente se lhe chama agora) está “excluído” (Merkel dixit) e o Syriza, desde muito cedo, contrariando explicitamente o seu programa eleitoral, aceitou-o.

Uma extensão dos prazos, do período de carência, a diminuição dos juros, não impossível, mas muito improvável em dimensão significativa, de qualquer modo só aliviaria muito ligeiramente os encargos com os juros. A Grécia, com um PIB semelhante ao português e uma dívida pública substancialmente maior, paga bastante menos juros que Portugal. É muito duvidoso que os credores aceitem reduzir de novo apreciavelmente este encargo. Que, no fundo, é aquilo que verdadeiramente recebem, porque a dívida, de uma forma ou de outra, é verdadeiramente impagável, embora o reconhecimento do facto possa ser adiado com a sua rolagem.

Seja como for, qualquer diminuição do encargo com os juros é fundamentalmente anulado pela resignação do Syriza com as metas dos excedentes primários que os credores reclamavam. Nenhuma reestruturação da dívida em discussão neste momento terá efeitos significativos no alívio da austeridade. Se é que haverá alguma, pouco mais do que simbólica, para evitar a humilhação completa do governo grego.

O dinheiro que chegar entra por uma porta e sai por outra, para pagar as amortizações da dívida ao FMI, ao BCE e, mais tarde, da componente europeia do empréstimo da troika. A austeridade, essa, sai reforçada.

A ajuda humanitária de que fala o Ricardo é outro delírio. Talvez haja alguma ajuda caritativa, para remendar casos de necessidade extrema. Não há é nenhuma “injeção de liquidez” para criar emprego ou qualquer tipo de investimento, disfarçada de ajuda, para que os Rajoys e Passos Coelhos (como se fossem estes o principal problema…) deste mundo fazerem de conta que não viram.

Mas então não se percebe o que se está a passar?

Os gregos, a população grega, com uma coragem que, apesar da posterior traição do seu governo e da direção do Syriza (honra ao ministro da indústria, ambiente e energia, desse partido, que se recusou a assinar a proposta do executivo), ficará na história desse país e do continente, ousou votar Não ao ultimatum da troika, vencendo as pressões e a chantagem mais terríveis que alguma vez se assistiu no espaço comunitário desde a sua constituição, com a perfeita consciência de que corria um grande risco de ser empurrado para fora da moeda única.

O próprio primeiro-ministro, a maioria do governo, o núcleo hegemónico da direção do Syriza, que tinham lançado e convocado o referendo, formalmente à proposta da troika, e que tinham, apesar de todas as suas contradições, tibiezas, hesitações e vacilações, feito campanha contra a aceitação, depois de respaldados pelo seu povo, contrariam explicitamente, diretamente, completamente, o referendo, legal e vinculativo, para aceitar a proposta da troika, exatamente como se o resultado tivesse sido o simétrico.

(continua)

Anónimo disse...

(fim)

A grande questão é que o grande problema da Grécia, no imediato, não é a dívida, nem os juros nem as amortizações (sem de maneira nenhuma desvalorizar essa questão), é a liquidez do seu sistema bancário e, em alguma medida, do funcionamento do Estado. Para resolvê-lo, sem ceder ao tal ultimatum dos credores, que a população se atreveu a recusar no referendo, só havia uma maneira, por muito indesejável que fosse a sua concretização sem a adequada preparação: a emissão de moeda própria, a rutura com a união económica e monetária.

Que, já agora, acrescente-se para elucidar os xuxinhas do Livre/Tempo de Recuar, figuras tão insuspeitas como o próprio Giscard d’Estaing, o “pai” da abortada (e semi-recuperada) Constituição Europeia, consideram que não implica nada a saída da UE.

A partir do momento em que faltou ao primeiro-ministro, ao governo, à direção do Syriza, a coragem que mostrou o povo grego, e se ajoelharam perante os credores, como touro vencido que se entrega à lâmina do matador, estes perceberam, ou confirmaram, que podiam fazer deles o que muito bem quisessem, até mesmo conceder a graça de não lhes darem a estocada final.

Sonhar com reestruturações da dívida ou ajudas humanitárias substanciais é não ter percebido nada do que se passou.

Edgar disse...

Não vale a pena tentar esconder a realidade: apesar do rotundo não e da determinação do povo grego, que representa um mandato inequívoco (mais um) contra a austeridade,o governo do Syriza cedeu em relação a posições anteriores e, principalmente, em relação às promessas eleitorais e aos discursos a favor do OXI.
E, ainda mais importante, o Syriza, com tais cedências, reforça a posição dos que mentem afirmando que não há alternativa à austeridade, ou melhor, a esta vaga de aumento da exploração dos trabalhadores e dos povos.
É, sem dúvida, uma derrota!

Anónimo disse...

Uma extensão de maturidades é efectivamente uma restruturação. A ajuda humanitária é uma forma de injectar dinheiro a fundo perdido.

A única derrotada é a Alemanha mas estão empenhados em fazer passar a ideia contrária com medo de que o eleitorado Alemão, o Rajoy e o Tachos Coelho se venham queixar.

Pelos vistos a patranha está a resultar e os borregos estão todos a desaguar aqui no Bicicletas. LOL

Anónimo disse...

A Merkla diz que não há perdao mas a seguir assina de cruz um haircut chamado extensão de maturidades. Ela conta com a iliteracia economica e a barrages de propaganda e pelos vistos corre lhe o plano de fuga para frente.

Paulo Marques disse...

E pronto, lá se continua a chutar tudo para a frente até ao caos completo na próxima bolha.

Anónimo disse...

É o que parece, o Syriza mais uma vez cedeu aos escroques neoliberais.

Os ainda crentes vão dizer “deem-lhes tempo, ainda só passaram alguns meses…”. Estes mesmos que dizem isto são os mesmo que defenderam o Obomba. Bem se pode constatar no que se tornou (sempre foi?) o Cristo mulato que ia acabar com as guerras e dar uma surra nos banqueiros...

Enfim, a esquerda a trair mais uma vez os milhões por esse mundo fora fartos do reaccionarismo elitista.

Há sempre os nazis da Aurora Dourada para reconfortar os milhões de desesperados que a austeridade e as constantes traições criaram...

João disse...

Para os que têm anseios de revolução, apenas se confirma que isso nunca será possível com formações social-democratas. O povo Grego expressou-se e fê-lo num contexto só imaginável para quem esteja no seu interior: a chantagem externa e interna atingiu foros de esquizofrenia; contudo, pesem embora as famosas linhas vermelhas, o Syriza é uma formação heterogéna de pendor social-democrata, caracterizada pela rebeldia das gravatas ausentes e por umas quantas proclamações vigorosas e inconsequentes, tudo emoldurado por gente que está "in". Assim como seria por cá, se fizessem uma frente de "esquerda" com o Galamba, o Tavares e Louçã, mais coisa menos coisa. Vermelha, vermelha, para o Syriza, foi sempre a linha do Euro e da UE. Enquanto for esse o limite, bem podem os Gregos desesperar, que acabarão por lhes caír sobre as cabeças - com um ou outro arranjo cosmético, as piores consequências deste jogo de cedências em catadupa. Inflizmente e dada a centralidade que o caso assumiu, as ondes de choque da capitulação do Syriza(traindo um Povo que demonstrou uma valentia e dignidade, que não mereciam esta traição) vão fazer-se sentir em muitos focos da contra-corrente anticapitalista europeia.

Edgar disse...

Os "borregos" e "iliteratos" que por aqui passam lembram que o próprio FMI já afirmou recentemente que a dívida grega é insustentável e, por isso, a eventual extensão de maturidades não passa de um prato de lentilhas face às enormes cedências de 13.000 milhões de austeridade e à continuação das políticas a que o povo grego disse não.
Não é uma questão de grau mas a resposta clara e inequívoca à seguinte questão: continuação ou ruptura com as políticas que apenas pretendem tentar resolver a grave crise do capitalismo agravando a exploração e o esbulho dos trabalhadores e dos povos.

Henrique Chester disse...

Não estou nada em acordo consigo (RPM) nem com o Franscisco Lousã, o tempo que a esquerda (esquerdas) perde a fazer cenarios e jogos de "estrategia". A crise Grega confirmou, a falencia da Social Democracia e a impossibilidade de resolver o problema das dividas na europa (euro)e por ultimo a certeza "popular" de que cada Povo "merece o governo que tem" ...é mentira o Povo Grego merece um governo á sua altura. Seria bom começar a discutir a saida do euro, digo eu.

Anónimo disse...

Chamar "negociações" a um jogo viciado de "todos raivosamente contra um" é uma piada trágica de muitíssimo mau gosto. O plano está à vista de quem o queira ver: o máximo que o Syriza obterá são umas esmolas para que os Gregos mantenham o nariz fora de água estando, contudo, sempre na iminência de, inexoravelmente, se afogarem. Ao fim e ao cabo, nada de substancial para os Gregos se resolverá, e o objectivo da ditadura monetário-ideológica europeia (o IV Reich alemão, a que não falta, mais uma vez, a vergonhosa capitulação e colaboração francesas e o retiro insular britânico) continuará o mesmo: a meta é, pura e simplesmente, a mudança de regime. Há que cortar rente toda e qualquer veleidade de sair do carreiro da ortodoxia reinante, e o destinatário da mensagem (e do exemplo) tem um nome que toda a gente foge a pronunciar como o diabo foge da cruz: chama-se "Podemos".
Aqui pelo rincão, entre as palavras vergonhosas de Passos, Portas e Cavaco e o tacticismo sonso de Costa pouco ou nada se aproveita. Os primeiros, acusam, "ipsis verbis", o Syriza de "extremismo", enquanto o segundo, não o dizendo de viva voz, insinua o mesmo nas entrelinhas do discurso. Curiosamente, ambos convenientemente se esquecem de que, na Grécia, quem leva a palma do extremismo canhoto são os anarquistas e não o Syriza. Não menos curiosamente, PSD,PS e CDS mostram-se cegos do olho direito e nenhuma palavra articulam contra a autêntica onda de extrema-direita xenófoba que se ergue nesta "Europa das democracias".
Em conclusão: o "Centrão" apostou, definitivamente - é só ver a massiva campanha de desinformação dos nossos "media" e dos seus "comentadeiros" de turno - nas virtualidades "pedagógicas" do medo. E o medo, fazendo-nos baixar as cabeças, impede-nos de vermos o horizonte: quando muito, veremos os nossos pés, e esses, tolhidos pela inacção cobarde, não nos levarão a lugar algum.

Jose disse...

Que os mamões gregos vão mamar é uma certeza.
Que mamem como coitadinhos sempre é melhor do que mamarem como quem tem direito a mamar.
Espero ainda assim que lhes sobrevenha a 'dignidade' que os leve para o dracma, mas duvido...trabalhar é muito cansativo!

Lá vai o Estado português mandar uns cobres para a Grécia com grande aplauso dos progressistas indígenas. Os miseráveis postos a subsidiar os coitadinhos.

Anónimo disse...

A democracia torna-se inviável quando espingardas, canhões e misseis lhe são apontadas. Por isso a arrogância dos banqueiros e da direita reacionária.
Hoje apercebemo-nos melhor o porque´ do não ao socialismo, embora falem muito de socialização…
Os homens, mulheres e jovens que formam o Syriza são democratas de boa vontade, políticos de boa-fé e sabem o que querem, não caustiquem mais, por favor…
Eles conseguiram por o Deus Mercado com seus esbirros em leilão de portas abertas…na pátria mãe da democracia. E´ proeza rara!
Não podemos continuar incólumes como se nada seja connosco…Hoje são os Gregos, amanha são os Portugueses e por ai fora.
Os povos precisam de filósofos, economistas e outros…todavia a urgência de recrutar políticos revolucionários e´ premente…Organizar as massas e´ prioritário… De Adelino Silva

Anónimo disse...

Não vale a pena complicar a análise:
- O Syriza cedeu (no papel) nas linhas vermelhas
- A Grécia vai manter a austeridade e a dependência da Troika
- Os países parceiros vão ajudar o mínimo necessário para manter a Grécia à tona de água, de resgate em resgate
- A Grécia vai fazer o mínimo para parecer que cumpre
- Nada de substancial mudou ou vai mudar

Se não for descoberto petróleo na Grécia o povo grego vai continuar a empobrecer.

Anónimo disse...

Curiosamente, o senhor "José" é tão solícito, mas tão solícito, que poupa a todo e qualquer alemão fã da senhora Merkel o trabalho de achincalhar um povo do Sul. Lá estamos nós no velho complexo colonial da "gradação das cores": eu sou menos preto do que tu, logo eu sou o amigo dilecto do amo branco. Como é ostensivamente evidente, até para o mais desatento dos observadores, o senhor "José" ainda vive noutros tempos, não tendo esquecido nada, mas também nada tendo aprendido. Caso alguma coisa tivesse aprendido, saberia, à saciedade, que esse raciocínio aproximativo ao amo só é uma realidade dentro da cabecinha néscia de quem o formula. Por mais "branco" que seja, qualquer loirinho de olhos azuis, quando nascido a Sul, não passa, aos olhos daqueles que o senhor "José" tão diligentemente defende, de um indígena encardido e madraço que precisa de fome e chicote para que se dedique com o mínimo empenho ao trabalho. O senhor "José" grego não será, mas considerá-lo-ão aqueles que ele tanto admira um "branco de primeira", um seu igual? Não será o senhor "José", sendo português, considerado um "branco europeu de segunda"? E, assim sendo, não será o senhor "José", na mente dessa gente que ele tanto incensa, mais um daqueles "mamões" do Sul que nada fazem e que vivem, muito regalados e deitados ao sol, do suor do bom e trabalhador "volk" do Norte da Europa? Se assim for, nada mais podemos concluir a não ser isto: o senhor "José" é mais um "branco de segunda" que acredita no valor pedagógico e salvífico das chibatadas, pois há sempre alguém à mão que (de momento, de momento...)é mais "preto" do que ele e as recebe, a essas chibatadas, fartamente no lombo. Mas lá chegará o tempo em que a provisão de gregos para espancar se acabará e, aí, talvez o senhor "José" se pergunte (desesperadamente, pois não haverá metrópoles a que retornar):"E agora, José?"

Jose disse...

Pena que o anónimo das 19:33 não adopte um qualquer nome.
Gosto de seguir o iteneráro de treteiros que sempre resolvem com rótulos e presunções o debate de questões que sempre desconhecem mas que sempre os motivam para exaltar as suas pequenas naturezas, dando a dimensão de patetice ao que entendem ser uma 'enorme sensibilidade social'.
Se não DE a tentar sair do seu canto sem De, é gémeo intelectual e ideológico.

Anónimo disse...

"Nome"?!!! Não quererá o caro "José" dizer pseudónimo? Para si, o "anónimo" basta: adoro fazer a cabeça em água a quem não tem nem a capacidade de distinguir o estilo redaccional de um folheto de posologia medicamentosa do de um letreiro de bomba de gasolina. Questões que desconheço? Ó meu caro senhor, a acusação de ignorância, vinda de si, é uma condecoração que uso com o maior dos orgulhos. E, sim, eu pequeno me confesso. Confesso, até, sentir-me um anão face à sua altaneira e nobre dimensão humanista, caríssimo "José", dimensão humanista essa, aliás, que toda a gente que frequenta este blogue tem o prazer de constatar e de disfrutar ao ler os seus profundíssimos, mui sensíveis, muitíssimo ilustrados e sapientíssimos rascunhos.
Não sei se essa coisa de alguém se fazer passar por alguém que não é lhe é coisa familiar, tique que lhe tenha ficado de outros tempos, mas dou-lhe um conselho amigo: não julgue que o seu reflexo no espelho é a imagem de todo e qualquer ser humano e, muito menos, que é a imagem de todo e qualquer homem de coração decente.
Gémeo de "De"? Não chegaria a tanto, mas não há dúvida de que eu sou irmão de qualquer homem ou mulher que seja solidário para com o seu semelhante e que o aceite independentemente da sua raça, religião, nacionalidade ou origem. O que, obviamente, não é o seu caso.

Jose disse...

Tanto me faz nome como pseudónimo.
Facilitar-me-ia garantir-lhe um estágio permanente no canto onde coloco o seu gémeo.
Mas mesmo sem nome é para lá que vai.

Anónimo disse...

Independentemente do conteúdo, com que concordo e subscrevo, há uma qualidade intrínseca no texto do(s) anónimo(s) das 17.39, 19.33 e 23.09 que me é particularmente grata.Textos escritos de forma inteligente, com uma elegância e uma mordacidade que dá gozo ler.

E isso torna ainda mais confrangedor ler coisas escritas duma forma confrangedora baseadas em "mamas" e "mamões" e onde a marca da indigência mental se associa à pura e dura desonestidade ( com opção ideológica). Por exemplo a referência irónica ao "cansaço do trabalho" adquire um carácter particularmente néscio quando se sabe que o mesmo que anda desesperadamente a versejar em torno das tais mamas e mamões considera que trabalho para os da sua classe é "gerir contactos" (e receber o devido "retorno" em forma de chorudas provisões em cash ou em géneros).

O referido sujeito "não tem nem a capacidade de distinguir o estilo redaccional de um folheto de posologia medicamentosa do de um letreiro de bomba de gasolina". Tem outras incapacidades. Mas também "qualidades". Por exemplo a constância. A tentativa de garantir um "estágio permanente" é disso um peculiar exemplo, mantendo diligentemente tal ambição, desde os tempos em que venerava na prática e no quotidiano tal processo.

A ligação com a escola de Chicago também passa por aqui. Friedman tinha o mesmo princípio e não desistiu até arranjar um homem-de-mão, um tal augusto Pinochet, para executar tal "trabalho"

De




meirelesportuense disse...

"os miseráveis postos a subsidiar os coitadinhos"

-Os miseráveis são os Portugueses!...Bravo Zé!


E eu a pensar que éramos o Farol da Europa...

João Salvador Marques disse...

Vamos lá ser lógicos. O Syriza está a pagar por ter feito uma campanha eleitoral magnifica para ganhar eleições mas impossivel de cumprir. Euro e Europa sem austeridade está e estava, mais que provado que é impossivel. Portanto das duas uma, ou o Syriza é dirigido por tótós ou por aldrabões. E o que é que fazem quase sempre os sociais-democratas, como os do Syriza, quando têm de optar entre ruptura (neste caso saida inevitavel do euro) e rendição? A 2ª hipotese como está à vista. Lá no fundo o que fez o Passos cá, mas esse fez claramente uma campanha de aldrabice enquanto os do Syriza parecem-me mais tótós.
Passe o seu sectarismo, é triste verificar que o KKE tinha razão quando argumentava que a função do Syriza era atirar para cima dos gregos uma dose brutal de austeridade, que a direita já não tinha condições de o fazer! E como estes não são da corda se calhar ainda vai ser pior que a austeridade que seria imposta a um governo de direita.
Mas porque raio é que depois de um desastre destes esta gente não se demite?

Anónimo disse...

Às vezes, só às vezes, imagino a sociedade portuguesa embutida na Europa empedrenida de riqueza. Entre os mais ricos do planeta…
E quase sempre tenho a certeza da “pesporrente” miséria em que sempre vivi. E já la vão 76 anos!
Desde as Salinas da Bacia a Sul do Tejo ate a´ Petrogal, passando pela CUF, sempre a produzir algo, e descontando para a C. Previdência, raramente senti que estava bem…Agora estou endividado por mor de governos ditos de bons alunos e por consequência, de bons professores.
Na Grécia a coisa parece semelhante.
Estou farto de ouvir aquela de “os ricos cada vez mais ricos”. E´ altura mudar de agulha”. Tem que decorar A Pedra Filosofal.
Ate amanha amigos, companheiros e camaradas- de Adelino Silva

Anónimo disse...

Ó caríssimo "José", colocar-me no canto onde coloca o meu "gémeo"?! Eu bem sei que, com "Deolinda" ou sem "Deolinda", esse é o seu mais querido sonho húmido... Infelizmente para si, nem para mim nem para o meu "gémeo", a coisa vai dar: o Aljube, Peniche, o Chão Bom do Tarrafal e São Nicolau já fecharam há muito tempo.
Este esclarecimento vai para o "De", que o merece: este que ora escreve deu, outrora e em outros espaços, pelo pseudónimo de "Imbondeiro".

Anónimo disse...

Caríssimo anónimo das 19 e 31:
Sem falsa nodéstia tive ( fortemente) essa suspeita. Porque o seu traço é suficientemente reconhecível, culto e original.

Um prazer lê-lo já lho dissera antes. E ficaram-me memoráveis os seus comentários sobre as ditas "questões internacionais". Um olhar que convocava ao mesmo tempo muita informação com uma pressentida e notável reflexão

De