terça-feira, 21 de julho de 2015

Dos últimos dias para os próximos tempos



1. Imperdível intervenção de Costas Lapavitsas, que vale mesmo a pena legendar. É um dos deputados do Syriza que sabe o que quer dizer oxi e que dispensa mais apresentações para os leitores deste blogue, já que o autor de Profiting Without Producing (lucrar sem produzir) é hoje a minha principal referência intelectual no campo da economia política marxista.

2. A mais longa nota de rendição de um governo democrático sem plano B, nome de código eurocrático SN4070/15, anotada pelo seu anterior Ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, um europeísta idealista, impotente perante os tanques financeiros do europeísmo realmente existente e que, tarde demais, acabou por reconhecer que sair do euro era mesmo a única proposta modesta.

3. Entrevista a James Galbraith, onde um dos mais importantes economistas keynesianos norte-americanos, conselheiro de Varoufakis, e co-autor da europeísta (i)modesta proposta, também reconhece que sair era no fim a única alternativa e que Tsipras pode ter sido mal informado quando defendeu que esta não era tecnicamente possível, usando, digo eu, um truque antigo: embrulhar más escolhas políticas num mau papel técnico. Galbraith escreveu também um artigo na Harper's, defendendo, entre outras coisas realistas, que “a Grécia deixou de ser um Estado independente” e que “as forças progressistas e democráticas têm de se reagrupar em torno da bandeira da restauração democrática nacional”.

4. Entretanto, a cavalaria pesada, ainda que na forma abastardada do keynesianismo da síntese neoclássica, chega pelo teclado do mais influente intelectual público, o que consegue escrever postais que chegam aos telejornais portugueses em canal aberto: estou a falar obviamente de Paul Krugman. Tendo sobrestimado o Syriza, porque pensou que este tinha um plano B, Krugman concluiu muito recentemente que sair do euro é possivelmente a melhor solução para a Grécia, juntando-se ao coro argentino-grego, o que deixa o europeísmo cada vez mais sozinho no campo da política económica que aprende algumas coisas com uma certa história económica. Habituem-se.

23 comentários:

Miguel Madeira disse...

"Krugman concluiu muito recentemente..."

A mim parece-me que ele sempre foi anti-euro; as suas únicas objeções à saída do euro eram de ordem técnica (a crise bancária que isso iria originar - mas como as contas bancárias já estão mais ou menos congeladas...).

Jose disse...

A saída do euro corresponde ao internamento que o facto de o esquizofrénico se recusar a tomar a medicação justifica.

Dias disse...

Não foi só o Krugman, pois qualquer pessoa mais atenta pensou que o governo Syriza teria um plano B.
Mas não… acabou por entregar-se completamente nos “braços do carcereiro”. Esta é uma história que ainda vai no preâmbulo, numa altura em que o amigo da onça, Hollande, sonha com a “sua” União Europeia.

Anónimo disse...

As tentativas de encaminhar para o foro da doença mental quem não cumpre o receituário ideológico dos fundamentalistas do Capital sempre foi uma característica da direita-extrema. Com diversas soluções finais.
Hitler mandava-os simplesmente abater.

Outras medicações e outros métodos. Coercivos se necessário . Como diria o próprio jose: "Às bestas serve-se a força bruta se forem insensíveis a outros meios"

De

Anónimo disse...

Josezito, já te tenho dito
Que não é bonito
Andares a enganar

Chora agora, Josezito chora
Que te mando embora
P'ra ir'estudar

Josezito, já te tenho dito
Qu'é preciso espírito
Para discursar

Chora agora, palermito chora
Que lugar na lista
Nunc'hás-d'alcançar

Anónimo disse...

Falta uma referência a Schäuble, que também defende a saída da Grécia do Euro.

Pode ser esta (de uma pesquisa rápida no Google):
'Grexit' could be the best way forward: Schäuble
http://www.dw.com/en/grexit-could-be-the-best-way-forward-sch%C3%A4uble/a-18586852

Embora, para já, defenda geralmente em saída temporária, não demorará muito a defender a saída definitiva.

No post abaixo Ricardo Paes Mamede alerta precisamente para a não diabolização de Schäuble.

Anónimo disse...

Ferramenta muito útil lá para os lados do eurogrupo:

http://www.random-austerity-measure-generator.com/

Miguel Madeira disse...

Mais um ponto - "Yanis Varoufakis, um europeísta idealista, (..) que, tarde demais,
acabou por reconhecer que sair do euro era mesmo a única proposta modesta."

O Varoufakis alguma vez defendeu a saída do euro? Penso que o plano dele era pagar as despesas públicas com "letras de dívida" avalidas em euros, não emitir dracmas.

Anónimo disse...

A Ucrânia também começou a emitir rublos para se financiar no início dos anos noventa. Foi o fim da "zona rublo".

Anónimo disse...

Pois é, a realidade é dura como o granito. O nosso querido Messias de Massamá e demais europeístas germanófilos de todas as cores e feitios começam a acordar para a dura realidade. Eles bem podem não querer sair do euro, mas, caso se recusem a sair pelo próprio pé, acabarão por ser carinhosamente empurrados por um qualquer "Grupo dos Seis". À idade do ouro do euro suceder-se-á a idade da prata fanada de um "euro dos pequenitos" a que, mais cedo do que tarde, se seguirá a idade do ferro do retorno à moeda autóctone. É só uma questão de tempo.

Anónimo disse...

Sabe mesmo bem ouvir Lapavitsas e o seu discurso conciso.

Jose disse...

A pergunta que os valentes esquerdalhos se recusam a fazer:
o que seria necessário transformar no país para que o euro fosse a nossa moeda?
Quais as acções prioritárias?







meirelesportuense disse...

Na verdade a sugestão de Hollande, significa apenas, aquilo que todos negam estar em preparação há muito tempo: -A expulsão da Espanha, Portugal e Grécia da Zona Euro!...
-Isto para não falar nos pequenos Países que rumaram à Europa vindos do protectorado Russo-Soviético.
A Grécia não se preparou para o inevitável, que era aceitar a sua expulsão por ordem da Alemanha. Se o tivesse feito a Europa teria que arcar em conjunto com todas as responsabilidades, e hoje estaríamos borrados de medo. A Alemanha aceitou uma solução intermédia, apenas para facilitar a vida aos Partidos amigos que vão a eleições este ano. Depois desse período acabar, tudo vai clarificar-se.

meirelesportuense disse...

E lá vai o Zézinho pedir a queda do PPCoelho.

Anónimo disse...

Há muito tempo que a Grécia deixou de ser um país independente podendo acontecer o mesmo a toda a Europa do Sul num futuro breve.O verdadeiro absurdo que constitui a denominada Zona Euro será o instrumento de domínio para esse acontecimento.A Alemanha é a potencia colonizadora conjuntamento com os seus satelites, constituindo um Eixo com a França, que aliás é um País que se encontra tambem fortemente atinjido pela crise economica.

Anónimo disse...

O "Zézinho", o sipaio do regime, vai é meter o rabinho entre as pernas e voltar para a sua triste cubata. O homem a julgar-se um membro honorário da "Herrenvolk", a fazer diligentemente o trabalho sujo dos seus amos, e fazem-lhe uma desfeita destas, preterindo-o a favor dos madraços "mamões" dos italianos. Uma ingratidão, dirão alguns; que não há mentecapta ilusão a que não se siga o duro e cruel desengano da vera realidade, digo eu.

Jose disse...

Que a continuar a verborreia esquerdalha e a pantomina PS saímos do euro, é uma evidência.
O que será divertido de seguir, com as novas lutas e conquistas e acrescida miséria...

Anónimo disse...

O "Zézinho" a pensar que iria ficar, por direito genético, no grupo dos eleitos e, no fim da dança das cadeiras (ou será dança dos poleiros?), levou um enorme pontapé no traseiro... Como compreendo a sua desilusão, caro "José": ser expulso do fresquinho Nirvana germânico e aterrar nas meridionais e abrasadoras latitudes das terras dos "mamões" sulistas é um choque e tanto. O "Zézinho" tem de escolher melhor o objecto dos seus amores, caso não queira ser tão velhacamente atraiçoado... Mas lá diz o ditado que "o amor é cego". E a estupidez sectária também, acrescento eu.

Anónimo disse...

Mais uma vez o registo.
Da "esquizofrenia" a quem não lhe segue o bolsar, passámos para o non sense duma afirmação da "treta" sobre o que seria preciso "transformar no país para que o euro fosse a nossa moeda".

A "nossa" moeda diz agora, tal como ontem berrava pela saída da Grécia e como anteontem, hoje e amanha defendeu, defende e defenderá o eixo dos grandes interesses económicos ligados ao euro e à doutrina do grande Capital

"Para todos, houve o tempo, o dos pais fundadores, da CECA/CEE/União Europeia e dos líderes inspirados que se lhes seguiram. O tempo do paraíso comunitário, em que o feroz lobo convivia com o manso cordeiro (seria vegetariano o lobo?) onde não havia “egoísmos nacionais”! Os “grandes e desinteressados” líderes, que guiados pelo ideal de uma Europa unida e solidária, criaram uma união monetária de rígida gestão orçamental, sem reforçarem as transferências financeiras entre Estados, via Orçamento Comunitário, sem criar algum fundo que acudisse a choques assimétricos...
Políticos e ideólogos, da social-democracia aos conservadores – gente do PS, PSD e CDS mas não só, que a lista é longa! – são confrontados com a brutal realidade da crise da integração europeia e do euro. Euro, a pedra sobre a qual Guterres ia construir a sua Europa. De facto, já em 1996, o insuspeito Profº W. Hankel, da Universidade de Frankfurt avisava: “Mas não, o “euro” não é o cimento da Europa moderna, mas a dinamite que a fará explodir.”! Confronto, que põe a nu/desmascara toda a propaganda, todas as fraudes e mentiras que ao longo de 30 anos foram impingidas sobre uma União Europeia de “coesão económica, social e territorial, e a solidariedade entre os Estados-Membros” (ainda hoje inscrita nos tratados).
Como se a CECA, CEE, UE e todos os seus desenvolvimentos qualitativos – Euro, Alargamento a Leste, Tratado de Lisboa, Tratado Orçamental - não partilhassem de um fio condutor inequívoco e sem descontinuidades.
Processo que na crise aberta da UE e da Zona Euro, subsequente ao subprime nos EUA e à crise dita das “dívidas soberanas”, desembocou no Tratado Orçamental, na União Bancária e no Governo Económico e Semestre Europeu. A que se quer dar como corolário, um dito Relatório dos Cinco Presidentes “Concluir a União Económica e Monetária Europeia.
Há diferenças nos “egoísmos nacionais”? Há, hoje são assumidos às claras, pela Alemanha e Directório, que fazem e desfazem conforme os seus estritos interesses! Os “líderes” não são do mesmo calibre! Não, mas fundamentalmente, talvez fosse de olhar para as circunstâncias históricas e o mapa geopolítico da Europa e mundo, e tirar algumas conclusões…
A perplexidade de alguns pelo NÃO grego, talvez seja desfeita pelo comentário de Juncker aos “nãos” dos referendos de 2006, sobre uma dita Constituição Europeia: “Não são os dirigentes da Europa que estão avariados, são os povos”!"
Agostinho Lopes

Jose ( ou JgMenos)? Apenas cumpre os preceitos do Directório. Tal como outros escolheram outrora o seu lado. Desde os tempos do vasconcelos até aos tempos mais modernos dum Pétain.

De

meirelesportuense disse...

A Alemanha actual é uma criação dos USA...O Japão também foi, mas agora tem a maior Dívida Externa do Mundo! -Porquê?...Porque a China foi ocupar o seu espaço.
Isto, sou eu a tentar digerir o Minotauro Global.

Jose disse...

Acho que vou ter que ler um ou outro dos 'Discursos de Salazar' para recuperar o sentimento de que o discurso político não é uma cega-rega de cigarras esquizofrénicas.

Anónimo disse...

O colinho do anjinho de Santa Comba Dão é o seio amigo onde o senhor "José" recupera das agruras de um país sem Aljubes, Peniches ou Tarrafais. Tão querido que é este nosso liliputeano fascista de estimação.

Anónimo disse...

Cigarras esquizofrénicas?
Huummm.
Até onde vai o fundamentalismo ideológico.Agora até estendem aos próprios animais as suas pesporrências ideológico-charlatãs.

Quanto ao direito à leitura, partilha de camna, mesa ou roupa cada é livre de , desde que com mútuo consentimento e que se aguente o cheiro .

Tem é que obrigatoriamente se respeitar a Constituição da República Portuguesa no que diz respeito à proibição de organizaçoes fascistas.

De