A entrevista pode ser lida aqui.
Apesar da grelha muito limitada das perguntas dos jornalistas - que, pelo que foi publicado, parecem estar eivadas de uma espuma superficial dos dias, lida à luz de um estereotípico televisivo (lá voltaremos em breve) -, ficam mensagens muito importantes do Manuel Carvalho da Silva sobre os momentos perigosos que vivemos. E que devemos/temos de contrariar.
JN/TSF: Ou seja, não há dinheiro para contentar toda a gente, para responder a todas as reivindicações.
MCS: Não é verdade. Como princípio isso não pode ser assumido. A política de contas certas é uma política errática. A expressão "contas certas" não é mais do que o eufemismo que o PS utiliza para políticas de austeridade. Como sabe que o conceito de austeridade é um conceito carregado de limitações aos direitos das pessoas e carregado de sacrifícios para os trabalhadores e para setores mais frágeis da sociedade e um empecilho ao desenvolvimento, arranjaram esta designação de contas certas. É uma limitação que não tem fundamentação, nem técnica e muito menos do ponto de vista social e cultural.
Conviria acrescentar que "contas certas" é igualmente um eufemismo para a deturpação antidemocrática do papel do Parlamento: apesar de caber ao Parlamento aprovar um Orçamento de Estado, o ministro das Finanças tem ganho um papel que se sobrepõe ao Parlamento, cerceando as políticas aprovadas, limitando os gastos públicos a seu bel-prazer, apertando o investimento público em áreas que o próprio Governo diz serem essenciais, numa prática política que mais se assemelha a de um governo neoliberal, desconfiado dos políticos democraticamente eleitos.
Os seus efeitos políticos estão à vista: crescente mal-estar social com as insuficiência do investimento público e consequente ascensão da extrema-direita.
2 comentários:
do que estamos à espera para o lançar para PR, defendendo e pondo o trabalho e a CRP na ordem do dia. partir com avanço força a quem olhem para ele como o tal. e teria bastante apoio.
Da série liberal "O Estado não presta a não ser se for para mim":
Administradora/ analista/ comentadora da televisão financiada com dinheiro público RTP e colaboradora do Observador Helena Garrido pergunta "Estão os portugueses viciados em Estado?"
"A forma como se conquistou e preservou o poder alargou a mais pessoas o vício da mão estendida para o Estado. Como não há dinheiro para todos, tira-se a uns para dar a outros."
Pois se tira Helena, tira-se a uns (e não são poucos) para dar à Helena e a outros da máfia fasci... fascinantemente neoliberal!
Lema da Helena Garrido:
Austeridade para ti, não para mim! (mas vou fingir que sofro com ela!)
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