segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

As empresas não criam riqueza no vazio

"É comum ouvir-se dizer que são as empresas quem cria valor. Não é bem assim. As empresas são, de facto, o lugar onde se articulam recursos e competências para criar valor de mercado. Mais: no sistema capitalista, são um motor essencial de inovação. A luta pela sobrevivência obriga-as a desenvolver novos produtos e modelos de negócio, a adoptar novos métodos de produção, a experimentar novas formas de organização e a procurar novos mercados. Este potencial transformador da competição entre empresas foi enfatizado tanto nas análises do revolucionário Marx como nas do conservador Schumpeter.

O que falta dizer é que as empresas não criam valor nem inovam no vazio. Nunca se viu uma empresa altamente produtiva nascer e crescer no deserto. O sucesso de cada empresa depende do contexto em que está inserida. 

A sua sobrevivência, o sucesso comercial, as competências produtivas ou a capacidade de inovação, tudo isto depende das ligações que mantêm com o mundo à sua volta. É através delas que identificam os riscos e as oportunidades de negócio, estabelecem relações estratégicas com fornecedores e clientes, diversificam fontes de financiamento, resolvem problemas tecnológicos ou legais, recrutam trabalhadores e gestores com os perfis adequados. O valor e a inovação gerados pelas empresas não seriam os mesmos sem as relações que estabelecem com o mundo à sua volta. Neste sentido, quem cria valor e inova é a rede de relações sociais de que as empresas fazem parte – e não as empresas por si."

O resto do meu texto pode ser lido no Público.

 

3 comentários:

FMGP disse...

Infelizmente , não li todo o seu comentário, mas os meus parabéns pelo trecho, que está no blog. Quem cria valor é um " triangulo" económico, que tem um vértice no "empreendedor" , que pode ser uma entidade singular ou colectiva, privada ou pública, que cria e admninistra os meios de produção, os trabalhadores que corporizam a produção e por fim no outro vértice, os cidadãos que como consumidores, viabilizam e fecham o ciclo económico. Aqui chegados, estamos no âmago da questão, se só os três vértices é que permitem que o triângulo funcione , porque é que as, as posições soberanistas no processo, definindo preços, mais- valias, etc, sejam apenas exclusivas de um dos participantes no ciclo ( empreendedor ) , em detrimento dos restantes. Parece inevitável que de uma forma progressiva, temos que caminhar , para uma gestão partilhada ( empreendedor, trabalhador , consumidor ) aumentando assim a coesão social nas empresas e na sociedade, assim como, uma maior democratização do valor económico produzido.

Anónimo disse...

As empresas só existem se existir gente nelas, sem trabalhadores a todos os níveis não há empresas, portanto as empresas são os seus trabalhadores e não os seus acionistas.

Anónimo disse...

As empresas são os trabalhadores e, TAMBÉM, os acionistas, os clientes, os fornecedores.
Ou seja, as diversas partes interessadas