segunda-feira, 3 de abril de 2017

O Euro não é a nossa moeda


A inflação na Alemanha caiu de 2,2 para 1,5% e, portanto, o BCE pode continuar a violar o seu mandato por um pouco menos. Ainda bem, porque a inflação "core" na Zona Euro (sem energia e outros produtos cujo preço varia muito) está abaixo dos 1%, ou seja, a léguas do mandato.

Mas esta notícia é particularmente interessante no que revela sobre a orientação da política do BCE. O BCE tem no seu mandato a meta de médio prazo de 2% para a inflação (abaixo, mas perto dos 2%). Há anos e anos que está em violação deste mandato mas não faz mal porque, como o BCE é independente de qualquer escrutínio democrático, não há quem lhe peça contas. Ou melhor, há mas não somos nós. A única meta relevante para o BCE é a que resultar do jogo de forças entre o capital financeiro europeu e alguns (poucos) governos nacionais.

O mandato definido nos estatutos do BCE é um mandato que dá um peso desmesurado à estabilidade de preços em detrimento do crescimento e do emprego. Em todo o caso, isso também não interessa nada porque, no fim de contas, o verdadeiro mandato do BCE não é o que está nos estatutos. Se a política de estímulos continuar, não será pelo bem da Europa, muito menos para que se cumpram as famosas regras. Será porque interessa a quem manda na Zona Euro e no BCE.

2 comentários:

Anónimo disse...

«O Euro não é a nossa moeda».
Claro que não e´. Simplesmente o Euro e´ a moeda dos vendilhões do templo. Nós não passamos de veículos distribuidores de tal mercadoria. Pois e´ de mais uma mercadoria que se trata. Só espero que de aqui a alguns anos nem para a numismática sirva. de Adelino Silva

Antonio Antonionius disse...

Não entendo porque há tanto medo de pensar sériamente em sair do euro. Uma moeda que não faz parte do nosso "desenvolvimento" e só nos prejudica