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Há um ano precisamente, o Expresso decidiu fazer uma operação comercial e puxar para a 1ª página, algo que de não tinha certeza, embrulhando-o como se tivesse...
Colocou em antítulo "
Panama Papers" - ou seja, uma indicação de um conjunto de documentos obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação ligados a uma firma de advogados com sede no offshore do Panamá. E em título "
Lista do saco azul do GES com avenças a políticos".
Qualquer leitor - eu, por exemplo - pensou que os documentos do Panama, a que o Expresso acedera, via consórcio, estavam na posse do jornal. Comprei o Expresso a pensar: "Finalmente, a coisa vai agora destapar-se!".
Folheei o jornal à procura da lista. Abri o jornal de novo. E caí na página 3. A coluna de opinião de Pedro Santos Guerreiro anunciava: "O Cofre que se abre"! Mas a coluna era mais para dizer que nada nascera do momento, que se tratava de uma investigação de dez anos e que "a investigação prossegue. Isto não acaba agora"...
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Ao lado, havia uma notícia de meia página - escrita por quatro jornalistas, dois deles directores. Antetítulo: "
Saco azul do GES na posse do Ministério Público lista valores e nomes de mais de uma centena de pessoas. ES Enterprises fez pagamentos durante mais de 20 anos". A existência da lista já fora noticiada dias antes pelo site
Observador, como escreveu o Expresso só no terceiro parágrafo
. Os elementos novos do Expresso era que a lista "
agrega várias listas parcelares que estavam depositadas em cofres em Lisboa e que foi completada com informações enviadas pelas autoridades suiças que também investigam o colapso do GES."
Aliás, o texto do Expresso abria com a afirmação: "A lista
na posse do Ministério Público de alegados pagamentos da ES Enterprises..."
Alegados?
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Li o texto todo à procura de um nome que fosse. Nem um. Mas ao mesmo tempo, sem que se mencionasse um, estavam lá todos. Dizia-se no segundo parágrafo da notícia, indiciando que o Expresso vira a lista e que, por isso, sabia quem eram as pessoas lá mencionadas: "
A lista escrita em papel timbrado dispõe de nomes e valores, alguns elevados, outros de pagamentos regulares, avenças mensais de poucos milhares [poucos milhares para quem? Para quem ganha o SMN?]
durante longos períodos de tempo". Eram, como se escreve mais adiante "
mais de uma centena de nomes que constam nessa lista de várias páginas incluem várias pessoas influentes, incluindo autarcas, funcionários públicos, gestores, empresários e jornalistas".
Ainda hoje esperamos pela famosa lista de políticos e jornalistas avençados do grupo Espírito Santo que, afinal, apenas estava na posse do Ministério Público. Não sei porquê, mas temo que a famosa lista já tenha desaparecido.
9 comentários:
A "lista" evaporou-se, como muitos milhares de leitores e assinantes do Expresso, considerado um jornal de referência.
Há muito que perdeu a independência face aos vários poderes. Nos dias hoje é um jornal nitidamente alinhado com os poderes que lhe vão garantindo a sobrevivência, mas não a independência, onde para salvar as aparências ainda escrevem 4 ou 5 jornalistas dignos desse nome.
Se no MP está em segredo de justiça. Sem fugas?!? Melhor questionar o CM.
Convém esperarem sentados!
Ontem o Carlos Pimenta no debate “Para onde vais Europa?” chamava a atenção para a crescente, desregulada e descontrolada apropriação da riqueza criada face à ausência de criação de “novo valor” por máfias e criminosos de colarinho branco, um fenómeno ao qual os políticos, jornalistas e outras elites capturadas se têm ajoelhado.
O escrutínio do contexto global e seus fenómenos intrínsecos, a incapacidade em fiscalizar e pior, uma descriminalização dos comportamentos ilícitos por decisão politica, levaram-nos a acreditar que a dita imprensa livre, independente e de referência podia contrapor, denunciar e informar. Mas não, funciona como firewall à captura e utilização dos Estados por esses grupos criminosos, sendo cada vez mais evidente o papel do Expresso e de "outra imprensa", ainda que nem de todos os jornalistas.
Assunto difícil de compreender, mas deveras perigoso que tem servido como dizia o Carlos Pimenta para enfraquecer a ação dos povos.
mas o senhor Ricardo Costa disse, num daqueles seus momentos de alvoroço, tendo por contricante os Truques, e a propósito da Lista, que estava tudo publicado! Deve ser na Net Negra, que na outra não vi nada!
Mostra o que é o Expresso, como funciona o Expresso e a quem serve o Expresso.
É bom lembrar e ainda bem que JRA o faz.
Entretanto Passos Coelho foi a Espanha receber instruções. O silêncio comunicacional foi a regra. Mas Coelho debitou sobre s nossa necessidade de aumentar o orçamento para a Nato.
Continua um fdp subserviente e às ordens
Lembra bem o das 16:56. isto deve ser obra do PPC!
Ah este esforço de herr Jose para absolver o Expresso.
Nem comenta a desonestidade intrinseca do jornal. Nem a protecção dos que usam os bordéis que defende.
Enfronha-se no CM e espera que apareça um futuro Núncio para tapar a coisa de vez
E ainda bem que aqui se lembra o que anda a fazer Passos Coelho.
Não. Não se trata de dizer que a posição do Expresso é obra do chefe de fila do PSD. Trata-se sim de desmascarar a subserviência dum lambe-botas e a tentativa deste de nos pôr a pagar mais para a Nato. Cumpre ordens emanadas dos bosses.
Depois virá defender o roubo de salarios e de pensões. Para justificar as troikas e a lei-da- rolha sobre os negócios que o Expresso afinal oculta
Mas essa apressada defesa piegas do Coelho diz tanto de quem as faz, como as suas posições dizem quem é afinal Coelho.
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