sábado, 15 de abril de 2017

"Os russos" entre nós

A edição online de hoje do Público
Há um mundo representado que corre sobre o mundo e que interage com ele e que o muda em muitas formas. Em cada vez mais formas.

Já nem falo da publicidade que pode interagir com as notícias de forma "noticiosa". Não é novidade - sempre houve publi-reportagens e nalguns casos venda de publicidade de acordo com as notícias que se publicavam. Do que falo é a própria publicidade ser, ela mesma, um veículo de publicidade de ideias.

Quem quiser estar atento à tal ideia representada da realidade pela sociedade norte-americana, siga os trajectos dos "maus", aos olhos dos "bons", nas grandes - "grandes" em expansão - séries norte-americanas. Homeland começou por atacar os terroristas muçulmanos, o Paquistão, o Irão, e, paulatinamente, foi atacando a Rússia, e, no final da última temporada, revela um conluio de Israel com complexo industrial-militar para desencadear uma falsa guerra com o Irão com uma falsa bomba muçulmana que explode numa carrinha em NY (algo que não está longe de algumas teses do 9/11 face ao Iraque), culminando - um pouco à pressa - a justificar a implantação de uma ditadura, obviamente não sufragada, ao arrepio até da comunidade dos serviços secretos.

Ou até sobre os filmes que passam no cabo e que vão seguindo, de alguma forma, a actualidade internacional, com a sua leitura de acontecimentos semelhantes. O cinema sempre foi uma arte revolucionária, mas que pode ser usada de diversas formas.

Mas o caso que me traz, é um caso de publicidade a uma nova temporada da série série "Os Americanos" - série criada e produzida por um ex-espião da CIA. A série alimenta a fobia de haver uma rede soviética a minar os Estados Unidos, mas que trata da evolução do pensamento de um casal de espiões russos "adormecidos" nos Estados Unidos, nos anos 80, a sentirem-se cada vez mais atraídos pela vida normal de cidadãos e pela democracia norte-americana.

E foi esta série que o jornal Público decidiu inserir no meio das noticias recomendadas sobre Trump e a Coreia do Norte. Claro que a publicidade está assinalada, mas não deixa de ser curioso o efeito que produz em quem abre essa página. Como a expansão dos produtos televisivos norte-americanos não tem paralelo entre nós, relativamente a outros concorrentes (até europeus), teme-se que as suas visões passem a figurar cada vez mais como "fake-news" entre as notícias já de si muito formatadas universalmente.

O que faz a necessidade de dinheiro.

P.S. - Mas com o tempo, a atenção dos administradores distrai-se. E a mesma publicidade pode ganhar outros sentidos. Por exemplo, neste caso



os russos apareceriam relacionados com a morte de Alberto Carneiro e, quem sabe?, na origem de um gigante que parece que existe no Tejo...

3 comentários:

Paulo Marques disse...

Só posso falar no caso do Homeland, mas quem acha que a série servia como propaganda da CIA e da casa branca nunca prestou o mínimo de atenção à série de tão evidente que são as críticas.

João Pimentel Ferreira disse...

Todos os filmes de Hollywood são meras propagandas ao american life style and american dream.

Anónimo disse...

João Pimentel Ferreira, poderia enumerar muitos filmes, mas vou-me cingir a um exemplo:

"O Lobo de Wallstreet", é uma "mera propaganda ao american life style and american dream"?

Sei que, tendo em conta o seu comentário, já me respondeu afirmativamente à minha questão, mas ainda assim fico com curiosidade, a aguardar a sua resposta.

Cumprimentos,

Ernesto