terça-feira, 11 de abril de 2017

Esta é a direita que hoje conta


Vital Moreira escreveu um artigo em que defende que o grande teste para o governo nos próximos meses vai ser o de resistir às pressões para «expandir a política de "devolução de rendimentos"» (as aspas na "devolução de rendimentos" são do próprio).

O raciocínio é sofisticado: se o país não cumpre as metas europeias, é preciso intensificar a consolidação orçamental. Se o país cumpre as metas, é preciso intensificar a consolidação orçamental. Se o país ultrapassa as metas, é preciso intensificar ainda mais a consolidação orçamental. O sucesso da política de devolução de rendimentos, inclusive no domínio da consolidação orçamental, prova o quê? Prova que é preciso não «expandir» a devolução de rendimentos. Não tem, portanto, nada a ver com a realidade dos factos. É ideologia pura.

Política económica contra-cíclica? Pleno emprego? Estado social? Direitos dos cidadãos? Vital Moreira parece não estar interessado em nenhum dos temas de que a social-democracia em tempos se reclamou. Pelo contrário, a proposta não podia ser mais clara: não nos deixemos entusiasmar por folgas orçamentais. A tarefa é conter a despesa e a devolução de rendimentos.

A formulação de Vital Moreira é no entanto inteligentemente ambígua. O autor não diz «parar a devolução de rendimentos”», que se traduziria numa violação flagrante dos acordos que sustentam a geringonça. Mas sugere e promove essa interpretação, indo ao ponto de lançar o apelo (ao Governo? a Bruxelas?) para que a meta do défice de 2017 seja revista em baixa.

Curiosamente, Vital Moreira não perde muito tempo a discutir a questão, certamente importante para um constitucionalista, da perda de legitimidade que decorreria de uma violação dos acordos à esquerda. É que, convém não esquecer que António Costa não teve maioria absoluta. Não teve sequer maioria relativa. Governa, e governa legitimamente, porque - e apenas porque - celebrou acordos políticos com os partidos à sua esquerda. Acordos cujo ponto fundamental era... a política de devolução de rendimentos (sem aspas). Ou seja, pode dizer-se que António Costa não tem mandato e não tem legitimidade democrática para seguir os conselhos de Vital Moreira.

Mas estes apelos Vital Moreira são importante para nos lembrar que, mesmo em tempos de convergência à esquerda, não falta quem no PS se tenha passado totalmente para o lado das políticas de compressão dos rendimentos do trabalho e esteja exclusivamente preocupado com o regresso aos entendimentos do Bloco central que tão bons resultados produziram. Terceira via, economia social de mercado, são eufemismos para designar a colonização ideológica liberal da social-democracia. A direita do PS não é «a direita da esquerda», na formulação que uma vez ouvi a Miguel Vale de Almeida. É direita mesmo.

19 comentários:

Jose disse...

Não é novidade que a direita do PS existe na formulação abjecta de língua de pau.
Mas certo é que estando o país estruturalmente na merda, a treta da devolução de rendimentos só tem por significado aumentar a mama das clientelas da esquerda a começar pelos funcionários públicos. Os restantes que façam pela vida...

Geringonço disse...

Vital Moreira, o grande "democrata" pró Eurocracia que não permite comentários no seu blog.


Vital Moreira, um dos tachistas que não tendo experienciado a austeridade defende mais austeridade... para todos os outros que não fazem parte da máfia tecnocrática-financeira!

Anónimo disse...

Vital Moreira opina ao sabor da sua idologia que é e sempre foi o vil metal.Só assim se explica a Viragem radical de militante PCP à direita mais refinada. Triste pessoa.

Anónimo disse...

Triste pessoa mesmo.

De escorregão em escorregão ao londo dos anos, Vital Moreira é o exemplo vivo daquilo que o autor do post sublinha: "A direita do PS não é «a direita da esquerda. É direita mesmo"

Até quando o PS albergará gente assim é uma incógnita.
Até quando Moreira se manterá no PS é uma incógnita menor. Qualquer dia aparecerá como candidato ao cargo já ocupado por António Barreto ou a umas eleições directamente pelo PSD ou com o PSD

Anónimo disse...

Desculpem lá o modesto comentário deste escriba (que nem sai do politicamente adequado nem resvala para a brejeirice, embora possa parecer fruto de um erro de paralaxe) mas a verdade é que um corpo político, tal como um corpo biológico, tem necessidade de excretar. Trata-se de uma necessidade vital, que garante a vitalidade do corpo e que, no caso do Vital o coloca, não no plano de uma ruptura blá, blá, blá, mas numa muito mais prosaica e fedente excreção. Temos aqui e uma vez mais a confirmação de que o tempo tudo explica, tudo revela, e, muitas vezes, tudo higieniza. A propósito do Vital, é mesmo isto e nada mais.

Anónimo disse...

Outros tempos, quando este Sr. Dr. Vital Moreira foi membro activo do PCP, então antieuropeísta, dedicavam peças inteiras ao constitucionalista “progressista”, talvez um dos “Pais” da Constituiçao76.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, hoje (já la´ vão três décadas ou mais) sem deixar de ser constitucionalista – já não e´ progressista – passa por ser direitista dos 4 costados…
Vamos la a ver, não sou daqueles que digo que para ir ver uma corrida de toiros a Badajoz levo menos de metade do tempo que levava antes dos Drs. Mário Soares e Cavaco Silva exercerem funções estaduais, não. Ainda acredito no valor das pessoas sejam ou não da minha cor política. Há que ponderar e muito sobre a natureza das coisas, principalmente, se se tratam de vidas humanas!
Foi sempre uma vantagem da esquerda não ser soberba nem arrogante, ouvir e saber ouvir, reconhecer a quem de direito os devidos preceitos democráticos, ainda que burgueses.
Pior, pior, tem sido o ministro Vieira da Silva, outro antigo comunista, que tudo tem feito para não mexer no legislado do governo de P&P nomeadamente SNS e na atribuição de pensões e reformas. Sejamos objetivos. de Adelino Silva

Anónimo disse...

"Estruturalmente na merda"?

Mas que linguagem de merda é esta?

E como é que estava o país aquando da governança dos amigalhaços Passos e Portas?
Daqueles queridos Passos e Portas cujos fumos de corrupção no segundo caso lhe põem os cós das calças chamuscados?

Lembrar-seá herr joise da alegria e do ódio com que proclamava o ano de 2012 como o ano do fim dos direitos adquiridos?

Anónimo disse...

O ódio que fervilha pelos funcionários públicos, no comentário de herr jose, tem uma longa história. E longos antededentes.

A ocupação das funções sociais do estado pelos interesses privados sempre foi algo que interessou sobremaneira a tais interesses. "Oportunidades de negócios". Formas de aumentarem a sua riqueza. Formas de segregarem ideologias que olham para o lucro como uma filosofia e para o mercado como um deus.

Acresce também o ódio que vem de longe, tal como o ódio dos nazis aos judeus ou aos comunas tem um longo historial.

A pergunta que se impóe todavia é esta.

Qaundo herr jose afirma que "os restantes que façam pela vida..." refere-se concretamente a quem?
Aos que depositam as suas fortunas nos offshores, vulgo bordeís tributários" que herr jose defende a todo o custo?
Aos que singram pelas auto-estradas das PPP? Pelos néscios dos Swap? Pelos Barrosos que evoluem como banqueiros e que têm palavras de apoio e incentivo do próprio herr jose?

E é um tipo que defendia Borges mais o seu não pagamento de impostos e que defendia os rendimentos de Mexia ou de Ricardo Salgado ou de qualquer outro tubarão (a justa distribuição ao risco e aos "conhecidos" , diria) que vem falar agora desta forma em forma de choradinho raivoso de " devolução de rendimentos"?

Façam pela vida como herr jose que, segundo o que ele proprio afirma, recebe mais que o salário mínimo nacional numa tardezita de "trabalho"?

Anónimo disse...

Sejsmos objetivos Adelino. Mas se Vital estivesse no governo já tinha ultrapassado pela direita baixa o Vieira da Silva. A toda a velocidade.

Jose disse...

Cuco és a verdadeira encarnação da intriga e da mentira!
Cobro um salário mínimo por dia de trabalho (80 oiros por hora para ser preciso) e não « numa tardezita de "trabalho"», seu vigarista!
E logo vão 25%, e para princípio de conversa, para o carnaval solidário bombado a funcionalismo público...

Anónimo disse...

Sejamos objetivos? Mas para se ser objetivo será necessário pactuar com a falta de escrúpulos vigentes? Visto desta forma fico com a certeza que algo de confuso paira sobre a cabeça de muita esquerda. Sem lembrar o pragmatismo, recordo que Vieira da Silva gere, ordena e assina por baixo!
Mais, não tenho de retratar-me como Galileu, mas que a «verdade» e´ constantemente maltratada la´ isso e´.
Não sou nem quero ser bruxo. Só tenho a certeza de que ambos defendem a “Europa Connosco”. Coisa que eu abomino! Adelino Silva

Anónimo disse...

Maria Manuela Leitão Marques , Ministra da Presidência e da Modernização Administrativa, digníssima esposa de Vital Martins Moreira Jurista, professor universitário e jurisconsultor,ex Membro do Tribunal Constituciona, ex- Eurodeputado,etc,etc.
A esta gente a crise passou-lhes ao lado,mas estão sempre a utilizar a flatulência verbal.

José Fontes disse...

Ó olharapo José:
Há uns tempos, um comentador disse aqui que o nickname José e o nickname JgMenos eram dois disfarces de um cromo que escreve no jornal Observador, de seu nome João Pires da Cruz.
Fui procurar e, de facto, na tua foto, aquela cara de troll (ou de olharapo, como se diz aqui em Alcobaça, onde vivo), aquele sorriso parvo e aqueles olhinhos pequeninos de estúpido, tudo aquilo confere com o que escreves nos teus comentários.
Grande grunho que me saíste.
O Marco Orelhas, a besta do Canelas que partiu o nariz ao árbitro, ao pé de ti é um verdadeiro intelectual.

Anónimo disse...

Mais uma vez o cuco assombra herr jose. Paciência.
Avance-se no debate, deixando os pesadelos peculiares de herr jose, bombados desta forma a cucos.

Herr jose assume a defesa dos bordeís tributários como meio de fuga ao fisco.

Mas agora vem lastimar-se, verdadeiro piegas, por ter que pagar impostos?

Percebemos assim o que é o seu "façam pela vida".
Como também percebemos o carnaval solidário bombado a banqueiro torpe.

(confirmado o ódio rançoso e expresso aos funcinários públicos.
Mal oculta a baba pelas "oportunidades de negócios" )

A.R.A disse...

No que respeita ao zurrar do Sr.Vital poderia começar com um qualquer «E foi assim...» mas tal não seria justo para com os animais que zurram, não querendo o PAN á perna, e como estou cansado de partidos bipolares (que é lá isso de ser a direita da esquerda num partido que se designa socialista) acredito que Antonio Costa deveria clarificar o rumo que pretende dar aos acordos da Troika da esquerda nacional que sustentam e viabilizam o governo.

Um partido socialista que se diz social-democrata e um partido social-democrata que se diz popular, são o crasso exemplo existencial de um politico de formação comunista a dar lições de base para um formando neoliberal. Vá lá entender-se? É que só assim é que consigo vislumbrar algum sentido nas criticas que a direita tem feito à "geringonça" pois se estão a fazer bem melhor do que o anterior desgoverno ... poderiam fazer ainda ... melhor!

Ora eu como sou um apaixonado pelo movimento Dada e de todas as correntes Surrealistas, aplaudo este momento mui sui generis da nossa real politik.

Jose disse...

Cuco, por agora nem assumo nada...na lide com a treterice acabo de declarar descanso pascal!

Anónimo disse...

Herr jose continua perturbado com o cuco. Não segue os princípios pascais de sua respeitada mãe que amava os cucos e que assumia a Páscoa ( e não só) sem os tabus que atravessam a vida de muitos hipócritas.

Mas o espanto continua. A que propósito herr jose vem proclamar que "não assume nada"? Não assume os "bordéis"?

Que patetice é esta? Assumido está. Que queira assumir outras coisas, isso é apenas do foro da sua vida privada.

Infelizmente e apesar da tentativa de fuga, confirma-se o já denunciado: a tentativa de escapar aos impostos ( a que propósito esta pieguice sobre as suas obrigações fiscais? Isto é pecha da sua classe, não?).
E o ódio rançoso e expresso aos funcinários públicos, mais a baba pelas "oportunidades de negócios"

Caporegime disse...

Num cenário em que não temos autonomia ao nível da política monetária, pois estamos no euro, não será a política fiscal a única que nos permite controlar o consumo num país com a balança comercial cronicamente deficitária?
É que se estimularmos o consumo vamos prejudicar a balança comercial e aumentar a fuga da massa monetária, sobrando ainda menos para pagar a pesada dívida externa. Ou estou a pensar mal?

Anónimo disse...

É sair do euro e mandar os macrons e os vitais para o horto da UE.