sexta-feira, 8 de julho de 2016

Sem saída

Sinceramente, nem sei o que pensar.

Mais uma vez assisti ao debate do estado na nação. Aquilo nem foi nada de diferente de outras vezes. Se calhar teve que ver com o novo formato do debate, mais pesado e mais exigente para o desempenho dos partidos. Mas acho que foi por causa do fosso que senti entre a gravidade da situação actual do país, da Europa, e a vulgaridade das graçolas parlamentares.

Assustou-me mesmo. É com esta gente que vamos lidar com o martelo férreo de uma União Europeia a encarniçar-se? E não estou a falar do sistema representativo: estou a falar daqueles deputados.

Bem sei que o exercício político não é para meninos, nem se espera que cada deputado exponha as suas fragilidades para serem aproveitadas pelas bancadas do inimigo. Mas há tanta coisa que poderia ser dita de parte a parte, com interesse e profundidade, um contributo real para o país, para que todos pensássemos mais. E não tínhamos de ouvir a Assunção Cristas com cartazes a gritar sobre o que não sabe, como se sofresse de amnésia; ou o Telmo Correia a falar da Grécia (!) e dos radicais, como se estivesse na televisão a discutir futebol em 2014; ou o Aguiar Branco a "elogiar" a coerência do PCP por aceitar o despedimento de 2500 trabalhadores da CGD (ele que nem se lembra que "despediu" 300 mil pessoas e empobreceu os já pobres); o Carlos César a falar açoriano (a dizer algo como "mais valia estar calado"), o Banif a ser esgrimido como se fosse apenas umas décimas do PIB, isto só para sublinhar os que me ficaram na cabeça.

E depois aquele bruahh de fundo no meio das intervenções (mais uma vez a Assunção Cristas sem filtro), o bater nas bancadas até o presidente Lacão dizer para não estragarem o património de todos.

Se algum retrato poderia ser feito do estado da nação, foi aquele: um parlamento empobrecido, bestializado, autista, de deputados de quarta linha, sem perceberem que nunca deveriam estar naquele lugar.

20 comentários:

Anónimo disse...

Concordo consigo quanto ao espectáculo ridículo e deprimente. Pensar ou ter expectativas nessa gente é pura perda de tempo. Os desafios da actualidade ultrapassam em muito uma abordagem ao individuo, a transformação do sistema representativo numa democracia directa é a necessidade que está aos olhos de todos e que muitos parecem não querer ver.

Jose disse...

Tudo com dantes, mas não tanto assim, há novidades!

Somos patriotas e servimos sempre o interesse nacional, e apesar das maldades herdadas dos vendidos ao estrangeiro, ainda assim os convocamos ao patriotismo.
Apesar de serem os responsáveis de todo o mal, convocamo-los a redimirem-se pela confissão dos seus erros e pela adesão ao futuro que estamos a cavar.

Anónimo disse...

Concordo consigo. Aquilo é de fugir. Não discuto partidos, mas sim pessoas. Acho que o João Ramos de Almeida devia ter falado também de deputados do PCP e do BE. Dois exemplos: a Rita Rato, que fala aos "safanões", tipo cassete e me parece que nem ela própria sabe muito bem o que está a dizer; a Catarina Martins, que é uma completa ignorante, sempre muito atrevida.

Augusto disse...

Generalizar não é a melhor forma de denunciar a confrangedora nulidade de muitos parlamentares, porque ainda há alguns de quem nos podemos orgulhar.

Edgar disse...

Na minha opinião, é um texto confuso que confunde: onde o João Ramos de Almeida vê "um parlamento" bestializado e autista, eu vejo o desespero dos que viram derrotada a sua política de exploração, empobrecimento e destruição e o esforço da maioria para ultrapassar um dos períodos mais negros da nossa vida democrática e abrir uma janela de esperança aos trabalhadores e ao povo..
Como disse Jerónimo de Sousa "não travamos este combate e esta luta para morrer de pé! Propomos e lutamos para viver de pé numa Nação que queremos soberana com um povo, que tem o direito inalienável de determinar o seu futuro!"

Anónimo disse...

Enquanto na Assembleia da Republica se discute banalidades e se ignora totalmente a situação caótica em que se encontra a UE , e no Parlamento europeu os deputados pagos a peso de ouro fazem relatórios que ninguém lê , por não terem qualquer interesse, a situação económica na UE é cada vez mais grave.
O reaccionário Ministro das finanças Alemão disse que estava mais preocupado com Portugal do que com o Deutsche Bank. Esta afirmação no mínimo que se pode dizer é que é patética.
O Deutsch Bank tem uma dívida astronómica ,que segundo alguns não é possível
pagar .Este banco é o maior da Alemanha e um dos maiores do Mundo. Porquê ignorar estes factos.Tem-se falado muito nos bancos portugueses , nomeadamente na Caixa Geral de Depósitos e porque não se fala também nos italianos que talvez estejam em situação muito pior .
A ameaça de sanções a Portugal por deficit excessivo é um autentico absurdo e uma vingança contra a maioria parlamentar em Portugal .

Anónimo disse...

Na realidade foi deprimente assistir ao debate do Estado da Nação. Dá para pensar que estamos em maus lençóis com gente tão falha de inteligência, para nos representar. Não os podemos condenar, uma vez que não se elegem. O eleitorado deve ser mesmo burro, para escolher tais representantes

Jaime Santos disse...

O Augusto tem razão. Isto dito, nunca percebi porque existem tantos anticorpos à Esquerda para, mantendo a proporcionalidade, alterar a Lei Eleitoral de modo a introduzir círculos uninominais ou plurinomimais pequenos (como na Dinamarca, onde se usa igualmente o método de Hondt, ver http://www.thedanishparliament.dk/Democracy/~/media/PDF/publikationer/English/The%20Parliamentary%20Electoral%20System%20in%20Denmark_samlet%20pdf.ashx), mais um círculo nacional de compensação de modo a que as pessoas possam de facto saber quem elegem. O que esperavam com um sistema de lista fechada em que os candidatos são efetivamente escolhidos pelos diretórios partidários a diferentes níveis (distrital e nacional)?

Jose disse...

O momento é de grande exaltação patriótica.
A esquerda(a legítima) acredita que sem a UE tudo se lhe oferece para tomar conta do país.
Obviamente para a esquerda Pátria é algo em definição, não certamente aquela coisa dos egrégios, mas seguramente onde ela seja dominante.

João Ramos de Almeida disse...

Caros leitores,

É verdade que seria mais interessante ter exemplos de todas as bancadas, mas foram aqueles que me ficaram na memória. E tenho ideia de que, apesar de tudo, há uma visão mais estrutural à esquerda do que na actual direita. Sente-se que estão um pouco perdidos.

Tratou-se de um post um pouco mais emotivo do que eu gostaria e até poderia ter - seguindo o conselho do Augusto e do Edgar - não generalizar e não ter sido tão confuso. E até olhar para o espectáculo como um sinal de como as clivagens se estão a abrir, onde se abrem e das formas que adoptam, como sinal dos tempos que aí vêm. Ou elaborar - como faz o Jaime - sobre a forma centralizada de escolha de deputados.

Mas na altura foi aquilo que me ficou. Foi um arrepio que sentiu e saiu assim.

As minhas desculpas. Na próxima serei mais ponderado.

Anónimo disse...

Posso engendrar métodos e engenharias eleitorais e tudo o mais, mas se os homens e mulheres não quiserem, nada feito.
Outro tempo assistia aos debates da assembleia municipal aqui do burgo, aborreci e agora já la´ vão 15 anos sem la´ por os pés.
Tenho a impressão que o deputado da república tem o “rei” na barriga, que se diz representante mas não representa ninguém. Os guinchos estridentes, fazem parte do seu arsenal cultural, o estrebuchar indica grave doença patológica.
E´ uma espécie de voluntariado a esmifrar o erário público.
Também acho que os partidos deveriam…bem mas os partidos são eles mesmos..!
Estamos metidos num imbróglio danado.
Felizmente ainda há voluntários que respeitam o seu eleitorado, poucos, mas há.
Infelizmente o eleitorado não pode cassar os mandatos… de Adelino Silva

Anónimo disse...

Exaltação patriótica ou excitação patriótica?
O excitado que assim fala em exaltação seguramente está a cavar o seu futuro. E até o deposita seguramente em offshores e se calhar ( essa não é segura) olha para as cadeiras de rodas com um misto de fé e de inveja
Seguramente o seu pai, exemplo dum egrégio patriota, seguramente ensinou à descendência que essa de patriotismo só mesmo para combater os turras em África que andavam seguramente a depenicar os tesouros do Império.
Parece que as cadeiras de rodas rendem mais se forem alemãs. E daí seguramente os antigos patriotas, exaltados seguramente pelos Angola é Nossa, passaram a novas palavras de ordem excitadas e exaltadas. E seguramente em alemão. Mas da forma igualmente exaltada e excitada dos tempos dos seus papás.
O resto é apenas disfarce a ver se lhe compram a globalização em alemão vernáculo ou em inglês da caserna

Jose disse...

O incómodo dos esquerdalhos em relação ao patriotismo tem fundamentado fundamento na doutrina que bem sabem ter bem servido o Império Soviético na dominação de tantas Pátrias.
Não é sentimento, é instrumento.
Instrumento tão útil que se inventaram Pátrias para fundamentar lutas de conquista.
E onde as há, é fundamento da conformação às suas políticas, sempre patrióticas e de esquerda.
Nenhum compromisso com o passado, salvo com o que incorpore a luta pela Fé.

O patriotismo deve ter qualidade, de esquerda, que não outra qualquer.
Qualquer outra é no mínimo de mau gosto, e como tal servido pelos mais básicos esquerdalhos de toda a sorte de adjectivações soezes e hipérboles rebaixantes.



Não invoca a fidelidade, convoca a conformidade.

Jose disse...

A contragosto calam o patriotismo futebolístico....muito povo mal pastoreado!

Anónimo disse...

Parece que em cheio.
Seguramente que em cheio porque de forma assaz exaltada, surge incomodado e atarefado um que, qual vero patrioteiro, salmodeia pelo Império.

Seguramente que os soviéticos lhe podem dar uma ajuda a lembrar os salmos proferidos pelos egrégios progenitores quando seguramente gritavam patrioticamente que Angola é Nossa. Em cada frase da missa rezada pela brigada do reumático lá estavam a palavra turra e a palavra soviético. Apenas pretextos patrioteiros para que a engorda prosseguisse e a matança continuasse

Seguramente era sentimento e o faduncho erguia-se por entre as pedras dos cais que viam embarcar os soldados que iam matar e morrer.

Anónimo disse...

As Pátrias alheias são pátrias inventadas, gritavam seguramente em projecto de exaltação excitada.
Agora dizem o mesmo mas em vernáculo alemão ou em inglês de taberna. Seguramente com sentimento, porque dinheiro é dinheiro e a Pátria está onde está o dinheiro. E Portugal é, para tais tipos, já uma Pátria inventada. Como o eram as colónias que se soltaram do ventre obeso de quem saqueou o Império

Seguramente com sentimento, verificam as contas nos offshores aprazíveis. E com sentimento crescente e com fé nas cadeiras de rodas fazem as contas incorporando o instrumento da Goldman Sachs no pastoreio da traição.

Seguramente com aquele sentimento dos egrégios progenitores que gritavam Angola é Nossa enquanto amealhavam o dinheiro e mercadejavam cadáveres. Agora gritam em Inglês da taberna ou em alemão vernáculo: "Portugal é da UE ou da Alemanha. Ou de qualquer que dê mais e que permita a continuação da nossa engorda.

Seguramente. E com sentimento

Anónimo disse...

Seguramente, a contragosto, excitado e de forma exaltada:
-Nem a Alemanha, nem a França. Foi Portugal

E com sentimento sai um bruááá em forma de buááá

A culpa terá sido dos pastores? Há que chamar de novo Passos ou Barroso para que Wolfgang Schäuble seja melhor servido.

Anónimo disse...

Sara Moreira venceu meia-maratona em Amesterdão

Patrícia Mamona campeã europeia do triplo salto

Arnaudov obtém medalha de bronze no peso

Portugal campeão europeu de futebol

Mas, mas, mas...então isto por aqui ainda mexe? Mas então esta não é uma Pátria inventada pelos esquerdalhos?

Wolfgang Schäuble, questionado sobre a situação do Deutsche Bank, respondeu que estava mais preocupado com a situação de Portugal.
Seguramente estava excitado e exaltado. E fiel às suas fidelidades maiores, encrespava-se porque os credores não tinham confiscado a bola aos portugueses

(e em privado praguejava contra tal povo, que não estava a ser pastoreado de acordo com as suas instruções).





Jose disse...

Anda um lunático à solta...grita patriota e de esquerda a cada dez passos!

Anónimo disse...

Quem será o lunático à solta que levanta miasmas ao egrégio descendente do egrégio patrioteiro que passou do "Angola é nossa" para um rasteiro.: "Portugal é dos credores e dos agioptas, Heil Wolfgang Schäuble"?

Uma merecida vitória.

Na tumba o cadáver dá voltas. Nem Angola nem Portugal