quinta-feira, 16 de junho de 2011

Retórica progressista

Recupero, através de uma análise do Daniel Oliveira, um trabalho do melhor jornalismo económico, feito por João Ramos de Almeida e Raquel Martins no Público, onde se indica a futilidade da descida da contribuição patronal para a segurança social: "Beneficia apenas as empresas com um grande quadro de pessoal - que não são as que criam mais emprego - e traz maiores vantagens para as empresas que precisamente não competem internacionalmente". O risco para a sustentabilidade da segurança social é claro e deliberado. A perversidade de aumentar o peso de um imposto regressivo como IVA, onerando relativamente mais aqueles que consomem tudo o que ganham, que já tem um peso na estrutura de impostos quase sem paralelo na Europa, é igualmente transparente. A perversidade da fraude intelectual que reduz o trabalho a um custo também já foi aqui assinalada vezes sem conta. Afinal, a famosa "retórica da reacção" - perversidade, futilidade e risco -, de que falava o economista Albert Hirschman, pode ser posta ao serviço de causas progressistas válidas...

11 comentários:

Paulo Pereira disse...

A esquerda continua a dar tiros nos pés ao defender afincadamente e de uma forma ignorante os elevadissimos impostos sobre o trabalho, e por isso defende esta TSU tão elevada.

A redução da TSU é um passo no sentido certo, senão as empresas terão cada vez mais tendência para substituir pessoas por máquinas.

Anónimo disse...

Só com um debate aberto e generalizado sobre "qualquer" medida a aplicar podemos definir objectivos e trajectórias que possam incluir todos, as medidas muitas vezes são aplicadas sem se perceber exactamente o que está em causa.

Senhor Paulo Pereira o que tem de errado as pessoas serem substituídas por máquinas?

Paulo Pereira disse...

Porque as pessoas no desemprego têm tendência a ficarem pobres, os seus filhos têm tendência a ter pouco aproveitamento escolar, os pobres têm tendência s ter uma saúde fraca.

António Carlos disse...

"... empresas com um grande quadro de pessoal - que não são as que criam mais emprego ..."
Parece-me uma contradição.

"... IVA, onerando relativamente mais aqueles que consomem tudo o que ganham ..."
Considerando o défice crónico da nossa balança comercial, não será uma boa medida desincentivar o consumo e fomentar a poupança?

Finalmente. A diminuição da TSU não diminui também os custos das novas contratações contribuindo assim para a criação de emprego?

Empresário disse...

Não é um jornalista por conta doutrem nem um ocioso bloguista que tem um tacho como "investigador" que me vão dizer a mim o impacto de uma descida na TSU. Eu que tenho uma PME com 30 funcionários e que 14 meses ao ano, quando só trabalho 11, tenho de pagar cerca de 10.000 € de TSU. Estamos a falar de 140.000 euros/ano meus caros. Este dinheiro dava-me para contratar mais gente ou comprar mais máquinas e assim contribuir mais para a criação de riqueza. Esta taxa tem levado muita gente a falência...
A sociedade tem de deixar de ser hipócrita e acabar com o "discurso" solidário e passar a serem as pessoas a cumprirem com as suas obrigações sociais e não delegarem tudo no estado que, por sua vez, vai por o fardo nas empresas.. as empresas nascem para gerar riqueza (ponto final) as pessoas nascem para viver em sociedade. Libertem as empresas do social e deixem-nas focadas naquilo que sabem fazer, e passem o social para as pessoas, que são quem tem a obrigação de o fazer!

Anónimo disse...

Senhor Paulo Pereira penso ter compreendido a relação que estabelece entre o incorporação tecnológica e a pobreza, de certa forma até concordo consigo mas esse estranho conjunto de tendências que fala só o são porque há demasiada gente a pensar que tudo o que conquistou/conquista é justo e merecido e os que não conseguem garantir a sua sobrevivência devem ser eliminados, bem sei que há pessoas que chamam a isto a lei da vida,desculpe, da selva mas para mim esta visão parece-me sempre redutora.

Senhor Empresário já pensou que pessoas como o João Rodrigues podem estar a contribuir para que a sua vida seja melhor? Penso que o João Rodrigues defende uma economia para todos...
Para si, há algum tipo de solidariedade que não seja hipócrita? Se uma empresa estiver focada no que sabe fazer é garantido que não explora ninguém? não percebo se acredita que a economia que conhecemos é perfeita ou se tem alguma coisa a ver com politica...

Anónimo disse...

Balelas dos empresários, hoje na Tv já querem um descida da TSU em 10%... sabem-na toda, AS revoltas Gregas esperam-nos...o coelho que se cuide...

Anónimo disse...

Rectificação, o futuro Ministro quer uma descida de 15% da TSU e aumento do IVA...de quanto se calhar de 23% para 43% e o de 6% para 26%...Pulhas!!!

Paulo Pereira disse...

A esquerda não está a defender os desempregados quando exige que se mantenham os elevados impostos sobre o trabalho.

A esquerda está mais preocupada em manter as reformas altas do que em promover o aumento do emprego.

Jorge Sousa disse...

A Esquerda nacional usa palas de cavalo e não é para olhar para o povo. É para olhar para os ricos e empresários. O problema deles não é uns serem pobres e passarem problemas, é só e apenas como retirar dinheiro aos ricos, e depois escrevem destes artigos. Caro João Rodrigues, o senhor escreve este artigo com a cabeça focada no facto de que o Belmiro e o Amorim vão beneficiar com a descida desta taxa e, portanto, tem de arranjar argumentos para lutar contra tamanha heresia de baixar impostos a esses "capitalistas". O senhor esquece-se, porém, ou então está-se marimbando para a esmagadora maioria dos "empresários" que não são ricos nem perto disso. Jovens que tentam lançar os seus negócios (muitos deles como spin-offs de projectos universitários), menos jovens que tem o seu pequeno negócio no comércio, na restauração, nos serviços, e cuja TSU à taxa obscena a que se encontra torna-se um dos seus piores pesadelos em termos de tesouraria, sendo sem sombra de dúvidas um peso considerável na sobrevivência das mesmas. O pior de tudo isso é que como sabemos esse dinheiro pago com o suor do trabalho e com o risco do investimento destas pessoas é usado para subsidiar muita gente que não o merece.

Caro Anónimo, não ponho em causa a importância da aposta na Investigação, mas como contribuinte português tenho sérias dúvidas se estou a obter benefícios económicos, cientificos ou sociais concordantes com o que temos gasto nesse sector.

Caporegime disse...

Onde está a coerência desta gente???? Criticam o modelo do FMI por conjugar o empréstimo com austeridade fiscal por tal aparentar uma prioridade maior em reaver o dinheiro do que o objectivo essencial de recuperar uma economia, mas depois vêm para aqui criticar provavelmente a única medida contra-ciclica a ser aplicada. Enfim.. só estão bem é a criticar.. seja lá o que for que "a outra equipa" faça... qualquer coisa que faça está mal.. essa atitude é de um típico adepto de tasco...