sexta-feira, 3 de junho de 2011

Este país não é para trabalhadores

Ontem defendi que este país não é para crianças. Hoje confirma-se, através de Pedro Romano do Negócios, que este país também não é para trabalhadores: “Portugal é o país da Zona Euro onde os salários vão sofrer a maior queda real, mesmo superior à prevista para a Grécia. Os números são da Comissão Europeia e reflectem, em grande parte, as medidas aplicadas aos funcionários públicos. Em 2013, o funcionário público médio estará a receber quase menos dois salários - o equivalente ao subsídio de férias e 13º mês - do que em 2010. A quebra salarial variará entre 7% e 17%.”

A lógica insana da austeridade está, como temos insistido neste blogue, na promoção deliberada da redução dos salários no público e no privado, ajudada pelo crescimento do desemprego, a variável de ajustamento por excelência deste euro mal amanhado e que alimenta a crise da insolvência pública e privada. Tudo servido por uma fraude intelectual que ignora, como bem sublinha Ricardo Coelho, o que nos diz a alguma investigação económica sobre as relações laborais e o efeito pernicioso da quebra dos rendimentos do trabalho. Para as troikas o que importa mesmo é ter força política para reduzir o salário directo e indirecto, do salário à pensão de reforma, passando pelo subsídio de desemprego e pela provisão pública de bens sociais.

As motivações humanas são complexas, o enquadramento ideológico das decisões conta e o conhecimento das alternativas disponíveis é variável. Neste contexto, resta-me desejar que muitos trabalhadores tenham consciência dos seus interesses esclarecidos no momento do voto e para lá dele.

4 comentários:

Anónimo disse...

Os Senhores doutores por acaso sabem por que razão os trabalhadores da função pública, apesar dos cortes salariais,e cortes nas reformas antecipadas,etc. irão, amanhã, votar no Passos e no Portas? Sabem? Os senhores por acaso sabem por que razão muitos votantes que, tradicionalmente, votavam no PC e até no Bloco irão votar amanhã no Passos e no Portas? sabem? é que com Sócrates cada local de trabalho há um agente socialista-pide, um funcionário do partido, pronto a bufar, as chefias mandatárias políticas do regime socrático vigiam e instalaram o MEDO. Portanto, é natural este ódio a socrates e aos socialistas e a todos que de alguma forma pactuaram com este claustrofobia democratica. Os Senhores verão com os seus próprios olhos, apesar da austeridade que se avizinha, a alegria na noite de domingo. Na verdade, durante estes anos de ditadura socratica, a esquerda comunista e a esquerda bloquista nunca denuciarem a liquidação da democracia e a instauração das relações laborais assentes no medo e na perseguição. E é por essa razão que terão também um castigo bem merecido.

Andresilva74@sapo.pt

tempus fugit à pressa disse...

ora se voltarmos ao escudo

perdem logo 80%

três mil contos por mês e 1200 contos de renda e a sardinha a 20 contos o kilo e o cherne aí a 100

que nessa altura lá pra 20...e tal
o atum só pra japonês ver
e chinês comprar

tempus fugit à pressa disse...

aqui os reformados da função vão votar enquanto vão retirando os certificados de aforro

a 100 mil por dia baixou bastante desde Maio

mas até ao fim do ano devem ser mais uns 1000 e tal milhões extra que o IGCP vai perder
e a juros de 2,8% e menos e com
21,5% de taxa em cima

era um bótimo negócio

infelizmente este país nã é para tansos

se o fosse talvezz ainda fugisse menos capital

do que em 77 quando o fim estava à bista

Pedro Veiga disse...

Os resultados eleitorais de domingo vão certamente espelhar vários aspectos do que tem sido a condução política, económica e social do país. Vão mostrar o medo que existe, o medo de perder o que ainda se tem aparentemente de bom e seguro. Vão mostrar a dificuldade em entender a complexa linguagem económica com que somos bombardeados diariamente, as consequências das más opções seguidas nos últimos anos que criaram um problema de grandes dimensões muito difícil de resolver. Vão também mostrar qual é o peso do alheamento da população face a este importante acto da nossa cidadania. Muitos dos que sofrem por estar no desemprego poderão abster-se por se sentem fartos de uma situação sem solução óbvia e fácil à vista.
O cenário político não é bom. Por um lado temos a direita cheia de força e até bastante unida a deitar lágrimas pelos pobres. Por outro, temos a esquerda desunida, fragmentada e sem um projecto coeso para tirar o país da lama em que foi metido. Pelo meio temos uma corja de gente que vive de favores dos grandes partidos, que vive do cartão de sócio e que está sempre cheia de "fome". Perante isto o cenário de amanhã é fácil de prever: o centrão irá vencer e o governo será formado pelos mesmos do costume com caras renovadas. A oposição continuará a ser crítica mas dificilmente conseguirá implantar as suas ideias. A dureza da crise ditará, certamente, o futuro das nova maioria política que se formará.
Apesar deste cenário penso que não deveremos deixar de votar porque é um direito que ainda não nos roubaram. Quem se lembra ainda do tempo do fascismo?