terça-feira, 14 de junho de 2011

Alternativas em tempos de crise

"Face à grande crise do capitalismo neoliberal, não tenho a menor dúvida que os cidadãos de esquerda devem defender políticas federais e articular a sua luta à escala europeia. Que fique bem claro: hoje, na UE, ou nos salvamos todos ou nos perdemos todos." (9 de Abril e 17 de Julho de 2009)

"Em suma, a menos que ocorra um milagre na Alemanha, o agravamento da crise ecónomica e financeira acabará por fazer saltar a faísca detonadora de uma crise política na UE no próximo ano. A interacção das várias crises conduzirá ao desmoronar da Zona Euro por insustentabilidade social, financeira e política." (17 de Julho de 2009)

"Assim, a manutenção de Portugal na Zona Euro (enquanto esta durar) implica a decisão política, ainda que implícita, de sofrer um prolongado período de grande desemprego. E isto sem que o sacrifício valha a pena porque o nível de vida apenas subirá sustentadamente com o aumento da produtividade e os processos sociais que permitiriam esse aumento, através do investimento e da inovação tecnológica, são prejudicados pelas políticas de austeridade." (19 de Julho de 2009)

"Recordo que a minha previsão não é uma opção política, é uma antevisão racional do fim da actual Zona Euro, gostemos ou não. É possível que após a implosão se venha a constituir uma outra com muito menos membros, ficando (por hipótese) os restantes ligados àquela através de câmbios ajustáveis, mas não quero ir tão longe na previsão." (19 de Julho de 2009).

Excertos de posts que o Jorge Bateira escreveu no Ladrões de Bicicletas. Mais recentemente, leia-se este post: tudo depende de nós, realmente.

9 comentários:

Babar na Barata disse...

pois e a saída do euro com o consequente bailado de câmbios e desvalorizações relançariam as exportações face ao império chin

e tornariam a europa um paraíso de prosperidade após o abate selectivo da velharia

uma conferência numa livraria crivada de dívidas...sintomático

Paulo Pereira disse...

Como não vamos poder sair do Euro por causa das dividas publicas e privadas, temos de encontrar soluções.

Só existe uma : aumentar as exportações e diminuir as importações

Como fazer isso ?

Anónimo disse...

Claro que a ideia de abandonar o euro é vista como inconcebível, até mesmo em Atenas e em Lisboa. Uma saída desta moeda imporia perdas comerciais sobre o resto da zona dada a depreciação real e as perdas de capital junto dos principais credores, muito à semelhança do que aconteceu na Argentina com a ‘pesificação' da sua dívida em dólares durante a última crise que esse país enfrentou.

Mas os cenários que são vistos hoje como inconcebíveis podem não ser tão improváveis daqui a cinco anos, sobretudo se algumas das economias da periferia estagnarem. A zona euro manteve-se unida dada a convergência de taxas de juro reais que sustentavam o crescimento e à esperança de que as reformas mantivessem a convergência; e graças também às perspectiva de uma eventual união orçamental e política. Mas a convergência desapareceu e a união orçamental e política é agora um sonho distante.

A reestruturação da dívida vai acontecer. Resta saber quando (mais cedo ou mais tarde) e como (de forma ordeira ou desordenada). Mas até mesmo uma redução da dívida não será suficiente para repor a competitividade e o crescimento. Mas se tal não for conseguido, a opção de sair da união monetária prevalecerá: as vantagens de permanecer nesta união serão menores do que as vantagens de sair, por mais acidentada e desordenada que esta saída possa acabar por se revelar.

Exclusivo Financial Times
Tradução de Carlos Tomé Sousa


http://economico.sapo.pt/noticias/a-zona-euro-a-caminho-de-uma-cisao_120573.html

Anónimo disse...

Claro que a ideia de abandonar o euro é vista como inconcebível, até mesmo em Atenas e em Lisboa. Uma saída desta moeda imporia perdas comerciais sobre o resto da zona dada a depreciação real e as perdas de capital junto dos principais credores, muito à semelhança do que aconteceu na Argentina com a ‘pesificação' da sua dívida em dólares durante a última crise que esse país enfrentou.

Mas os cenários que são vistos hoje como inconcebíveis podem não ser tão improváveis daqui a cinco anos, sobretudo se algumas das economias da periferia estagnarem. A zona euro manteve-se unida dada a convergência de taxas de juro reais que sustentavam o crescimento e à esperança de que as reformas mantivessem a convergência; e graças também às perspectiva de uma eventual união orçamental e política. Mas a convergência desapareceu e a união orçamental e política é agora um sonho distante.

A reestruturação da dívida vai acontecer. Resta saber quando (mais cedo ou mais tarde) e como (de forma ordeira ou desordenada). Mas até mesmo uma redução da dívida não será suficiente para repor a competitividade e o crescimento. Mas se tal não for conseguido, a opção de sair da união monetária prevalecerá: as vantagens de permanecer nesta união serão menores do que as vantagens de sair, por mais acidentada e desordenada que esta saída possa acabar por se revelar.

Exclusivo Financial Times
Tradução de Carlos Tomé Sousa
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Nouriel Roubini, Economista


http://economico.sapo.pt/noticias/a-zona-euro-a-caminho-de-uma-cisao_120573.html

Anónimo disse...

sou muito estúpido mas se a tendencia for no sentido da grande depressão global, deveríamos estar a preparar a autosuficiencia alimentar e energética não?

Pedro Veiga disse...

Sim, sem dúvida. Não nos esqueçamos que estamos já a viver no período pós "oil peak"...

Paulo Pereira disse...

A esquerda é a favor ou contra atingir uma balança corrente equilibrada no médio prazo ?

jvcosta disse...

Um debate muito interessante. Venham mais. Talvez puxando a brasa à minha sardinha, creio que um ponto forte de discussão, até do ponto de vista pragmático e das perspetivas concretas de luta, foi o da exequibilidade das propostas políticas. Bateira deu o exemplo, porque talvez tenha falado muito mais de programa de ação política do que de economia propriamente dita.

HORIZONTE XXI disse...

A esquerda, a direita, a do meio, a de baixo, a de cima, a da frente, a outra e mais alguma. Existem questões supra partidárias. E o ser humano PÁ?!