sexta-feira, 23 de maio de 2008
Que fazer?
Acho que o governo não deve usar recursos públicos para tentar travar o aumento do preço dos combustíveis. As «conspirações contra o público» e o poder económico podem ser escrutinados e controlados. Isto não sai caro, embora seja díficil no actual contexto. O governo pode e deve atenuar os efeitos do aumento do preço dos combustíveis sobre os cidadãos mais pobres e/ou ecologicamente mais responsáveis: reforço das prestações sociais e bloqueio dos preços dos transportes públicos são as prioridades imediatas. Justiça social e sustentabilidade ambiental. Isto é uma oportunidade para mudar comportamentos. Aqui a política pública também é crucial: investir nos transportes colectivos, aproveitando e incentivando o previsível aumento da procura. Igualdade e ambiente juntos uma vez mais. A subida de preços deve também ser vista como uma oportunidade para, com investimento público bem dirigido, reforçar a aposta nas energias renováveis, área onde se diz que o país pode construir vantagens competitivas interessantes. O governo deu alguns sinais positivos. Quanto muito pecam pela timidez. Alguém tem mais ideias? Ideias que não passem por reduzir os impostos sobre os combustíveis, relaxar as regras que protegem o ambiente e os cidadãos, perpetuar uma perniciosa cultura do automóvel privado ou premiar comportamentos ambientalmente irresponsáveis. A política que interessa é uma luta contra «a tirania das pequenas decisões» que gera resultados globais desastrosos. A crise é sempre uma oportunidade. Para as boas e para as más ideias.
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3 comentários:
Não existe política governamental que possa fazer algo contra o esgotamento da energia barata. Resta a energia cara. Qualquer barato será um artifício contabilístico em que alguém pagará pela diferença.
Neste campo, e de todas as propostas e políticas preconizadas, existe algo de comum entre todas: quando o Estado Intervém, Regulamenta, Proíbe, Restringe, em suma interfere de toda e qualquer forma no mercado, traz sempre consequências adversas e efeitos secundários piores do que o pretenso malefício inicial que se propunha corrigir.
Deixe os consumidores comprar e os produtores produzir. Se os deixar trabalhar sem se intrometer naquilo que não é o seu negocio, o estado presta o melhor dos serviços.
Em termos de diplomacia económica, deveria ser dada mais atenção a uma proposta chamada "Protocolo de Esgotamento do Petróleo/Oil Depletion Protocol", proposta pelo geólogo Colin Campbell.
Mais aqui
Concordo totalmente com o que o João Rodrigues diz. Acho que no curto prazo pouco mais se pode fazer do que aproveitar a situação para reforçar os incentivos ao uso do transporte público. A médio-longo prazo os problemas decorrentes da escassez de energia e do insustentável impacto ambiental do uso de fontes poluentes de energia devem ser resolvidos através de fortes incentivos à conservação de energia e à sua produção local. Uma proposta muito interessante, que também ajudaria a resolver a perigosa dependência externa alimentar, pode encontrar-se aqui:
http://www.energyfarms.net/
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