quinta-feira, 29 de maio de 2008

Responsabilidade, exigência e esperança

«Os que nos juntamos neste apelo, vindos de sensibilidades e experiências diferentes, partilhamos os valores essenciais da esquerda em nome dessa exigência. É tempo de buscar os diálogos abertos e o sentido de responsabilidade democrática que têm de se impor contra o pensamento único, a injustiça e a desigualdade». Este apelo, subscrito por pessoas de diversos quadrantes da esquerda portuguesa - de Carlos Brito a Manuel Alegre, passando por Helena Roseta ou por Francisco Louçã -, tem de ser a base para um esforço político consistente para construir uma alternativa à neoliberalização gradual do país conduzida pelo bloco central. Exigência e responsabilidade são as palavras-chave. E, talvez, esperança.

5 comentários:

psergio57 disse...

Numa altura em que o principal adversário do PS de Sócrates são o PC e o BE torna-se fundamental conseguir um bom resultado eleitoral à esquerda. Impõe-se um esforço unitário para impedir o desmantelamento do Estado Social e o avanço da selvajaria neo-liberal, com o seu cortejo de novos-pobres a engrossar a miséria que já é uma triste realidade para 1/5 da população.

Francisco Clamote disse...

Salvo sempre o devido respeito, pela conversa do Apelo não vamos longe.
Cumprimentos
Francisco Clamote

http://terradosespantos.blogspot.com/

Anónimo disse...

“Orgulhosamente sós”, retraídos, condenados a permanecermos pequenos, assim é que não iremos a lado nenhum.

Esquerda Comunista disse...

Aqui e Agora"... O QUÊ?


Como e relâmpago em céu azul foi anunciado um "comício/festa das [algumas] esquerdas".

Na próxima terça-feira, Manuel Alegre e outros socialistas partilharão o mesmo palco com dirigentes do Bloco de Esquerda e da Renovação Comunista, todos reunidos em torno dum manifesto de inteções onde se anunciam como pontos centrais o combate à corrupção, às crescentes desigualdades sociais, pela paz e pelo aprofundamento da democracia.

Que não restem dúvidas sobre o assunto: é de saudar um comício destes!

Esta aproximação de Alegre (e dos alegristas) ao Bloco de Esquerda (e vice-versa) é resultado do descontentamento larvar na sociedade portuguesa, consequência das maiores manifestações e lutas operárias dos últimos 20 anos.

Tudo isto teria de ter - como está a ter - consequências nas organizações tradicionais da classe trabalhadora: É o que está a suceder no PS que tem sido desde o 25 de Abril, o partido mais votado pela classe trabalhadora em Portugal, malgrado os seus sucessivos programas e direcções alinhados com a burguesia.

Com as suas tibiezas e contradições, o surgimento e reforço duma ala esquerda no PS é, simultanemanete consequência, mas também será causa duma guinada à esquerda no país: que surJam dirigentes históricos do PS a romper com a lógica neo-liberal, em defesa dos serviços públicos e de maior justiça social em Portugal, terá como efeito reforçar a luta contra o actual governo PS e tudo aquilo que este representa: o decrépito capitalismo português e a sacrossanta (e burguesa) União Europeia.

Finalmente, que várias sensibilidades e correntes de esquerda promovam acções conjuntas, apenas pode ser saudado como um passo importante para a recomposição do nosso campo.

Todavia, a "unidade" não pode ser conquistada a qualquer preço, nem com exclusões de palmatória! E, não deixando de saudar a iniciativa e de reconhecer o seu alcance, torna-se, também, necessário e em rigor de apontar algumas insuficiências que desde já despontam.

Antes demais, porquê a exclusão do PCP? Foi convidado ou não foi convidado? Como e em que moldes foi feito (se foi feito) o convite? E se foi feito tal convite, porque recusou o PCP a estar presente?

Qualquer unidade das "esquerdas à esquerda de Sócrates" que não tenha o concurso do PCP é, desde o princípio, uma unidade coxa: não apenas pela importância eleitoral do PCP, mas sobretudo pela sua influência política e social, pela sua militância e intervenção pública. Se algum partido tem mobilizado na rua o protesto contra as políticas do governo e do patronato, esse crédito tem de ser dado (ainda que não exclusivamente) ao PCP e aos seus militantes. Não está o PCP, mas estará a "Renovação Comunista" que é uma organização que não representa mais do que a si própria...

Depois, há questão dos motivos da convocatória: até a hierarquia católica (ou a Manuela Ferreira Leite) poderia subscrever um vago manifesto contra a corrupção e as desigualdades sociais, pela democracia e pela paz!

Claro! O simbolismo do comício ultrapassa em muito as razões oficiais da sua realização mas, não negando o papel do simbólico na política, é preciso relembrar que a política se faz no concreto.

E concretamente temos (pelo menos por agora), uma mão cheia de nada e outra vazia de tudo.

Como se propõem os protagonistas desta convocatória resolver os problemas sociais em Portugal? Como vão reabilitar os serviços públicos? Que medidas têm para tirar o país da crise? Depois do "comício-festa" farão o quê? Esta acção esgota-se aí, ou vamos assistir à formação dum novo partido a partir da união do Bloco com a RC e o "alegrismo", à semelhança do que sucedeu na Alemanha com o Das Link? Resta ainda saber se o Bloco não virá a "moderar" os seus programas e tácticas para conseguir uma (eventual) unidade com o "alegrismo"... Unidade.. mas a que preço..?

Sobre tudo isto há um grande mistério e estas expectativas e interrogações têm de ser respondidas. Convém que começem já a ser no anunciado comício. Ou tudo isto não passará dum epifenómeno, numa daquelas acções de "mediatismo político" que se esgota em si próprio...

Mas sobre tudo isso, terão de responder os protagonistas (presentes e ausentes) no "comício festa das esquerdas" - não apenas os Estados-maiores das esquerdas, mas sobretudo os seus militantes que um dia acordam e descobrem, pela imprensa, de que afinal a unidade das esquerdas até pode ser possível.

E seria bom que essa unidade, consequente e combativa, pudesse ir a votos já em 2009! Não uma unidade "qualquer" e só com alguns, mas de todos e em torno dum programa genuinamente socialista que seja alavanca da luta e transformação social de que este país precisa: em torno dum programa anti-capitalista que rompa com um sistema que está a rebentar por todas as costuras.

Pois de boas intenções, está o inferno já (bastante) cheio...

José Manuel Dias disse...

De 1974 a 2008 foram 34 anos. Muitas mudanças no nosso país e no mundo. Alguns andaram distraídos...