domingo, 13 de agosto de 2023

Livros de ladrões - com todos


Os economistas no sentido em que eu os trato são uma espécie de núncios e arautos dos mercados. Escrevi uma crónica contra esses economistas, os que em geral têm acesso às televisões. Não são todos. Eu frequento um blogue de economistas que se chama Ladrões de Bicicletas, em que se fala de outra forma. Curiosamente, o título não remete para a economia, mas para a arte e o cinema. Não sou tão insano que não saiba que as realidades económicas existem, o que me parece é que lá por serem realidade não são necessariamente verdadeiras. 

O mais importante reconhecimento que este blogue teve foi da responsabilidade de um poeta e cronista e tudo chamado Manuel António Pina, infelizmente já falecido. A Poesia Vai Acabar: 

A poesia vai acabar, os poetas 
vão ser colocados em lugares mais úteis. 
Por exemplo, observadores de pássaros 
(enquanto os pássaros não 
acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao 
entrar numa repartição pública. 
Um senhor míope atendia devagar 
ao balcão; eu perguntei: «Que fez algum 
poeta por este senhor?» E a pergunta 
afligiu-me tanto por dentro e por 
fora da cabeça que tive que voltar a ler 
toda a poesia desde o princípio do mundo. 
Uma pergunta numa cabeça. 
 — Como uma coroa de espinhos: 
estão todos a ver onde o autor quer chegar? — 

E a economia? Foi com Manuel António Pina que começámos a introdução deste livro, com um título que hoje soa franciscano, publicado em 2017 para assinalar os dez anos do blogue. 

Este livro não podia deixar de fazer parte da série os livros dos ladrões na última década. De resto, cada um teve aí a liberdade de escrever um capítulo sobre um tema de economia política que lhe interessasse, procurando ser fiel ao primeiro texto no blogue, publicado em 2007: 

 “Pleno emprego, serviços públicos, redistribuição da riqueza e do rendimento, controlo democrático da economia fazem parte do caminho que queremos percorrer.”

2 comentários:

Anónimo disse...

O vosso trabalho tem um imenso mérito, é o mérito da integridade, mais que verdade o que é necessário é a confiança e vocês aqui colocam as coisas nos termos de um encontro.

Eduardo Teixeira disse...

Foi na entrevista do Manuel António Pina que fiquei a conhecer da existência deste blog. Um bem haja a ele, que já não está entre nós e aos vários ladrões deste blog.