sexta-feira, 14 de abril de 2023
O outro PIB
«Suponha-se, por exemplo, que a variação da população num dado período é assumida com a mesma relevância que se atribui ao PIB. Como ficariam as recorrentes referências, em regra redutoras, aos rankings e ultrapassagens dos países baseadas no PIB per capita? Poderia continuar a dizer-se, por exemplo, que Portugal se deixou apanhar, e mesmo ultrapassar, pelos países do Leste europeu? O facto de, em regra, estes países terem quebras significativas de população na última década, não significa nada do ponto de vista da sua situação económica e social?
Não serão as dinâmicas demográficas, assentes na combinação de saldos naturais e migratórios, tão ou mais reveladoras das condições de vida e expetativas relativamente ao futuro, expressas de modo particular na evolução da natalidade e dos processos de emigração e imigração? Não correm as análises excessivamente centradas no PIB o risco de pretender que os "países estão melhor", mesmo quando "a vida das pessoas não está a melhorar", como disse sem pestanejar Luís Montenegro, em 2014, para descrever a situação da economia portuguesa?
Lembram-se da estratégia então seguida pela maioria de direita, ao abrigo da troika, empenhada num processo de "empobrecimento competitivo" que levaria o país para o "pelotão da frente", sem perceber os efeitos e os limites que, a jusante, essa estratégia implicou, tanto ao nível da quebra da natalidade como do aumento da emigração?»
O resto da crónica pode ser lido no Setenta e Quatro
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