terça-feira, 4 de abril de 2023

Esta economia política não se inventa


1.
Não contente em distribuir centenas de milhões pelos pequenos grandes ditadores da distribuição, através de uma redução do IVA sem qualquer controlo, o Governo veio confirmar a sua visão do Estado – um nexo de contratos –, informando que será uma empresa privada acompanhar a evolução dos preços neste contexto. Capacitar o próprio Estado para educar e disciplinar os pequenos grandes ditadores é coisa que não passa pela cabeça de quem se vai limitar a emitir uns inócuos “alertas”. Fingem não saber que o poder só se contraria com poder. 

2. António Costa aceitou a regressiva herança da troika em matéria de relações laborais, continuou a promoção de uma economia de baixa pressão salarial, assente no nexo finança-turismo-construção-estufas, e patrocinou, em 2022, uma transferência de rendimentos do trabalho para o capital superior à registada na troika, à boleia de uma hipótese equivocada sobre a espiral salários-preços. No entanto, o mesmo António Costa não hesita agora em pedir aos sindicalistas do PS que lutem por melhores salários nas empresas. Os melhores e mais igualitários salários, sabe qualquer social-democrata com conhecimentos de história, conseguem-se fora das empresas, em negociações coletivas tão centralizadas quanto possível. 

3. Em sete anos, os governos de António Costa praticamente não promoveram a habitação pública ou não tivesse o investimento público sido comprimido. A especulação imobiliária continuou a ser insuflada com esquemas vários. As “novas” políticas de habitação são a expressão do Estado social-liberal, o que reduz riscos para senhorios e bancos, através de incentivos fiscais, fingindo estar a prosseguir objetivos social-democratas. E o Governo age agora como se tivesse aceite o fraudulento diagnóstico da falta de casas. No entanto, António Costa quer convencer-nos que está a construir um Estado social na habitação.


4 comentários:

TINA's Nemesis disse...

É a isto que estamos condenados com o Partido que não é Socialista e nem é Social Democrata, condenados ao definhamento.
Defendi e continuarei a defender, o Partido "Socialista" tem que colapsar para que Portugal possa avançar.

Depois não se admirem que jornais de "referência" se dediquem à defesa do governo apoiado pelo Partido "Socialista". Este recente interesse dos propagandistas na questão da habitação é tão performativo quanto as preocupações do António Costa na melhoria das condições de vida da população portuguesa.

Aleixo disse...

Estes PS´s ,NUNCA podem ser hipótese de acordos.

O "mal menor", é o respaldo da "coisa" e,

a existência de alternativa blindada, o garante da continuidade.

Afinal, a "geringonça" limitou-se a funcionar como escape,

tendo servido de paliativo, para afastar a ruptura.

Com um PS a sufocar,
premiou-se o dito com respiração assistida e,

até o invertebrado Costa,

ganhou oportunidade para se safar!!!

Quem o viu... e quem o vê!

( A ele... e ao PS. )

José disse...

O Povo (ou será a Multidão?) deu-lhe a maioria absoluta... é porque aguenta!

Anónimo disse...

O mesmo que disse que os salários não podiam subir por causa da inflação é o mesmo que agora diz que têm de subir por causa da inflação, é esta a seriedade do senhor primeiro ministro de Portugal.