sexta-feira, 12 de março de 2021

Da miséria editorial


Imaginem se a Assembleia da República andasse a patrocinar directamente notícias em jornais ditos de referência. Haveria uma reacção, dado o maior escrutínio democrático. 

Já o Parlamento Europeu, a que ninguém liga muito, pode patrocinar notícias à vontade, tal como a Comissão Europeia o faz, no quadro da propaganda europeísta assim naturalizada. A crise de um certo modo de produção de notícias manifesta-se em lapsos ético-políticos que prejudicam o bom jornalismo que ainda se faz aqui e ali.  

No meio da catástrofe das vacinas na UE, onde o euro-liberalismo se revela em toda a sua incompetência mortífera, o jornal que ainda vou comprando em banca, o Público, dá espaço à ofuscação patrocinada por estas instituições. 

O leitor português tem de ler imprensa mais independente, como o Le Monde diplomatique - edição portuguesa, ou saber inglês e ter outros recursos para compreender melhor os efeitos perversos deste objecto político não-identificado na presente conjuntura. 

A miséria editorial europeísta será um dia vista como um dos sintomas mórbidos da crise longa neste país, quando o velho euro-liberalismo demorava a morrer e o novo momento soberanista não tinha nascido ainda. Haja esperança.

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem visto, como de costume. A miséria editorial do jornalismo é geral. Em Portugal e não só. A liberdade editorial tornou-se a liberdade de concordar com as plutocracias; ou de discordar de modo mais ou menos inócuo. Se o jornalista for muito incómodo para os interesses dominantes, tem a liberdade de ser posto a fazer trabalho irrelevante ou de ser despedido. E andamos (quase) todos a fazer de conta que somos distraídos... jornalistas e arautos de uma suposta democracia pluralista. É curioso como no FT ou no WSJ as falhas da UE e do são mais bem tratados do que no Púbico ou no Expresso.

Anónimo disse...

Totalmente de acordo. E entretanto anota-se que deixaram de ser dadas vacinas incorretamente, ou com fraude! Tal como há uns anos, de um momento para o outro se deixou de nascer em ambulâncias.

Nuno

Anónimo disse...

Caro João Rodrigues,
Porque não dar um salto à Venezuela e explorar este site: https://www.laiguana.tv/
Ouvir Pérez Pirela é sempre bom para o espírito revolucionário.
Um abraço
Jorge