sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Vira-latista, entreguista, mandonista


Business Roundtable, business schools, CEO talks, summits, meetings: a conversa peçonhenta que aí decorre é, na maior parte das vezes, em português, mas o inglês polvilhado serve para exibir a “internacionalização”.  

Igualmente importante é o uso do inglês, misturado com o português, compondo “palavras” novas, usadas nas redes e na TV para que não se compreenda nada, exceto a suposta sofisticação do emissor direitista: wokismo, que já foi colocado como louquismo numa maravilhosa legenda da RTP, quando falava o trol que dirige a IL, nas cerimónias dos cinquenta anos do 25 de abril na AR; whataboutismo, ouvido recentemente num programa medíocre, daqueles que não dá para ver mais do que cinco minutos. 

É uma elite periférica e que se imagina no centro, algures entre Washington e Bruxelas. Este centro está, felizmente, a deixar de o ser; vivemos as dores deste processo. Mas a elite não dá para mais do que isto. O importante é mesmo cultivar o porno-riquismo e o capitalismo de herdeiros, vender o património público a pataco, emborcar drinks de fim de tarde e ir para casa escrever odes ao genocídio e à terceira guerra mundial, em modo guerreiro de sofá.

É uma elite vira-latitsta, entreguista, mandonista. O português do Brasil tem termos tão expressivos e que deveriam ser de uso corrente por cá. Isto, sim, seria internacionalização. Diz que é a época da brasileirização do mundo, afinal de contas.

3 comentários:

Anónimo disse...

É um caso engraçado. As nossas universidades não têm reputação alguma a nível internacional. Mal por mal destaca-se um faculdade ou outra da área de ciências ligada ao IST. A imprensa bem vende o ranking das 500 mas a verdade é que só contam as primeiras 100. O resto é verbo de encher.

A melhor que temos está para aí em 200 nos rankings. É só comparar com a Bélgica, Países Baixos, Suíça ou nórdicos para se ver a dimensão do nosso atraso. Secular, diga-se.

Há no entanto uma área onde somos do melhor: as business school. Aí sim, somos, dizem eles, somos mestres. Ele é a Nova, a Católica, a do Porto...a da ilha do Corvo, se lá houvesse. Isto num país onde é dito que o problema da competitividade passa também pela falta de competências em matéria de gestão e onde não há indústria que cause inveja.

Não tarda e temos por aí a Uber International University.

Anónimo disse...

A brasileirização do mundo também se pode chamar a portugalização do mundo, já que o Brasil é, em muitas coisas, na sua essência um Portugal gigante, para o bem e (neste caso) para o mal. Também temos muito desse cinismo...

Anónimo disse...

O Marquês de Pombal foi o fundador da primeira business school, a Aula do Comércio, como se gostam de gabar as dignas sucessoras, ISEG e ISCAL.