sábado, 21 de setembro de 2024

Crise de habitação: os primeiros sinais de agravamento?

O INE divulgou ontem os dados mais recentes do Índice de Preços da Habitação (IPH) relativos ao segundo trimestre de 2024 (abril a junho). Em termos homólogos, face ao segundo trimestre de 2023, o preço das casas aumentou 7,8%. Face ao trimestre anterior, a subida foi de 3,9%.

Vale a pena assinalar, desde logo, que estamos perante o maior aumento trimestral desde que há dados disponíveis (2009). Mas também, não menos relevante, que esta subida inverte a tendência de redução do valor de aumento dos preços das casas, que vinha a registar-se desde o segundo trimestre de 2023. Ou seja, ao longo do último ano.


Sendo vários os fatores que influem na variação dos preços, podemos muito bem estar, contudo, a assistir aos primeiros efeitos do retrocesso, em matéria de política de habitação, pelo atual governo. Tanto ao nível do reforço das lógicas de subsidiação, sem ponderar o seu impacto na subida dos preços, como ao nível do recuo na regulação de procuras (fim das restrições ao Alojamento Local e anúncio de regresso dos Vistos Gold, por exemplo).

Ou seja, medidas que, no seu conjunto, traduzem uma linha orientada para «dinamizar o mercado», criando, por si só, expetativas de incremento das transações e de preços. Nada que surpreenda, na verdade, quando foi a própria ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, por exemplo, a admitir que os apoios aos jovens (com capacidade para comprar casa), podiam fazer subir ainda mais os preços.

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