sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Alguém avise, por favor, o Dr. Marques Mendes...


... que foi induzido em erro, divulgando inadvertidamente números falsos, oriundos do atual Ministério da Educação. No seu espaço de comentário semanal, como já assinalado aqui, apresentou um gráfico em que era revisto, pela atual tutela, o número de alunos que iniciou o ano letivo anterior sem professor a uma disciplina (de cerca de 80 mil para uns exorbitantes 324 mil), estimando que no presente ano letivo esse valor caísse para 223 mil alunos, o que permitiria ao governo falar numa redução de 31% dos alunos sem aulas face a 2023.

Sucede que, na sequência da audição do ex-ministro João Costa, o Polígrafo debruçou-se sobre o assunto, constatando que a atual equipa governativa «deu voltas e voltas ao número» (os tais 324 mil que constam do «Plano +Aulas +Sucesso»), na tentativa de o justificar. Afinal, em vez de contabilizar os alunos sem aulas a uma disciplina no início do ano letivo, o valor representaria, segundo a tutela, a «soma de todos os alunos que, em algum momento do mês de setembro, se encontraram nesta condição». Consultando os registos da DGEstE, relativos a três momentos de aferição do problema, o Polígrafo concluiu que o ministério continuou a incluir nas contas alunos cuja situação já estava resolvida, contabilizando-os «três vezes» e empolando, assim, o resultado final, classificado como falso pelo Polígrafo.

Preparava-se pois o Governo, recorrendo a um exercício de contabilidade criativa (fica por explicar, aliás, como chegou à previsão de 223 mil alunos sem aulas a uma disciplina no presente ano letivo), para dizer que, graças ao seu plano, a questão da falta de professores tinha melhorado face ao ano letivo anterior, contrariando dados que dão nota de um agravamento da situação. Tudo a fazer lembrar, portanto, a idêntica fabricação de ilusões e criação de falsas expetativas na saúde, em que a respetiva ministra foi obrigada pela realidade a reconhecer, eufemisticamente, que «nem tudo correu bem».

Na mesma linha, faria bem Fernando Alexandre em reconhecer o erro, em vez de dizer, como hoje na visita a uma escola (cito de memória), que independentemente do valor em causa, a situação é gravíssima, continuando assim a insistir na ideia, também ela falsa, de que foi o primeiro governante a identificar o problema. Não foi.

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