quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Ninguém estranha?...


... a ausência de notícias, e dos diretos das televisões, dia após dia à porta das escolas, sobre a falta de professores, no ano letivo em curso? Ninguém estranha um silêncio que se torna ainda mais ensurdecedor quando é o próprio ministro a reconhecer, sem admitir que a situação se agravou, que há neste momento «mais de 200 mil alunos» sem aulas? Quando eram 100 mil no ano passado, segundo o próprio Luís Montenegro?

Não haverá um jornalista que pergunte a Fernando Alexandre - aproveitando por exemplo o contexto de uma entrevista - se a ambição e exigência que assumiu em junho, ao apresentar o powerpoint do seu plano, era tributária do desconhecimento da realidade ou, apenas, da tentação, a que cedeu, de alinhar com a ideia de que bastaria mudar de governo para que tudo se resolvesse?

E que significam, afinal, estes mais de 200 mil alunos referidos pelo ministro, depois da engenharia opaca e criativa com que empolou (quadriplicando) os alunos sem aulas no início do ano letivo anterior? São alunos sem aulas só a uma disciplina ou a mais disciplinas? É desde o início do ano ou também em «algum momento» de setembro, como disse o ministério? Incluem baixas por doença, mesmo as de curta duração, ou refletem apenas o que está em causa, a falta de professores? Também contabilizam «furos»? Não sabemos, pois deixámos de conseguir perceber.

Adenda: Não é verdade, ao contrário do que disse o ministro Fernando Alexandre na tentativa de resposta a João Costa (que denunciou a inflação de valores, de cerca de 71 mil para 324 mil alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina no início do ano letivo de 2023), que a diferença se deve a não haver «uma única maneira de medir», acrescentando que «o ex-ministro da Educação escolheu o número que preferiu». Sucede, contudo, que além de a diferença ser abíssal, quando Fernando Alexandre referiu os 324 mil alunos na apresentação do «Plano +Aulas +Sucesso», estava mesmo a referir-se a «alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina».

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