sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Virar a página no debate sobre trabalho e competitividade (IV)

Na transição de ano, a questão dos feriados e das «pontes» de 2018 suscitou comentários e análises diversas na imprensa e por parte de representantes do setor empresarial, que incluíram críticas aos seus custos para a economia e para o país. Essas críticas não são novas e, bem o sabemos, chegaram entre outras medidas a tomar forma de lei, com a supressão de quatro feriados em 2013, repostos pela atual maioria de esquerda no início de 2016.

Os «custos dos feriados e pontes» são aliás um tópico recorrente no discurso de uma espécie de «brigada do reumático» do pensamento económico, que continua a dar sinais de vida e que, mesmo quando derrotada pela realidade, insiste na relação causal, linear e absoluta, entre o «fator trabalho» (que é reduzido, na verdade, a «tempo de trabalho»), a produtividade e a competitividade. Isto é, pessoas e entidades que provavelmente continuariam a eleger este como o livro do ano de 2017.

O argumento é simples e faz parte de uma narrativa mais ampla, que continua a vender bem na «opinião pública» que é diariamente intoxicada com balelas moralistas: os feriados e as «pontes» são um luxo e Portugal um país pobre, que não se pode dar a luxos. Aliás, somos pobres porque as pessoas, «regra geral», trabalham pouco. Lá está, o «fator trabalho» é que estraga tudo e é por isso que é preciso pô-lo no lugar, dilatando o tempo de laboração, suprimindo feriados, comprimindo salários e dissolvendo direitos e leis, essas modernices que alimentam a nossa, «regra geral», propensão para não produzir. É trabalhando mais tempo que se progride, é empobrecendo que nos tornamos competitivos.

Se o engodo intelectual persiste, é preciso continuar a responder-lhe com factos. E o que os factos dizem é que tanto na perspetiva da produtividade como da competitividade (ver gráficos), a existir alguma correlação destas variáveis com o tempo de trabalho, essa correlação é negativa. Os países que detém níveis mais elevados de produtividade e competitividade não são, ao contrário do que nos querem fazer crer, os países em que mais se trabalha. A existirem, as correlações são em sentido inverso, sugerindo que a questão do tempo de trabalho é basicamente irrelevante para melhorar o desempenho de uma economia.

Os fatores que contam para um verdadeiro desenvolvimento económico (e social, já agora) são outros. E nesse prisma vale a pena ler na íntegra o recente artigo de Maria de Lurdes Rodrigues, onde se assinala, de forma certeira, que a produtividade do trabalho nem sequer «se deve apenas aos níveis de qualificação e desempenho dos trabalhadores» (sendo fundamental, nesse âmbito, superar o nosso atraso estrutural em matéria de qualificações), mas também «ao investimento em tecnologia, à organização do trabalho e às competências de gestão». Isto é, a «variáveis que dependem sobretudo de decisões empresariais e do contexto da atividade económica».

Aliás, como bem lembra MLR, a história do trabalho e das empresas mostra-nos que «a possibilidade de aumentar sem custos o horário de trabalho nunca constituiu um estímulo à modernização económica». Pelo contrário, «a modernização da atividade económica foi muitas vezes a resposta aos obstáculos políticos levantados (...) à prática de longas jornadas de trabalho ou de salários muito baixos». O que significa, portanto, que «não é cortando direitos sociais e regressando a formas mais primitivas de capitalismo que Portugal ganhará tempo na recuperação do seu atraso económico».

30 comentários:

Gugaleaks disse...

Bom dia. É possível deixar o link sobre o vosso artigo do peso do factor trabalho nos custos da empresa ?

Nuno Serra disse...

Caro Gonçalo,
Julgo que se refere a este número do Barómetro das Crises, do OSCA, dedicado ao salário mínimo («O salário mínimo: a decência não é um custo»). Encontra-se aqui: [http://www.ces.uc.pt/observatorios/crisalt/documentos/barometro/12BarometroCrises_SMN_final.pdf]

Jose disse...

Como sempre tudo é orientado para pôr os tadinhos dos trabalhadores a merecerem descanso por não terem culpa que não os qualifiquem, não lhes organizem o trabalho e não os dotem de instrumentos tecnológicos bastantes.

Assim frustrados os seus indiscutíveis talentos há que lhes dar descanso para os compensar dos traumas infligidos.

Se entretanto são diminuídos os lucros que haverão de obter os meios tecnológicos, se diminui o tempo necessário à medida e organização do trabalho, se o tempo de descanso não inclui qualquer esforço de formação, NADA disso é relevante para a cómoda análise dos pastores do proletariado.

Anónimo disse...

É pena que MLR não tenha, enquanto governante, seguido os princípios que advoga (será que uma figura cínica como MLR defende, honesta e seriamente, o quer que seja, salvo os seus interesses e dos amigos?). Entenda-se: subscrevo, na íntegra, o conteúdo deste post; acho é que pensadores de esquerda consequente devem averiguar a idoneidade de certas "autoridades"). RF

Anónimo disse...

"pastores do proletariado", diz o rafeiro raivoso dos patrões.

Vitor disse...

Concordo bastante com este artigo. Spbretudo acho que nunca deveria ter sido numa altura de crise com um desemprego crescente que se ia aumentar jornadas de trabalho o que ainda favorece a necessidade de menos funcionários.
Contudo do meu ponto de vista o ponto mais interessante é o tal fator "investimento em tecnologia, à organização do trabalho e às competências de gestão". Esse fator parece-me ser recorrentemente esquecido em POrtugal. Acho que se deiva pensar a sério em como tornar os patrões portugueses mais qualificados e mais competitivos. No fundo como os tornar melhores empregadores. Devia-se pensar a sério em programas de formação para os empregadores e chefias das empresas portuguesas.

Jose disse...

Não há sindicato alemão que não possua técnicos capazes de medir trabalho e avaliar desempenho.
São formados nas mesmas escolas que os técnicos do patronato, escolas que lhes tiram a carteira profissional se algum deles for apanhado a vigarizar as medidas.

Compare-se com os sindicatos de cá, só treta do coitadinho e sempre a cultivarem a irresponsabilidade!

António Pedro Pereira disse...

Ó olharapo José:
Em tempos, já aqui te ofereci trabalho na apanha de maçãs na quinta que herdei em Alcobaça, terra onde vivo.
Não te exigi formação porque é um trabalho indiferenciado.
Como a produtividade do mesmo é baixa, só te pude oferecer 400 € por mês e dava-te um barraco com um colchão, um balde para as necessidades e um petromax para te alumiares.
E pagavas só 50 € de renda.
Aguardei a resposta mas não disseste nada.
Acho que era uma boa proposta.
Como não respondeste, tive de recorrer aos nepaleses.
Fiquei a ganhar, paguei-lhes só 200 €.
Nada como haver sempre boas e justas soluções.
Se quiseres vir para o resto da poda, desinfecção das árvores e monda do terreno, a proposta mantêm-se de pé.
--------------
P. S. Como estás aqui caído diariamente, já pensei se não terás uma avença (ou não viverás de uma pensão do maldito Estado que abominas) e, por isso, te estás a borrifar para a produção nacional (ah, pois é, este é o slogan do PCP, para ti não dá).
Aparece, cromo.
O trabalho não pode esperar.

Anónimo disse...

O mais curioso e esclarecedor do segundo gráfico que acompanha o artigo é a posição que ocupam dois países, cuja "indústria" é pilhar os sistemas fiscais dos seus parceiros da UE.

Falo é claro do Luxemburgo e da Irlanda. No Luxemburgo como os habitantes são poucos ainda têm a decência de deixar cair umas migalhas para o pagode luxemburguês viver bem, mas na Irlanda nem isso fazem:

https://www.irishtimes.com/opinion/david-mcwilliams-why-ireland-s-growing-economy-isn-t-making-you-richer-1.3327231

Já o primeiro gráfico mostra claramente que existem dois clusters de países cujos indices de competitividade são tão diversos que nunca deveriem partilhar a mesma taxa de juro directora nem a mesma taxa de cambio.
S.T.

Vitor disse...

Caro S.T.,
E na minha opinião fazem eles muito bem! São países de dimensão pequena, integrados na zona Euros, e que souberam lidar com as imposições Franco- Alemãs e mesmo assim proporcionar condições de vida muito melhores aos seus cidadãos do que em Portugal.

O Irish Times queixa-se da situação Irlandesa quando têm um salário mínimo de 1560 euros? é praticamente o dobro do salário médio Português... E estamos a falar de um país ainda mais periférico do que Portugal. Relativamente ao Luxemburgo então os valores são incomparáveis. Na minha opinião são dois exemplos que deveriam ser estudados detalhaadamente pelas Faculdades de economia e gestão Portuguesas por se tratarem de pequenos países com valores de salários médios bem superiores aos nossos, em vez de andarmos a aplicar medidas copiadas de grandes países como a Alemanha ou a França. Obviamente que isto implica líderes políticos que saibam pôr os interesses da nação à frente da sua progressão na carreira como burocratas europeus, o que não é fácil num país como o nosso infelizmente.

Anónimo disse...

Mais uma vez se quer comparar aquilo que não é comparável.
E se esquece a chamada falàcia da composição.

Se todos forem ladrões, quem é que resta para ser roubado?

Ou seja, a receita que funciona para um ou dois não pode resultar para todos.
Luxemburgo e a Irlanda funcionam como paraísos fiscais. Acha mesmo que isso é o futuro?
S.T.

Anónimo disse...

Infelizmente há um detalhe, e o diabo esconde-se nos detalhes, que é o seguinte:

Quem é roubado e quem é ladrão nos vários países envolvidos nos esquemas de evasão fiscal não pertencem à mesma tipologia de cidadãos.

Uns pagam impostos e vêm o estado que os devia defender privado dos recursos necessários a assegurar saúde, educação e infraestruturas que potenciem o desenvolvimento.

Os "outros", colocam os seus proveitos de forma lícita ou ilícita fora do alcance do estado, privando os seus concidadãos dos recursos necessários para assegurar essas mesmas saúde, educação e infraestruturas.

O que equivale a dizer que a evasão para paraísos fiscais é assimétrica em relação a quem é ladrão e quem é roubado no interior de cada país afectado. Não atinge todos por igual.
E por isso os esforços para a combater são intencionalmente "ineficazes".
S.T.

Anónimo disse...

O primeiro gráfico evidencia que os indices de produtividade são falseados por actividades financeiras predatórias. Ninguém no seu perfeito juízo pode sustentar que a produtividade destes dois países corresponde à produção de bens e serviços "normais".

Parece-me óbvio aqui que o Luxemburgo e a Irlanda funcionam aqui como dois barcos piratas cujos capitães seguem orientações diferentes:

O capitão do barco pirata A tem uma tripulação pequena, e divide uma maior parte do saque com cada um dos piratas. Além disso só os obriga a esfregar o convés uma vez por dia. :)

O capitão do barco pirata B guarda uma maior parte do saque para si e obriga os seus piratas a esfregar o convés três vezes por dia. :)

O capitão do barco pirata A provávelmente nunca terá que lidar com um motim a bordo.

Já o capitão do barco pirata B provávelmente, se não se acautelar, terá que se haver com um motim a bordo mais tarde ou mais cedo.
S.T.

Vitor disse...

Caro S.T.,
Agradeço-lhe a sua resposta.
Sinceramente do meu ponto de vista o futuro ideal seria um em que os países centro europeus olhassem para a divergência entre a evolução das suas economias, verificassem que muitas das suas imposições e das estratégias impostas a nível europeu foram prejudiciais para o desenvolvimento da economia Portuguesa em benefício das suas próprias economias e reconhecessem que efetivamente "roubaram" (se quiser pôr a questão nesses termos) Portugal do seu futuro ao criar condições para uma emigração da população jovem do nosso país. Consequentemente a nível europeu iriam implementar novas políticas de solidariedade do centro para com a periferia que iriam voltar a tornar o nosso país um local onde um jovem poderia construir a sua vida e ter um futuro decente. Infelizmente olho para a europa e não me parece minimamente que seja isto que vá acontecer. Os países do centro europeu não me parece que num futuro próximo seja provável que se venham a consciencializar que o desenvolvimento economico dos seu países foi em parte feito à custa do nosso subdesenvolvimento.

Comparo sim senhor o que é comparável. Portugal não é só "roubado" por esses países.

POrtugal é roubado quando os acordos comerciais feitos a nível europeu protegem as indústrias e os serviços do centro europeu (ao impôr imensa regulamentação e certificação apertada por exemplo para a importação de automóveis para a UE) dando como moeda de troca as indústrias e os serviços feitos na periferia (ao praticamente liberalizar a importação de têxteis e brinquedos, em que basta ao produtor na China colocar uma marcação CE a dizer que o produto que fez está de acordo com as normas europeias mas isso depois não é verificado na europa)? Isso não é um roubo à economia Portuguesa também? à nossa indústria têxtil? Outro exemplo prático, a produção de caracóis, em que para se produzir em POrtugal se tem de cumprir uma panóplia de legislação europeia muito exigente, mas depois se permite a importação de caracóis de Marrocos que não cumprem nenhuma dessas regras. Isso não é um roubo também à economia Portuguesa?
Outro exemplo de um roubo da economia Portuguesa é o pagamento de impostos de empresas POrtuguesas na Holanda sem que exista nenhuma ttransferência compensatória da Holanda para Portugal.
A verdade é que como pequeno país que somos não temos poder para alterar as regras do jogo. Temos de jogar o jogo segundo as regras impostas pelos grandes países caso se pretenda continuar dentro do Euro da União Europeia. estas regras têm ROUBADO a economia portuguesa em muitos milhares de postos de trabalho/ano ao longo de décadas e nós temos seguido sempre a postura do "bom aluno" em que ignoramos esses roubos e fazemos o que nos mandam. Na minha opinião após mais de 30 anos na UE em que continuamos a ver a nossa economia a divergir com a dos grandes países já está na altura de olharmos para o interesse nacional e comçarmos a zelar pelos interesses dos cidadãos Portugueses, e para mim isso passa por reduzir drasticamente o desemprego e subir drasticamente o valor do salário médio. Os exemplos de pequenos países que têm sucesso são mesmo esses Irlanda e Luxemburgo. Se o que eles fazem não é propriamente bonito? Concordo consigo, mas infelizmente o que as regras atualmente existente fazem ao nosso país também não é propriamente bonito apesar de talvez ser menos evidente. Mas caramba ao fim de décadas na UE já nos deveríamos ter apercebido que algumas das regras da UE nos prejudicam significativamente a nível económico.... Quanto mais não fosse pela divergência das nossas economias....

Vitor disse...

Caro S.T.
Na sua analogia dos barcos piratas, creio que poderiamos também considerar o barquinho C. Uma pequena caravela que decidiu seguir as rotas impostas pelas grandes naus F e G. Quando chegaram os piratas que assaltaram essas rotas conhecidas as naus F e G defenderam-se facilmente mas a pequena caravela foi abordada, levaram-lhe a carga toda e os tripulantes estão bem pior dos que esses barcos piratas A e B. Têm de lavar o convés umas 5 vezes ao dia, reparar a caravela e o capitão infelizmente não tem nada para lhes dar.

Vitor disse...

Aliás a situação na caravela C está tão má que ao longo dos últimos anos muitos dos tripulantes mais jovens sempre que podem mudam-se para os bascos piratas A e B ou para as grandes naus F e G.

Anónimo disse...

Vejamos sem moralismos o que propõe e em que medida seria realizável.

Se bem entendo propõe que Portugal entre no jogo de "fiscal undercuting" e de dumping social que é favorecido pelas regras da UE.
Pondo de parte o aspecto ético da questão, resta saber se Portugal está em posição para o fazer sem custos exorbitantes.

Na Irlanda a taxa de IRC para actividades comerciais é de 12,5%.

Em Portugal (continente) é de 21%. Logo, para atrair "clientes" ao paraíso.PT teria que baixar a taxa em 8,5% para igualar ou 9,5% para superar.

Como seria compensado o rombo que isso faria no orçamento?
Se fosse a défice teria a Comissão à perna com procedimento por défice excessivo.
Se tivesse que cortar despesa onde o faria? Nos salários da função pública? Fechava as escolas durante um ano?

"Temos de jogar o jogo segundo as regras impostas pelos grandes países caso se pretenda continuar dentro do Euro da União Europeia..."

É exactamente aqui que uma clarificação se impõe. Se jogarmos "pelas regras que nos são impostas" perdemos de certeza. Portanto mais vale retirarmo-nos de um jogo viciado. Ou no mínimo negociar uma saída.
S.T.

Jose disse...

Manelzinho, alguém te privou de teres notícias minhas...requiescat in pace.

Vitor disse...

Caro S.T.
Mais uma vez agradeço a sua resposta educada e razoável.

"Se jogarmos "pelas regras que nos são impostas" perdemos de certeza. Portanto mais vale retirarmo-nos de um jogo viciado. Ou no mínimo negociar uma saída"
Caro S.T. eu estou de acordo consigo pelo menos em parte*. Contudo acredito (posso estar enganado) que a maioria dos votantes Portugueses pretende manter-se dentro do Euro. E assumindo isso como premissa a conclusão a que chego foi a que lhe apresentei.

"Na Irlanda a taxa de IRC para actividades comerciais é de 12,5%. Em Portugal (continente) é de 21%. Logo, para atrair "clientes" ao paraíso.PT teria que baixar a taxa em 8,5% para igualar ou 9,5% para superar."

Caro S.T., existem múltiplas formas de aumentar a competitividade fiscal, não tem de ser apenas uma redução geral de IRC. Podem-se criar essas condições por exemplo apenas para novas empresas que criem um determinado numero de novos postos de trabalho em PT. Podem-se criar essas condições com IRC muito baixo apenas para empresas que operam em CAEs em que se verifica que Portugal tem pouca faturação a nível de impostos (por exemplo vendas de mercadorias online, imagine por exemplo toda a faturação da Amazon europeia a ser tributada em Portugal mesmo que com uma taxa muito mais baixa....) Enfim basta puxar um pouco pela cabeça e certamente existirão uma série de soluções que permitam a Portugal ser muito mais competitivo do ponto de vista de arrecadação da receita fiscal do que é atualmente sem ter de incorrer em perdasa significativas.. Basta haver um mínimo de consenso político para que isto seja atingido facilmente. Aliás, penso que se há coisa em que temos talento em abundância e know-how em Portugal é precisamente em capacidade inventiva para "dar a volta" às regras ue nos são impostas...


*Do meu ponto de vista Portugal deveria pôr os seus investigadores nas universidades e ministérios a fazer estudos e investigações que permitissem objetivar perante a U.E. de uma forma séria e fundamentada quantos postos de trabalho/ano, quantos milhões em salários não recebidos, quanto PIB/ano potencial não recebemos devido a medidas impostas pela U.E. nos ultimos 20 ou 30 anos. Penso que este trabalho de casa que temos mas do que capacidade para fazer caso exista vontade política para tal poderia fortalecer a nossa posição em negociações com a U.E. [se bem que posso estar a ser demasiado utópico neste ponto...], mas pelo menos teria a vantagem de permitiria fundamentar perante a opinião pública portuguesa o que eestamos a perder por sermos o "bom aluno" da europa e sa troika

Anónimo disse...

Estamos a perder por sermos os "bons alunos". Mais a tarefa inadiável de "fazer o trabalho de casa" e outras lerdices

Isto não é um comentário. Isto é um bluff intelectual a ver se passa.


A história não começou infelizmente nestes dislates coloridos. A história começou há muito e fomos massacrados pelas narrativas duma europa sobre todas as coisas, com a mão no euro alemão e a produção nacional capturada por essa moeda desenhada para a servir.

A estória do bom aluno não passa disso mesmo. Duma historieta servida por motivos políticos, ideologicamente motivada e com intuitos propagandistas. Com um enorme senão nos tempos que correm.

É que hoje em dia já nem os alemães a tentam vender ou impingir

Anónimo disse...

Esta defesa de um jogo viciado faz lembrar aqueles fundamentalistas que são ferozmente contra a interrupção voluntária da gravidez.

Mas quando lhes calha, são os primeiros a fazer funcionar os seus "conhecimentos". E a mandar às urtigas os seus princípios e a esquecer pelo menos momentaneamente os seus dislates furiosos sobre "morte de inocentes" e outras idiotices

Anónimo disse...

"Contudo acredito (posso estar enganado) que a maioria dos votantes Portugueses pretende manter-se dentro do Euro."

O que a maioria dos votantes pensa que quer é perfeitamente irrelevante. Isso não altera as condicionantes macroeconómicas e portanto não muda nada quanto à insustentabilidade do Euro.

Ambos sabemos que não é do interesse nacional a permanência na EMU e no Euro por mais que a opinião pública tenha sido intoxicada com propaganda europeista.

Nesse particular tenho confiança que serão as próprias contradições e impossibilidades do Euro que acabarão por ditar o seu colapso ou pelo menos a adopção de vias de saída para os seus prisioneiros. Eu já deixei por aí algumas pistas.

Não é uma questão de opção se queremos ou não manter o Euro. É uma questão de quando e em que condições a saída se fará.

O que realmente se pode e deve discutir é como levar o conhecimento dos comos e dos porquês da insustentabilidade do Euro aos decisores, alertar a opinião pública para a questão, e começar a pensar nas formas de mitigar os inconvenientes do que é inelutável, que é a reversão para moedas nacionais para os países periféricos.

Os detalhes de política fiscal são isso mesmo: Detalhes que podem ser optimizados mas que não alteram o fundamental.
S.T.

Anónimo disse...

"Como sempre tudo é orientado para pôr os tadinhos dos trabalhadores a merecerem descanso"
...

Eis o sonho húmido e molhado dum patronato que pretende regressar aos tempos da revolução industrial...e que pensou que a governança neoliberal troikista seria o primeiro passo para o assalto

Sem direito a férias nem dias de descanso. Sem direito a salários decentes ou a momentos de lazer. Trabalhando como escravos para que a sacrossanta taxa de lucro se mantenha e progrida.

Anónimo disse...

Estas odes patetas à Alemanha mais aos técnicos dos seus sindicatos, mais ao seu patronato, mais aos técnicos das suas escolas, mais aos seus capazes de medir mas incapazes de vigarizar, são uma autêntica treta.

Uma autêntica e pesada treta. Uma aldrabice pura e dura. Uma missa que faz lembrar outros tempos em que se entoava em passo de ganso o deutschland uber alles.

Veja-se o que se passou com os seus Volkswagen. Os equipamentos estavam concebidos para se adaptar aos testes de laboratório, fazendo com que os automóveis parecessem cumprir os limites ambientais fixados por lei quando, na realidade, emitiam gases poluentes como o óxido nítrico a um nível em média quatro vezes superior ao limite estabelecido na Europa.

Um estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT), publicado na "Environmental Research Letters", estima que 1200 pessoas terão morte prematura na Europa, perdendo em média 10 anos da sua vida, devido ao excesso de emissões entre 2008 e 2015 dos carros a diesel vendidos pelo Grupo Volkswagen.

Perto de 500 mortes prematuras vão ocorrer na Alemanha e mais de 60% nos países vizinhos, como a Polónia, República Checa e França. Steven Barrett, professor daquela universidade americana, afirmou à publicação científica online pys.org que as emissões de um automóvel a diesel da VW a circular na Alemanha "podem ter facilmente impactos significativos nos países vizinhos, especialmente nas áreas mais densamente povoadas", porque a poluição "não está limitada pelas fronteiras políticas e espalha-se por todo o lado".

Entretanto ficámos a saber mais tarde que na Alemanha não era apenas a Volkswagen...

Anónimo disse...

O euro não acaba.Não pode mesmo acabar.

A UE e o Euro "estão para durar pelo menos um Milénio."

Isso mesmo era o que dizia um tipo desaparecido em combate, um tal João Pimentel Ferreira

Anónimo disse...

O que tem a ver o saco de plástico com o Brexit ?
Tudo !
A saída da Inglaterra da UE não iria trazer grandes problemas para Portugal , nem para a Europa , diziam . Problemas teria o reino de sua majestade , com a fuga de milhares de britânicos da fome em "boat people" para encontrarem refugio no paraíso da UE .
Afinal a saida da Grã Bretanha traduz se num buracão no Orçamento Comunitário de 12 a14Mds€ pois este país era um contribuinte liquido da UE
Para tentarem colmatar este buraco a parasitocracia de Bruxelas anunciou esta semana que tem em estudo uma taxa sobre os sacos de plástico !
Gunter Oettinger o comissário alemão do Orçamento não deu pormenores mas confirmou a intenção.
Que maravilha esta União Europeia que tanto deslumbra os europeístas do estilo de Rui Tavares.

(Pena Preta)

Anónimo disse...

"Enfim basta puxar um pouco pela cabeça e certamente existirão uma série de soluções que permitam a Portugal ser muito mais competitivo do ponto de vista de arrecadação da receita fiscal..."

Claro! Só acho estranho que nem os génios que serviram como ministros das finanças nos governos de Passos nem o "Ronaldo dos ministros das finanças" se tenham lembrado disso, isto é, de puxar pela cabeça... :)

Quando Alexandre o Grande chegou perante o nó górdio já muitos tinham "puxado pela cabeça" para resolver o puzzle. Alexandre teve a argúcia de perceber que a coisa se resolvia melhor com uma espadeirada bem aplicada.
S.T.

Vitor disse...

Caro S.T.,
Acredito que estamos ambos fundamentalmente de acordo quanto ao impacto do euro e das imposições europeias na economia Portuguesa.
Acredito que temos expectativas diferentes quanto à probabilidade de uma saída do euro ser desejada pela maioria dos votantes. Eu acredito que isso será muito pouco provável no médio prazo 5-10 anos, e o senhor(a?) provavelmente acreditará no contrário.
Por outro lado eu acredito que será possível à Europa reinventar-se, e voltar a tornar as políticas de solidariedade entre nações uma realidade de forma a fomentar a convergência (sou um optimista, eu sei:) e penso que o senhor também não acredita que isso seja possível.



Anónimo disse...

Primeiro que tudo acha um supremo mau gosto confundir a Europa com a União Europeia.
Não são de modo nenhum a mesma coisa!

E depois...
Reinventar-se? A UE? Não me faça rir!

Reitero a pergunta que já fiz noutro comentário a outro post:

Onde está o cheque?

Porque como deve saber a alternativa a um cambio ajustável são subsídios maciços das regiões mais desenvolvidas às menos desenvolvidas.

Se alguém tiver uma ideia melhor desafio-o a que a exponha.

Eu por mim não deixarei de perguntar àqueles como o Vitor que ainda acreditam na boa-vontade da UE:

ONDE ESTÀ O CHEQUE?
S.T.

Anónimo disse...

Mais uma vez a questão não está nas crenças flutuantes de Victor em matéria dos desejos dos votantes e dos não votantes.

A questão está mesmo na insustentabilidade do Euro

E foi por ter defendido o euro dos mil anos que o tal joão Pimentel Ferreira se escondeu, envergonhado e acobardado