No primeiro, António Costa elogia o tipo de emprego que a retoma tem criado. No último debate quinzenal de 2017, frisou que 75% dos empregos criados em 2016 e 2017 foram com contratos permanentes. Mas ao mesmo tempo, na sua mensagem de Natal, António Costa fixou para 2018 o ano a “vencer os bloqueios ao nosso desenvolvimento” e que, por isso, terá o emprego como cerne da política:
“O emprego está no centro da nossa capacidade de conquistarmos o futuro. Não apenas mais, mas sobretudo melhor emprego. Essa é a prioridade que definimos para o ano de 2018. Emprego digno, salário justo, oportunidade de realização profissional são condições essenciais para os jovens perspetivarem o seu futuro aqui connosco, em Portugal.”O primeiro dos raciocínios parece ter como objectivo o combate de barricada, corpo a corpo. Trata-se de uma formulação que - ainda que decorra dos dados do INE - é imcompleta. E assim é porque apenas parte da criação líquida de postos de trabalho, nunca entrando em conta com o ritmo de criação e de destruição de contratos de trabalho, real indicador da precariedade do trabalho. O segundo dos raciocínios parece ser um olhar mais estrutural da realidade e que tem presente as dificuldades de uma aposta num emprego criado conjunturalmente, mas que - mais grave - tende a perpetuar-se como modelo de crescimento: trabalhos em actividades pouco produtivas que, por sua vez, remuneram mal e em baixas condições contratuais quem empregam.
É sobre este dilema que o mais recente barómetro do Observatório sobre Crises e Alternativas trata. Leia-se, porque é importante encontrar uma visão de futuro. E não necessariamente alguma reinvenção. Apenas outras políticas.
8 comentários:
'Apenas outras políticas'.
Quais sejam tais políticas fica sempre por dizer,
Talvez patrióticas e de esquerda - que para além de mais emprego público fica por saber-se a quem se espolia e a que custo.
Talvez umas reversões da lei laboral que travem o investimento e ponham o despedimento colectivo a funcionar a pleno.
Talvez mais umas doses de palavreado que faça do pleno emprego a altos salários o milagre de uma continuada ausência de políticas...
O problema que a economia - não só portuguesa - enfrenta é sistémico e estrutural.
Para recuperar a economia e a pôr ao serviço do progresso humano é necessário reconhecer que há interesses ilegítimos e parasitários que têm que ser combatidos, e para tal é necessária coragem e votante de servir o interesse geral da população.
Tem o PS demonstrado coragem e cumplicidade com o interesse geral da população? ...
Peter Turchin retweeted hoje um link para um resumo de um livro perturbador pelo paralelo entre o fim da República Romana e o corrente estado das coisas.
O livro chama-se "Betrayal of a Republic".
https://www.betrayalofarepublic.com/
Eu por mim interrogo-me se um dos irmãos Gracchi da actualidade não foi já assassinado simbólicamente com a derrota e pilhagem do Estado Grego às mãos do Eurogrupo.
A outra óbvia interrogação é qual será o próximo irmão Gracchi a ser liquidado. Será a Itália ou Portugal?
S.T.
Que sonhos húmidos estes do das 16 e 12 perante o despedimento colectivo agora brandido como se não fossem do interesse dum patronato caceteiro inculto e dos seus apêndices os consultores financeiros
Este tipo pensará que isto aqui é a tasca dos blogs que frequenta e que esta sua propaganda rasca "funciona em pleno"?
Fazem lembrar as prédicas beatas do género "Reconfortante sabê-lo minimizado pelos pastores dos povos a haver".
Mas assumidamente mais treteiras
Políticas patrióticas e de esquerda?
Mas que azia a desse pobre coitado. Estas palavras encaganitam-no. O seu assumido patrioteirismo de outrora volteando em torno do saque colonial converteu-se num vulgar vende-pátrias a aprender alemão.
E sente-se inquieto
A palavra "esquerda" essa ao contrário sempre o atormentou. Vem de longe desde os tempos em que acenava com a cabeça e dizia que Salazar é que tinha razão.
Mas isso são outros contos, porque deste tipo de palavreado estamos todos fartos. Foi-nos impingido por aquele génio, de nome Passos Coelho, até à exaustão. Com termos mais bem grosseiros e caceteiros é um facto, mas aquilo eram tempos outros, em que se pensava que a revanche salazarenta tinha vindo para ficar
A centralidade crescente do turismo na economia portuguesa - ocupando o vazio gerado pelo processo de desindustrialização que teve início há várias décadas - é indissociável da forma como foram encaradas pelos sucessivos governos de Portugal a aposta na "Europa" e a participação no "pelotão da frente" do euro. Graças sobretudo ao recente "boom" turístico, os muitos milhares de postos de trabalho criados contribuíram para tornar mais apresentáveis os números oficiais referentes ao emprego em Portugal. Convém também lembrar um consumo privado que cresceu com a melhoria das expectativas de rendimento das famílias portuguesas, mesmo quando a melhoria dos próprios rendimentos foi bastante modesta.
António Costa diz que a sua prioridade para 2018 é "Não apenas mais, mas sobretudo melhor emprego
(...). Emprego digno, salário justo, oportunidade de realização profissional são condições essenciais para os jovens perspetivarem o seu futuro aqui connosco, em Portugal."
Na proxima 3ª feira, António Costa e o ministro Vieira da Silva estarão presentes nas "Jornadas AHRESP - A Evolução do Mercado de Trabalho", organizadas pela Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (http://www.ahresp.com/pages.php?id=320). Esta associação estima que haverá falta de pessoal em cerca de metade das empresas da restauração e avisou já que a situação está a travar novos investimentos. Faltam empregados de mesa, empregados de bar, copeiros, ajudantes de cozinha, empregados de quarto; a restauração e bebidas e o alojamento turístico precisam de cerca de 40 mil novos trabalhadores, a somar aos cerca de 53 mil empregos criados entre o terceiro trimestre de 2016 e o mesmo trimestre de 2017.
A. Correia
No meu comentário de ontem, às 20:33, referi as preocupações da Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP): "faltam empregados de mesa, empregados de bar, copeiros, ajudantes de cozinha, empregados de quarto"; "a restauração e bebidas e o alojamento turístico precisam de cerca de 40 mil novos trabalhadores, a somar aos cerca de 53 mil empregos criados entre o terceiro trimestre de 2016 e o mesmo trimestre de 2017."
A propósito, lembro agora o que Angela Merkel disse sobre o número de licenciados em Portugal há pouco mais de três anos, numa altura em que apenas 17.6 % da população portuguesa, entre os 15 e os 64 anos, tinha completado estudos superiores (bem abaixo dos 25.3 % em que a média da União Europeia se situava):
http://www.cmjornal.pt/mundo/detalhe/merkel_diz_que_portugal_tem_demasiados_licenciados
A. Correia
Esse exercício de memória é um dever cívico caro A.Correia
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